18/03/13

25 de Abril: data limite

Está na altura de apertar o cerco. Entramos num período crítico. No seguimento da assumpção do (mais do que esperado) falhanço de todas as previsões macro-económicas que pretensamente serviram de base à elaboração do Orçamento de Estado para 2013, teremos em Abril vários acontecimentos que deixarão este (des)governo extremamente vulnerável à pressão exercida pela multidão na rua. Assistiremos então a mais uma quantificação do descalabro sócio-económico que está em curso, com a divulgação dos números macro-económicos referentes ao primeiro trimestre de 2013, bem como ao chumbo pelo Tribunal Constitucional de algumas das medidas inscritas no Orçamento de Estado para 2013, e à divulgação das medidas austeritárias exigidas pela troika para a libertação da próxima tranche do empréstimo ao Estado português.

Está na altura de amplificar as acções de protesto, em particular o bloqueio das intervenções públicas quer de membros do (des)governo quer do presidente da República. Neste momento, parece-me claro que será mais provável este demitir o (des)governo, que o (des)governo pedir a demissão. No primeiro caso, retira-se o Poder a outro, enquanto que no segundo caso seriam os próprios que abdicam do seu Poder. Nada expectável, quando estamos na presença dum (des)governo composto por uma mistura de gente que julga ter uma missão messiânica em mãos, com outros que estão lá para promover e proteger os negócios dos seus capatazes. Só sairão empurrados. Portanto, aumentar a pressão sobre o presidente da República será a via estrategicamente mais profícua neste momento. Este não quererá entrar para a História como aquele que protegeu um (des)governo incompetente até o Estado se tornar ingovernável e o sistema entrar em colapso.

As comemorações do 25 de Abril serão uma altura-chave neste processo. Possivelmente terão lugar já depois dos vários acontecimentos acima mencionados. A tensão política e social atingirá então níveis nunca vistos. Deve ser deixado desde já claro que, caso o presidente da República não demita este (des)governo até lá, terá de enfrentar directamente a multidão em fúria na rua. Começando pela manhã do dia 25 de Abril, uma quinta-feira, através do cerco do Parlamento enquanto nele decorrem as cerimónias comemorativas com a presença do presidente da República. Depois, ao início da tarde com a habitual manifestação na Avenida da Liberdade, que se pretende a maior de sempre. De seguida, rumo ao Palácio de Belém, que todos os rios nele confluam e exijam perante o pretenso chefe de Estado a deposição deste (des)governo. De outro modo, terá de ser a multidão a auto-constituir-se como Poder soberano, ocupando os espaços simbólicos do Poder de Estado. A estratégia não exige um sucesso imediato. A ocupação permanente do jardins de Belém nos dias subsequentes terá um efeito de desgaste brutal sobre a presidência da República. Relembrando que o 25 de Abril ocorre numa quinta-feira, é perfeitamente plausível um cenário de contestação contínua junto ao palácio de Belém por parte de milhares de pessoas durante vários dias, culminando em mais uma enorme manifestação, convocada para defronte do Palácio de Belém no dia 1 de Maio. Independentemente do que vier a acontecer nesses dias, nada ficará como dantes. Como o Tiago Mota Saraiva e o Rui Bebiano já antes disseram, está na altura de elevar o nível da contestação. Já não bastam manifestações difusas. É doravante essencial ir directo à jugular do Poder político.

 

2 comentários:

Anónimo disse...

Andamos com posts deste calibre a fazer o frete aos amantes do capitalismo de estado.

Libertário disse...

"É doravante essencial ir directo à jugular do Poder político."

Se é essa a aposta deixem o Parlamento em paz, pois no convento de S. Bento ninguém manda nada, nem os da situação, nem os da oposição. Também de pouco serve perder o tempo de fronte do palácio do monarca constitucional. Podem marcar as manifestações para a Embaixada da Alemanha onde está a tal jugular...

Evidentemente que se compreende a importância do simbólico, e do espectáculo, nesta sociedade actual é por isso que as manifestações sempre acabam nas escadarias do convento. É uma forma de penitência.