O Público titula Votos do “povo” dão vitória aos Homens da Luta no Festival RTP da Canção, legenda uma fotografia dizendo que os Homens da Luta vão à Alemanha cantar "contra a reacção", após o que, desenvolve ainda:
Os Homens da Luta vão a Düsseldorf, na Alemanha, cantar “contra a reacção”. O “povo” que assistiu de casa ao Festival RTP da Canção escolheu Luta é alegria para representar Portugal na primeira semifinal do Festival da Eurovisão, a 10 de Maio. Os votos por telefone contrariaram o júri e quem estava no Teatro Camões.
(…)
Os Homens da Luta foram os preferidos de 26 por cento dos votantes por telefone, muito à frente de Rui Andrade, o segundo mais votado, que obteve 12 por cento. “Quero agradecer a todo o povo que votou em nós, pá. Gastou 60 cêntimos mais IVA para dar a taça aos Homens da Luta. Camaradas! A taça é do povo, pá”, atirou Jel, antes da actuação que fechou a emissão, contra as vaias da plateia.
Quem confunde estes votos telefónicos ou outros tipos de sondagem com a deliberação e a decisão democráticas está, saiba-o ou não, a usar os Homens da Luta (que, por eles, não combatem seja o que for a não ser o seu próprio bom nome) para combater os processos de formação da opinião e de votação característicos da democracia e qualquer via verosímil de devolução do poder político à participação igualitária dos cidadãos.
08/03/11
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4 comentários:
Credo!!!
Xii... Miguel Serras Pereira, que exagero. Tanto quanto tenho visto e lido ninguém confunde nada dessas coisas. Não há aliás nada a confundir: se para qualquer acção de combate ao regime, ou qualquer iniciativa cultural de contestação ou tomada de posições políticas ou para-políticas, se tivesse de fazer um referendo estávamos bem arranjados.
Os Homens da Luta, além do feito quase impensável há uma semana de ressuscitarem um programa de TV cadáver, puseram as pessoas (mais pessoas) a falar de política. Contra ou a favor (se calhar nem é isso o mais importante), ajudaram a que mais gente participasse no grande debate sobre o nosso destino comum. Nisso, à sua maneira e eventualmente por um feliz equívoco da entidade organizadora do concurso, ampliaram o debate democrático. Mesmo que o projecto HdL morra já ao virar da próxima esquina ou o tempo faça revelar as suas contradições políticas, a sua contribuição, para já e nesta altura, foi assinalável.
Caro LAM,
talvez tenha razão -pelo menos em parte.
Mas, se eu exagerei, outros exageraram ainda mais no sentido oposto.
Repito, pesando as palavras, o que disse ontem num comentário:
"Que a geração jovem, como diz o título mítico do Vaneigem, está à rasca, é indubitável. Outras há que o não estarão menos, sobretudo se não reduzirmos a existência social à classe média (para-)diplomada. Mas não se deduz daqui que devamos louvar coisas insignificantes, como quem diz: não faz mal, para eles, coitadinhos, já é muito bom.
Vamos lá, malta: toca a nivelar por alto, como convém a democratas".
Mas é sempre estimulante discutir consigo.
Um abraço
msp
Este idiota e a democracia!
an ónimo
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