Não se trata aqui de defender uma guerra entre o norte e o sul. Trata-se de defender a luta dos trabalhadores do sul pela defesa da sua soberania económica e política. Os destinos dos que trabalham no Alentejo e na Margem Sul devem ser determinados por eles próprios. Não devem ser determinados pela burguesia alentejana e muito menos pela portuense. Também os destinos dos que trabalham nos Açores ou em Trás-os-Montes devem ser determinados por eles próprios. Senão for assim continuaremos a ser colonizados por uma estrutura que tem sido o eixo central da desgraça que nos acompanha há séculos.
Há gente que diz: pois, bem, então, que se juntem os povos e que tomem o poder em Portugal. Esta é a perspectiva clássica dos que acham que enquanto não estivermos todos em condições de fazer a revolução e de conquistar o socialismo devemos esperar. Ou seja, devem esperar por um conjunto de condições que muito dificilmente se darão simultâneamente entre tantos povos com características, histórias, condições objectivas e subjectivas, em cada momento, distintos. Os sábios social-patriotas acham que só quando todos marcharmos juntos é que podemos partir para a revolução, mesmo que alguns já as venham a ter antes de outros e mesmo que esses acabem por perder a oportunidade de pôr fim à miséria porque outros não o puderam fazer.
30/03/13
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5 comentários:
A comparação da diferença entre alentejanos e portuenses com a que haverá ao nível dos países da UE a mim só me sugere uma coisa: que para você os interesses dos holandeses ou dos alemães são tão importantes como os interesses dos alentejanos e dos portuenses - ou seja, os alentejanos e os portuenses bem podem esquecer alguma colaboração sua pelos interesses deles no plano internacional.
Os holandeses ou os alemães todavia já poderão gostar muito se si, afinal não perdem nada consigo e poderão ganhar qualquer coisinha mais.
João.
Grande post, camarada Miguel Madeira.
Abraço
miguel(sp)
Olá Miguel M.,
Não teria qualquer problema em que um qualquer grupo de pessoas, vivendo dentro do território sob alçada do Estado português, pugnasse pela sua separação deste. Se um maioria de pessoas habitando na região em causa assim o quisesse, força! Aliás, o teu post é muito interessante porque tentando "colocar em xeque" as afirmações do Bruno Carvalho, ao sugerir que para manter a coerência também deveria admitir como eventualmente desejável a desagregação do Estado português, acaba por também exigir coerência a quem neste blogue tem defendido ser indesejável qualquer iniciativa de autonomia das pessoas que habitam a "região portuguesa" relativamente à zona euro / UE. Será que também defendem a integridade do Estado português? Que não é desejável a construção de autonomias no seio do território que está sob a sua alçada? Será que isto torna-os nacionalistas e estatistas? Valha-mo o céu!... ;0)
Um abraço,
Pedro
Caro Pedro,
já tentei mostrar que a democratização federalista seria a melhor via para um certo tipo de regionalização que animasse a participação de base. Ao mesmo tempo que seria o melhor meio de defesa e afirmação dos elementos mais válidos (e democraticamentre enriquecedores) das "identidades" (à falta de melhor termo) linguísticas, artísticas, conviviais. Não te parece que a igualdade entre as regiões - e os actuais Estados-nação passariam a ser unidades regionais ou dividir-se-iam em unidades regionais novas - seria garantida mais eficazmente por uma federação europeia democraticamente animada do que pelos actuais poderes centrais de cada Estado?
Abraço
miguel(sp)
Olá Miguel SP,
A resposta à tua última pergunta é: não sei. Não há nenhuma razão de princípio, nem evidência empírica, que leve a crer que uma dada região terá tanta mais autonomia quanto maior (em termos populacionais/geográficos) fôr o Estado (soberano) em que está inserido. Dependerá da natureza desse Estado. Exemplos contrários abundam: URSS vs. Suiça; Brasil vs. Coreia do Norte. De qualquer modo, nunca contestei que a permanência na zona euro/UE não possa ser a melhor opção dum ponto de vista de Esquerda. Mas tal deve-se a razões concretas. Não a um preconceito relativo ao binómio "nacionalismo-federalismo", cuja própria designação é enganadora.
Um abraço,
Pedro
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