Andam quase sempre de mão dada, como bem topou o Jorge de Sena já lá vão, portanto, uns aninhos.
Mais recentemente, o episódio Leopoldina protagonizado por Miguel Sousa Tavares comprova bem o quanto as moscas mudaram mas a merda nem por isso.
Para manter a lista actualizada, temos agora a intrépida Helena Matos a vociferar contra “Os filhos de Boaventura e @ gauche-caus@-modalisboa-lux” (título que, como a própria diria, é todo um programa).
O texto começa assim: Doutores em sociologia e relações internacionais, que tiveram bolsas de mestrado, bolsa de doutoramento, manifestam-se agora porque querem um contrato de trabalho que respeite as suas qualificações.
Se não fosse Helena... Helena, eu diria: é de homem!
Porque se também eu me espantei com a formação académica de um dos organizadores do protesto “Geração à Rasca” (licenciado em Relações Internacionais com mestrado em Estudos sobre Paz e Conflitos em África...), nunca por nunca ousaria enfrentar com tanta coragem e músculo as hordas de sociólogos que ontem saíram à rua.
Já agora, e sem querer entrar na polémica (deus me livre de polémicas!) sobre as “duas culturas” (Letras versus Ciências), perguntava, dado o patente desprezo de Helena pela sociologia e/ou relações internacionais (está mais do que no seu direito...): a senhora é formada em quê?
Engenharia aeroespacial? Econometria? Nanociência? Ou, quiçá, em "Medicina Quântica"?
Engenharia aeroespacial? Econometria? Nanociência? Ou, quiçá, em "Medicina Quântica"?
7 comentários:
Caríssima,
Com os ex-maoistas não há nada a fazer. Contam-se pelos dedos das mãos os que são apresentáveis. Só me lembro do casal Badiou e Leonardo.
Nuno,
Atenção que o Badiou nunca se apresentou como EX-maoista.
CV
Ia dizer que a Helena Matos é um tigre de papel mas depois, pensando melhor, discordo do post.
A Helena Matos é estupida porque diz coisas estupidas. Ela ser, ou deixar de ser, analfabeta não acrescenta nem tira nada à coisa.
Alias, o que ela diz é particularmente estupido em grande parte porque aceita o postulado de base (equivalência entre diploma e emprego) que ela critica em seguida (apenas para aqueles que ela considera serem diplomas de segunda).
Agora o argumento "não és doutora, como é que te atreves", para mim é nulo e contraproducente.
Da mesma forma que, tenho pena, mas eu nunca utilizarei o argumento do falso diploma contra o Socrates. Acho estupido. Provinciano, até...
Quanto a mim, devemos estar particularmente atentos a esta questão nos dias que correm.
Com efeito, o protesto dos precarios é completamente justificado enquanto critica a negação do direito DO trabalho aos jovens, tradicional na nossa sociedade (e não conjuntural, contrariamente ao que se diz por ai) como forma de imposto de acesso ao tacho e de rito de admissão praxista nos circulos do compadrio.
Ja é muitissimo mais discutivel, quanto a mim (e não so quanto a mim) se se tratar de um protesto contra o direito AO trabalho dos estudantes (ou seja contra a "falta de saida profissional" da universidade). Nesse caso, para além de mal dirigido (o que é que as entidades patronais ou o estado da economia poderiam ter a ver com isso, e admitindo que o tivessem, porque se havia de corrigir esses ultimos e não a universidade ?), assenta num contrasenso sobre o que é a universidade e para que deve servir.
Eu bem sei que vocês vão ja desatar aos berros.
Mas é por isso mesmo que comento. Palmadas nos costas e aplausos é o que por ai mais abunda.
O Vias pode aguentar um debate !
O N.R. de Almeida tem toda a razão: Alain Badiou- que fundou em 1985 com Sylvain Lazarus e Natacha Michel um grupúsculo político- O.P.: A Organização Política(sic)-retrata-o como " postleninista e postmaoista". Também Mehdi Belhaj Kacem- um dos mais visiveis dos epígonos de A. Badiou- se atreveu a escrever- in L´Esprit du Nihilisme...- que " Hegel não é senão um parentêsis, grandioso, mas só um, entre Kant e Badiou ". E não nos esqueçamos que ele, A. Badiou, construiu um "Petit Panthéon portatif", Éditions La Fabrique.France, onde se esforça por " recuperar " os pensadores anti-dialécticos por excelência- Deleuze-Foucault e Lyotard...Niet
João Viegas, lamento contrariá-lo mas nunca o utilizei o argumento "não és doutora, como é que te atreves". Nem poderia, porque talvez HM até seja doutora, não faço a mais pequena ideia (nem me interessa).
O post é sobre a relação directa já topada há muito pelo Sena entre suficiência e incultura, seja qual for o grau académico.
No caso de HM, a coisa só tem mais graça porque, como comentava alguém lá no meu outro tasco, e cito
"já ontem me tinha ocorrido pergunta semelhante ao ler a sua crónica no Público sobre estes arrivistas jovens (bom, não foi bem esse o nome que lhes deu) que querem comer à mesa do Estado: quanto do dinheiro que a Helena Matos ganha vem do Estado? Por exemplo, quem lhe paga os trabalhos de consultoria e pesquisa histórica para a RTP?"
Dito isto, não me vou pôr certamente aos berros embora seja verdade que, em princípio, admiro malta formada em astrofísica.
OK, então fui eu que não percebi (se calhar por causa do link, que no meu computador da para o curriculum da HM).
A suficiência, que é a propria incultura, é deveras o problema. Mas como ela assume entre nos, ou pelo menos assumiu tantas vezes, a forma particular da doutorite sorbonagro-reverente, toda a cautela é pouca nessa matéria.
A meu ver, o primeiro cuidado dos precarios deve ser, e continuar a ser, esse mesmo.
Até no proposito de combater a eficacia relativa de argumentos que astutamente criticam os precarios por, alegadamente, acharem que têm titulos (e você sabe que a mensagem implicita, e mesmo explicita, no texto da Matos é precisamente esta).
Dito isto, adoro enganar-me quando são vocês que têm razão.
Boas
PS : E agora mesmo dou pela razão do meu erro. E' que julguei estar a continuar o debate do outro post (sobre a mãe de todos os vicios)...
João, a graça desse link é que remete para uma conferência qq organizada pelo Instituto Português de Relações Internacionais...
Relações Internacionais?!!! Ó god! Então a moça ainda cospe em quem lhe dá de comer?
E sim, mantenho que o conhecimento não é tudo mas ajuda muito...
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