Li algures que “trazem de volta a música de intervenção, de raízes tradicionais e ritmos africanos e cheias de humor”.
A descrição não me diz nada mas já a música vencedora do Festival da Canção ,em que parece que o POVO (de esquerda) votou com ardor e valentia, me deixou estarrecida.
E mais estarrecida fiquei quando dei conta que andam por aí a elevar o Jel (julgo ser o nome do líder) à categoria de cantor de protesto, confirmando assim as piores previsões de João Lisboa que bem disse não ser improvável que, empolgada pelo efeito-Deolinda, uma nova vaga de politólogos, sociólogos, hermeneutas, historiadores, exegetas, psicólogos e outros Professores Karamba, se [lançasse], avidamente, sobre o crucial acontecimento político-cultural que foi a vitória dos Homens da Luta na relíquia televisiva anual conhecida como Festival RTP da Canção.
Pensava eu que o tempo do Festival da Canção acabara com a televisão a cores. Afinal, voltou com os “Homens da Luta”.
Dizem eles que a sua “ideologia é a luta pela luta" e que querem “o povo na rua a gritar".
Pior do que isto só a Ermelinda Duarte a cantar Somos Livres, vulgo “Uma gaivota voava/voava...”.
Ou o Daniel Oliveira a garantir que eles são a prova que temos hoje mais sentido de humor.
Ou o Daniel Oliveira a garantir que eles são a prova que temos hoje mais sentido de humor.
Tragam-me uma caixa de Kleenex.
14 comentários:
Mas lá que foi muito engraçado, lá isso foi, o regabofe pós-anúncio do(s) vencedor(es).
Já diz o POVO que a maior alegria do Palhaço é ver o circo a arder.
Ora nem mais!
Um fartote.
Calorosos cumprimentos a toda a equipa.
Luís Afonso
Eles já andam aí há uns anos e com algumas intervenções bem conseguidas.
Confesso um certo fascínio pelas postas da ACL. Creio que será aquela mesma força que nos obriga a olhar para o acidente. É horrível, mas...
nunca imaginei ter de dizer isto a propósito de tamanho não assunto, mas é bom ler alguém que consegue dizer "o Rei vai nú".
Por mim, Ana, estou como o nosso comentador Rui (cf. supra). Acrescento que é necessário todo o teu talento para fazeres de tal não-assunto um caso exemplar, mantendo - é aí que está a arte que te invejo - o não-assunto nas devidas proporções.
Que a geração jovem, como diz o título mítico do Vaneigem, está à rasca, é indubitável. Outras há que o não estarão menos, sobretudo se não reduzirmos a existência social à classe média (para-)diplomada. Mas não se deduz daqui que devamos louvar coisas insignificantes, como quem diz: não faz mal, para eles, coitadinhos, já é muito bom.
Vamos lá, malta: toca a nivelar por alto, como convém a democratas.
miguel (sp)
Pior cego que o que não quer ver é aquele com baias num olhar intelectualmente deformado. ACL, pelos vistos desatenta destas coisas "menores", não conhecia esta gente. Podia-se dar ao incómodo de tentar conhecer - por exemplo, na entrevista à SIC de um dos seus elementos, disponível online - mas em vez disso prefere agarrar-se aos kleenex. Pode-se não gostar do estilo, do género, do tom, da letra, da harmonia, da melodia, mas não ver o que isto significa é de uma perigosa cegueira intelectual.
Anónimo das 23:24
1. De facto, o festival da canção não é uma das minhas prioridades;
2. ouvir a canção bastou-me - não me obrigue ainda a ouvi-los teorizar sobre a coisa
3. deixo a análise do significado para intelectuais certificados
MSP:
Vá dar uma volta ao bilhar grande, para utilizar uma expressão sua. Já só joga bilhar de bolso? Leva ao colo o Niet e a ACL? Força, use vaselina e não se arme em Althusser
Quanto ao resto alegre-se por ter os da luta na eurovisão. É finalmente a vitória que a esquerda que representa pode ter.
Avanti!
Ass. Cerveira
Eu percebo a ACL. Se em vez dos HOMENS DA LUTA fosse o TINO DE RANS, outro galo cantaria.
Cerveira,
vamos lá ver se V. percebe: a cantiga não tem mal nenhum e até mereceria indulgência no fim de um jantar de aniversário, improvisada pelos pré-adolescentes do evento, com o logotipo da Coca-Cola ou as palavras Que Parva Que Eu Sou na t-shirt.
Mas V. e os que a celebram como uma vitória de uma nova tendência da música popular ou de uma inovadora tomada de consciência revolucionária são confrangedores de paternalismo e curteza de vistas. Tão confrangedores que, emendando a mão, lhe aconselho e aos seus companheiros de peregrinação ao santuário, não uma volta ao bilhar grande, mas duas ou uma e meia ao bilhar pequeno.
Com as mais atentas saudações consternadas
msp
Um pouco triste é passados tantos anos não se conhecer os Homens da Luta. Não se trata de nada novo. As pessoas que neles votaram são as mesmas que neles votaram na pré-selecção de musicas, que ficaram tristes com a desqualificação do ano passado. São as mesmas pessoas que muitas vezes foram obrigadas a olhar para o seu umbigo (com as intervenções do Vai tudo Abaixo, que não são apenas os homens da luta) e a perceber o quanto muito do politicamente correcto é ridículo, muito do que se fala discute é fútil. Pode-se não gostar do estilo, mas como para qualquer coisa na vida quando se diz que não se gosta é importante conhecer. E quem só conhece este ultimo episódio não conhece de todo. São para mim os autores dos melhores momentos de humor na nossa tv em muitos e muitos e muitos anos. (quem conhece vai perceber: como não gostar do cão Salazar?)
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As caixas de comentários e o anonimato são uma das coisas que mais me divertem nos blogues. Os administradores deste entraram agora na censura. No problem! Aqui a malta não é 5 Dias por semana, é Vias de Facto todos os dias. Tocando a nivelar por alto e sabendo já que por aqui as pulsões autoritárias andam à solta, vou ouvir o Falâncio, que sempre tem mais piada. Passem bem e continuem a pensar que o mundo é injusto e cruel. Vocês não são da idade dos Deolindos e o pouco poder que tiveram esfumou-se.
O MSP, com a pinta de padreca que tem, ainda pode acabar na Companhia de Jesus.
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