06/07/15

A demissão de Varoufakis e o caráter anti-democráticos da etiqueta diplomática

Aparentemente Varoufakis terá se demitido por não ser bem visto nas reuniões do Eurogrupo.

Pelas notícias que foram surgindo nos últimos meses, parece que muito do problema tinha a ver com o seu hábito de divulgar em público o que era discutudo nas reuniões, as posições que casa país assumia, etc. Isso efetivamente pode ser visto como uma rutura da etiqueta diplomática, em que é suposto não se saber do decorrer das negociações até à decisão final (até para não se saber que cedências cada parte fez e assim niguém "perder a face" e aparecer publicamente como derrotado); mas essa regra diplomática acaba por ter implicações anti-democráticas: afinal, se só é suposto os eleitorados de cada país tomarem conhecimento da proposta "de consenso" em que no fim todos concordaram, como é que podem punir ou premiar os respetivos governos pelas posições que estes assumiram nas negociações (se nem sequer as conhecem)?

Já agora, parece-me que isto tem uma vaga semelhança com aquelas organziações que se orgulham de ter um coletivo muito unido e em que, para as divisões entre os dirigentes não aparecerem em público, todas as grandes decisões acabem por ser tomadas em reuniões semi-secretas, em vez de irem aos associados para serem discutidas.

Ver também: Sobre o consenso como forma de decisão

1 comentários:

João Vasco disse...

Mais do que alguém contar o que é que aconteceu nessas reuniões, elas deviam ser televisionadas.