11/05/11

O dilema da esquerda europeista

Perante a impossibilidade de, a curto prazo, atingir os seus objectivos minimos (i.e., a criação de uma politica económica e social comum a sério, decidida de forma razoavelmente democrática) qual deve ser o mal menor - a UE tal como ela existe, ou defender a saída do euro?

Ou pondo a questão de uma maneira mais concreta, imagine-se três hipoteses (não estou a contar, para já, com a "República Federativa dos Conselhos Operários Europeu"):

A - moeda única com um orçamento comum
B - moeda única sem um orçamento comum (basicamente, a situação actual)
C - fim da moeda única e regresso às moedas nacionais

Muitos economistas defendem que só as opções A e C são viáveis a prazo (é mais ou menos o que Paul Krugman defende aqui); o que é que alguem que defenda a opção A deverá preferir, a B ou a C?

Argumento a favor da opção C - resolve o problema de ter uma moeda única sem uma politica económica comum; argumento a favor da opção B - é mais fácil a trasnição futura para a A a partir da B do que da C.

Esta questão não é académica - a saída do euro (e provavelmente também da UE) em breve será o principal tema de discussão politica neste subcontinente.

8 comentários:

Anónimo disse...

Eu não sou formado em economia e por isso faço a seguinte pergunta:
- se parte do problema é provocado por ataques especulativos ás dívidas soberanas dos países da UE porque não, mantendo a hipótese B, a UE avançar já (e unilateralmente, independentemente de disponibilidade para tal dos EUA) para uma regulação dos mercados financeiros, introduzindo uma taxa tobin ou semelhante, em que parte do dinheiro assim recebido servi-se como fonte para estabilizar as economias dos países da UE;
- permitir que cada país estabeleça uma taxa de juro que lhe seja favorável e ajuda na recuperação da sua própria economia;
- flexibilizar os empréstimos concedidos permitindo que cada país regule macroeconomicamente as políticas que quiser adoptar, sem nenhum dogma monetarista associado ao empréstimo.

Miguel Madeira disse...

"permitir que cada país estabeleça uma taxa de juro que lhe seja favorável e ajuda na recuperação da sua própria economia"

Imagino que se esteja a referir à taxa de juro que os paises pagam pela "ajuda""?

Fernando disse...

"permitir que cada país estabeleça uma taxa de juro que lhe seja favorável e ajuda na recuperação da sua própria economia"

porreiro pá, vamos pedir muito $ e decidimos que o que nos é favorável é pagar apenas 1%. O próximo passo é ligar as impressoras?

Anónimo disse...

Estava a pensar mais noutra taxa de juro, a que actualmente se encontra a 1,75 % e 0,25%, e que é decidida pelo BCE. Isto é, não é possível, mantendo a mesma moeda única, que cada país desse mesmo espaço monetário tivesse uma taxa decidida por si?
Desculpe a ignorância, mas a emissão de uma moeda única é indissociável de uma taxa de juro única para toda a zona euro?

Wegie disse...

O anónimo vai aprender qq de economia nem que seja no Novas Oportunidades.

Miguel Madeira disse...

"Isto é, não é possível, mantendo a mesma moeda única, que cada país desse mesmo espaço monetário tivesse uma taxa decidida por si?"

Bem, o BCE poderia emprestar a uma taxa aos bancos portugueses e outra aos bancos franceses, mas o resultado disso iria ser investidores irem pedir empréstimos nos paises com juros baixos e investi-los nos paises com juros altos, até se chegar a um ponto em que o juro do mercado fosse similar.

Pondo as coisas de outra maneira - se a taxa de juro em Portugal fosse muito mais baixo que em França, um francês (um imigrante?) poderia simplesmente ir pedir um empréstimo a um banco português para comprar uma casa em França.

Isso só seria viável se se limitasse a circulação de capitais de um país para outro, mas na prática isso era a mesma coisa que deixar de ter uma moeda única.

Anónimo disse...

Miguel Madeira,

Obrigado pela resposta à minha pergunta, mas assim sendo diga-me, se fosse uma saída temporária da zona euro manter-se-iam os critérios de convergência nominal que vigoraram a partir do tratado de Maastricht?
Caso contrário, o que espera de um putativo abandono do euro (mesmo que temporário) não implica uma viragem de tal forma grande nas políticas económicas europeias que muito dificilmente será concretizável?

Anónimo disse...

E a criação de um euro forte e um euro fraco, está fora de questão?