30/03/13

Ainda sobre a saída do euro

Ainda a respeito desta discussão, convém lembrar uma coisa: uma eventual saída do euro não é uma alternativa à austeridade; é uma diferente maneira de fazer austeridade (aliás, nos países com moeda própria a desvalorização faz parte da receita padrão das intervenções do FMI - veja-se a nossa austeridade de 83-85).

Poderemos discutir se a austeridade-via-desvalorização é melhor ou pior que outras formas de austeridade (e eu consigo pensar tanto em razões para ser melhor, como em razões para ser pior), mas para se ter essa discussão convém assumir abertamente que a ideia de sair do euro e desvalorizar o novo escudo é atingir, por outros meios, os objectivos também propostos por António Borges e Belmiro de Azevedo - baixar os salários (pelo menos em termos nominais).

9 comentários:

Anónimo disse...

Não é verdade. Os objectivos não são a baixa de salários para reforçar a competitividade mas a recuperação de capacidade de decisão económica de acordo com os nossos interesses. Certamente que haveria austeridade mas com objectivos diferentes.

O impasse do euro para Portugal está bem exposto nas vossas posições - para vocês é claro que Portugal não tem saída senão através do federalismo sendo que ao mesmo tempo o poder que Portugal tem para criar esta nova estrutura é nula, é zero.

A vocês só vos falta admitir claramente o que já está à vista nos vossos próprios posts: não há nada que Portugal possa fazer por si dentro do euro tal como ele está agora; e como qualquer mudança dentro do euro não depende em nada de Portugal...você que tire a conclusão.

João.

Libertário disse...

Esta discussão sobre a saída do euro começa a ser monótona, com uma repetição sistemática de argumentos só servindo para mostrar até que ponto esta esquerda, dita comunista, nada aprendeu sobre o mal que o nacionalismo fez aos movimentos sociais revolucionários no século XX. Bastava olhar para os resultados das chamadas luta revolucionária nacionalista em África e na Ásia se não quiser rever o que se passou na URSS e na China.
Aquilo que deveria ser discutido urgentemente, a meu ver, é a estratégia de luta anti-capitalista no contexto das lutas sociais desencadeadas pela actual crise económica.

Embora seja cada vez mais imprevisível a continuidade do euro, uma coisa é certa, toda a luta anti-capitalista é internacionalista ou está condenada ao fracasso e essa luta pouco tem a ver com a moeda que vamos usar amanhã ou no futuro. Também parece evidente que o grande capital e as classes dominantes portuguesas jamais voltarão ao escudo, seja qual for o cenário de futuro...

Anónimo disse...

Internacional quer dizer "entre/relativo a várias nações nações/países". Conviria saber o significado de Internacional antes de utilizá-lo como arma de arremesso político.

Internacional não abule os paises, na verdade confirma-os através da relação em que os coloca uns com os outros. Internacional é a relação entre países. Não há um espaço internacional que não seja feito dos momentos de relação entre países; sem esta relação não há espaço internacional, não há internacionalismo nenhum.


João.

Anónimo disse...

Leia-se "abole" em vez de "abule".

Obrigado.

João.

Libertario disse...

O João Anónimo deveria reler a história da AIT e voltar a cantar a Internacional para entender realmente o que significou para o movimento socialista, nos seus primórdios, o ideal internacionalista.

Fracassou? Fracassou com a Primeira Guerra Mundial, com o socialismo num só país, com as tácticas revolucionárias nacional-comunistas. Mas o objectivo revolucionário do internacionalismo foi claramente definido por esses trabalhadores anti-capitalistas há 150 anos. Sendo mais actual hoje que no século XIX.

O curioso é ver como os trabalhadores, e os partidos comunistas, no século XX se tornaram nacionalistas e a burguesia, e os gestores, é que levaram à prática o internacionalismo...O deles é certo.

Miguel Serras Pereira disse...

Nem mais, Libertário, nem mais.

Abraço

msp

Anónimo disse...

Se na URSS tivesse havido maior consideração pelas diferenças entre os países que compunham o pacto de Varsóvia talvez tivesse sido possível reformar sem derrocada.

É engraçado que se fale de socialismo num só país IGNORANDO COMPLETAMENTE O CHAMADO BLOCO DE LESTE OU PACTO DE VARSÓVIA.

Não sei porque é se admiram tanto com o que é chamado agora internacionalismo burguês: o internacionalismo burguês É O CAPITALISMO.

É o internacionalismo monetário como lhe chama muito bem José Mário Branco.

Claro que quem quiser é livre de preferir a causa capitalista mas não se venha é armar-se em esquerdista.

João.

Miguel Serras Pereira disse...

Ao comentador João,

o que é espantoso é que perante a concentração de forças do "internacionalismo monetário" dos expropriadores haja quem recomende como via de combate revolucionário a divisão e a dispersão de forças e acções de luta.

msp

Anónimo disse...

Dispersão de forças? Você que recusa lutas de esquerda a nível nacional, que recusa a organização de lutas de esquerda a nível nacional, em vários países, num conjunto de países - ou seja, o verdadeiro internacionalismo - vem dizer que eu advogo a dispersão de forças.

Você que não admite que se dê um passo num país sem coordenar com uma estrutura federal que, para cúmulo do ridículo, desculpe que lhe diga, NEM SEQUER EXISTE, vem dizer que eu é que defendo a dispersão de forças.

A sua posição tem um e apenas um fundamento intelectual: que você sabe ler e escrever e portanto sabe colocar palavras à frente umas das outras e construir frases, parágrafos e textos.

João.