Fala-se muito da nova emigração dos jovens com formação superior.
Que é um aspecto novo da proletarização das ditas «classes médias».
Será que a crise do sistema vai também implicar o fim do país dos Srs.
Doutores ?
O antigo governo socialista tinha iniciado o processo e o governo
actual está a completar o trabalho. Em breve, os únicos verdadeiros doutores
serão os falsos, que o diga o Sócrates e o Relvas. E os diplomas vão ser
comprados no chinês do bairro, enquanto os coitados de capa e batina continuam
a passear nas ruas a imaginar que vivem no século passado…
Mas esta emigração «educada» foi precedida de uma outra, de que se
fala menos, ou com menos indignação, como se ela fosse «natural»: a emigração
dos proletários que procuram sobrevivência na Europa, mais ao norte. Emigração
que finalmente anunciava a emigração dos doutores. Só que ninguém prestou atenção…
Tal como a capa e a batina já não asseguram a condição de Doutor, a
emigração já não garante saída da miséria. As soluções de ontem já não o são
hoje. E estes proletários caem em situações de terrível exploração, de quase
escravatura.
Um recente programa da rádio francesa France Culture, abordou bem o assunto. Prova de que nem todos os
jornalistas são cínicos, insensíveis ou analfabetos. Vale a pena ouvir. Está em
francês, evidentemente, mas há umas curtas passagens em português. É um sopro
de luta de homens, portugueses, polacos, eslovacos, que não se resignam e que se
revoltam contra a sorte que lhes é imposta. Uma nota de solidariedade
internacionalista.
Aqui fica a referência e o texto de apresentação.
Ouvriers low-cost mercredi 20 février 2013 13:5 0 durée : 00:27:39 -
LES PIEDS SUR TERRE - par: kronlund sonia, Inès Léraud - Une tournée de
chantiers avec Laurent, fils d’émigrés portugais, ancien plombier, délégué
syndical d'Auvergne, qui enquête sur l'exploitation des salariés venus de
l'étranger via des agences d'interim, et payés de manière illégale 500 ou 600
euros par mois (la moitié du salaire minimum en France). Sur les chantiers
français, ils seraient 300 000 dans ce cas, selon le ministère de l'intérieur.
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