28/03/11

Se não sabe por que é que pergunta?

Dei-me ao trabalho de ler, com estes que a Terra há-de comer que eu cá não vou em cremações, que se visava assegurar uma trajectória descendente do rácio de dívida pública no PIB a partir de 2013, assim como a redução do défice de 4,6% do PIB em 2011, 3% em 2012 e 2% em 2013, e que para assegurar o ajustamento orçamental estaria em curso uma implementação de medidas de consolidação orçamental para 2011 – ajustamento estrutural do défice em 5,3% do PIB – que implicariam um reforço dos mecanismos de monitorização e controlo intra-anual da execução orçamental, assim como um reforço das medidas de consolidação adoptadas como precaução adicional face aos riscos resultantes da volatilidade do contexto financeiro e económico e que, para assegurar tal ajustamento, o esforço de consolidação e monitorização em curso, agora complementado com medidas adicionais em 2011, conferia uma margem de segurança adicional para o alcance da meta de 4,6% do PIB para o défice em 2011 e contribuia para o ajustamento da trajectória orçamental em 2012 e 2013, o qual teria de ser complementado por medidas nos anos seguintes, atenta a exigência das metas assumidas.

Tais gloriosas e singulares cousas – como diria Camões – só antes as lera no Campanha Alegre do Eça naquela cena em que, interrogado sobre as suas ideias em matéria de religião, o Partido Reformista respondia:
– Economias! (...).
Espanto geral.
– Bem! e em moral?
– Economias! – bradou.
– Viva! e em educação?
– Economias! – roncou.
– Safa! e nas questões de trabalho?
– Economias! – mugiu.
– Apre! e em questões de jurisprudência?
– Economias! – rugiu.
– Santo Deus! e em questões de literatura, de arte?
– Economias! – uivou.
(...) Fizeram-se novas experiências. Perguntaram-lhe:
– Que horas são?
– Economias! – rouquejou.
(...) Fez-se uma nova tentativa, mais doce.
– De quem gosta mais, do papá, ou da mamã?
– Economias! (...)

Muito mais tarde o Coluche diria o mesmo, embora de forma diversa e em francês: Technocrates, c'est les mecs que, quand tu leur poses une question, une fois qu'ils ont fini de répondre, tu comprends plus la question que t'as posée.

1 comentários:

tempus fugit à pressa disse...

quem gasta o que não tem

no natal ganha economistas de presente

e com azar ganha escudos que compram fome

e com sorte cêntimos que só dão para leite e pão