Pelos vistos, para Tiago Mota Saraiva e para Vítor Dias (citado por TMS), ser-se estalinista nas ideias e nos métodos, não sendo louvável, é um pecado venial, um simples "tique", compatível com a militância comunista e com a participação na vida e nas responsabilidades do PCP. Mas já criticar a estratégia que aposta na implosão da UE e na ruptura da Zona Euro, considerando-a nacionalista e autoritária, e assinalando os perigos que acarreta e a continuação do austeritarismo por outros meios que implica, é uma posição que torna quem a assume infrequentável, inaceitável como interlocutor, inimigo público ou traidor a queimar em efígie como aviso e exemplo. Como explica TMS, enquanto o raciocínio de VD aponta a mesma conclusão como inevitável, são o federalismo e a crítica da estratégia do PCP perante a Europa e a moeda única que fazem com que o João Valente Aguiar tenha "traído os seus ideais e valores de esquerda" — que são, evidentemente, os do PCP — trocando-os, horror dos horrores, pela exigência de democracia como condição necessária de qualquer anticapitalismo consequente.
31/03/13
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21 comentários:
Devem existir sondagens a conferir ao p"c"p uma hegemonia eleitoral,burocrática e de indole gestionária capitalista, a nivel autarquico,pelo menos... Dai, as fanfarronadas. Sempre gostei da ética prática de TMS, da sua clara e insofismável indole democrática de base.Não percebo a sua actual e famigerada cegueira. E,como sublinha Castoriadis, a questão do " que é que hei-de realizar " é uma questão eminentemente política; mais, frisa, " e, torna-se insignificante, se colocar de fora o que devo fazer quanto às condições e as normas de o realizar, portanto, em relação às instituições,(...)querendo transformá-las". Ora,desde os anos 40, que o p"c"p é um partido reformista que aposta na salvação do sistema capitalista através de um receituário mascarado em " capitalismo " de estado. Salut! Niet
O problema do PCP, e dos seus militantes, não é ser "estalinista", esse fenómeno muito particular desapareceu nos anos 50.
Acontece que o PCP mantém uma estrutura, e uma ideologia, marcada pelo autoritarismo, pela arrogância e pela certeza e tudo isso é uma consequência do seu marxismo-leninismo. A ideia que existe um "socialismo científico", inventada por Marx, conjugada com a estratégia leninista da tomada do poder, apesar dos seus fracassos históricos, deu a esses "comunistas" a base para uma fé inabalável quase religiosa.
Sim, David da Bernarda. Eu usei "estalinismo" porque foi esse o termo utilizado por TMS e VD. Mas o fenómeno vai muito para lá da canonização ou silenciamento do nome de Estaline. Ainda que hoje as invocações do velho carniceiro ressurjam com notável entusiasmo entre gente da área do PCP. O JVA também já o assinalou aqui ou ali, mais do que uma vez. Quanto à caracterização dos partidos como o PCP, concordo com a do comentário - mas acrescentaria que a estratégia e a ideologia leninistas são a estratégia e a ideologia que convém à vanguarda dirigente que visa a implantação de um novo regime classista, assenta na expropriação reforçada (política, "económica" e social) da grande maioria governada.
Saudações libertárias
msp
Libertários...?
Quais são as influências maiores do pensamento libertário? Uma delas é Ayn Rand, uma das grandes vozes do radicalismo capitalista.
Eu não entendia bem de onde é que vocês vinham, agora já sei: vocês vêm da direita radical.
João.
Caro João,
se estiver a ler um livro de receitas em inglês e lá disserem para usar "rosemary", é para pôr alecrim, não rosmaninho.
Da mesma forma, "libertarian" em american english é o equivalente a "liberal" em português, não a "libertário".
http://ventosueste.blogspot.pt/2007/05/liberais-e-libertrios.html
Em 'american english' liberal é liberal - por exemplo, 'the liberal media' como dizem os conservadores e não 'the libertarian media'.
Você poderá falar de libertários de esquerda, enfim, os anarquistas, mas não sei como é que você conjuga o anarquismo com o federalismo.
Nos EUA, no entanto, os políticos libertários alguns dos quais pertencem ao tea party, não são contra a Federação embora sejam a favor de maior independência dos Estados em relação a Washington e ainda claramente a favor do capitalismo o mais desregulado possível.
João.
O João Anónimo além do mais está precisando de dedicar algum tempo à sua cultura geral nestes assuntos da história do socialismo e da teoria política...
Não sabe que o conceito "libertário" foi uma criação dos anarquistas do século XIX, numa fase de violenta repressão e para ser usado como sinónimo de anarquista. Que os americanos passem a usar o "libertário" como sinónimo de "liberalismo radical" , algo que poderíamos traduzir por "libertaristas", nada nos diz do pensamento, e prática, anti-capitalista e comunista dos libertários que se inserem na tradição anarquista.
