06/03/11

A pluma fastidiosa

O Expresso desta semana inclui, além de capas fascinadas por glândulas mamárias, algumas homenagens à vacuidade convencida em forma de gente: Clara Ferreira Alves. Acrescendo à habitual coluna, em que a artista da pluma corajosamente chama bandido e mafioso a Berlusconi – aguarda-se agora que forneça tratamento similar ao nosso gangsterzeco doméstico – ela ainda tem direito a uma looooooonga entrevista a António Costa e ao prefácio da bibliografia de Pessoa apensa ao jornal como brinde (presume-se que para recompensar os que tiverem a pachorra de ler a entrevista).
Na primeira, observamos dois grandes vultos tuteando-se com carinho e trocando perguntitas de algibeira por platitudes. O problema é que ninguém sabe ao certo porque serão eles grandes vultos; duas autonomeadas esperanças, da Política e da Literatura, sem obra que se lobrigue nem méritos à mostra, sempre adiando para o próximo livro, para a sinecura seguinte, o desabrochar pleno dos seus incontáveis talentos.
Na capa da biografia ofertada, o nome da prefaciadora conseguiu até expulsar o autor do opúsculo: Gaspar Simões fugiu de tal companhia e refugiou-se na contracapa. A Pluma, com a sua modéstia costumeira, trata depois de nos explicar a rarefacção da troposfera intelectual onde as suas exegeses voam (ou mergulham, ou lá o que é): «Pessoa é para os portugueses como o mar. (bláblá) Perigoso para mergulhadores inexperientes e cientistas zelosos.» Estão a ver como isto de escrever prefácios armados em carapau de corrida não é para todos?
Para a semana, bem que podem voltar a encher a coisa de mamas. Não voltam a apanhar os meus ricos três euricos.

3 comentários:

C. Vidal disse...

Por causa da Pluma (já é um mérito), nem os nomes Gaspar Simões, mem o do tipo da "Mensagem" conseguiram que o livreco ficasse cá em casa mais do que um minuto: lixo imediato.

maria disse...

bem , não gosto nada dessa senhora. aliás , no eixo do mal só se aproveita o rapaz do inimigo. ( que saudades do júdice? morreu?) mas também acho o Pessoa um cromo. qualquer um que seja obrigado a estudar o pastel do pessoa fica a detestar literatura. felizmente nunca tive de o gramar antes de o meu gosto estar formado. mentes doentes , penso , não devem dar grande pica antes da malta conseguir distinguir doentio de saudável e passar à grande do primeiro.

Justiniano disse...

Excelente, Rainha!!
Eles que se louvem nas mamas porque com tal cátedra lá se perderão no chinelo!!