Como sabe essa confusão linguística também existiu noutros meios: Estaline e Pol Pot, além dos dirigentes chineses, diziam-se "comunistas".
Bom, o João pode ir às enciclopédias, histórias do movimento operário, histórias do anarquismo ou até usar a Internet, pois aparentemente sabe ler e escrever. De forma tranquila, com algum tempo, irá distinguir Ayn Rand de Bakunin, Kropotkin e Malatatesta...
João,
nós aqui somos tão libertários do Tea Party como os seus camaradas chineses são marxistas...
Vocês são tão anti-comunistas como o Tea Party.
João.
João,
você até agora só argumentou na base do que diz que disse e de princípios muito genéricos. Agora sai-se com esta... O que é para si o comunismo? Espantoso como você equipara o comunismo a uma organização e não a uma prática ou a uma nova sociedade... Se num post aí abaixo falei no facto de eu ser praticamente a única pessoa abaixo dos 40 anos a escrever sobre a exploração económica a partir das relações de trabalho, não estava a florear a escrita. Infelizmente é mesmo verdade. Vocês acham que a exploração é um saque mas é muito mais do que isso. Enquanto os que se dizem marxistas não tomarem a exploração económica como base de todas as análises políticas, só andarão a encobrir um projecto político autoritário e igualmente explorador.
o esquecimento da esquerda nacionalista da produção capitalista não é inocente. Os dirigentes da esquerda nacionalista sabem para que serve a crítica dirigida quase em exclusivo à banca. Dessa forma ilibam-se a hierarquização e a concentração das tarefas de direcção e de gestão do processo produtivo. Assim, na versão do que consideram como "socialismo" bastaria substituir os dirigentes privados por novos dirigentes a partir do aparelho de estado com umas foices e martelos à mistura e, dessa forma, manter a mesma estrutura das relações sociais. Foi assim que o capitalismo de Estado recuperou de revoluções e de lutas sociais passadas: apresentando um conteúdo capitalista e explorador revestido com uma forma socialista. É este, no fundo, o objectivo político da esquerda nacionalista: centrar toda a crítica no que chamam de agiotagem (nem que para isso reproduzam os argumentos provenientes de fascistas) para que a exploração possa decorrer sem problemas numa sociedade capitalista de estado. A que chamarão socialista. Que só o será no nome, nunca na prática.
Você é que não vê bem o problema. A ideia de se atacar o capitalismo como um todo, esse tal de anti-capitalismo, deixa a luta sem objectivos concretos. É preciso traçar alvos concretos e ir prosseguindo por aí. Então primeiro sinaliza-se a banca e o sistema financeiro porque é evidente que é o que exerce maior poder e influência sobre a vida política e económica do país e da própria europa.
Você é que anda atrás de uma quimera.
Na prática, para você, ou se ataca tudo ao mesmo tempo ou nenhuma luta, nem nenhum alvo, tem valor.
Já sugeri algures que você é um metafísico e repito-o aqui; você no fundo concorda que o capitalismo é um todo que transcende as suas partes e que fica suspenso nessa mesma transcendência e que portanto só um ataque apocalíptico - de tudo ou nada - o pode vencer.
É por isso que você fala das relações económicas como a base de tudo mas recusa-se contudo a seleccionar prioridades, alvos dentro desse tecido (à excepção do PCP é claro)
A sua proposta fundamental é até que se deixe de oferecer qualquer resistência a esse impulso solvente do capitalismo e que se abandonem todas as diferenças locais em nome de uma identidade abstracta centralizada através da federalização.
Nem portugueses nem espanhóis, europeus. Mas europeus porquê? Porque é que vou ser obrigado por lei, enquanto português numa federação, a ter fidelidade à europa?
Ter fidelidade à Europa se quisermos, quando quisermos. Podemos muito bem preferir alianças com a américa do sul, por exemplo. Porque razão Portugal e os portugueses terão de submeter as suas alianças económicas à autorização de um directório centralista ocupado por uma maioria de estrangeiros cujas prioridades ninguém saberá senão eles e seja lá quem for que mandar neles?
João.
Mas mto mais do que europeus o que eu defendo é que os trabalhadores têm de se assumir como... trabalhadores. Nenhuma transformação social, nem nenhuma luta foi bem-sucedida sem os trabalhadores se identificarem como tal... O europeu é acessório e não é um fim em si... E é apenas preferível porque ajuda os trabalhadores a colocarem a sua consciência de classe acima das nacionalidades. Isto é o ABC mais rudimentar do marxismo...
Sobre o metafísico. Podem chamar-me muita coisa, mas metafísico? Eu que sustento toda a minha análise no que o marxismo ortodoxo chamava de base material da realidade... Pelos vistos, já nem os ortodoxos ligam aos postulados básicos e rudimentares do marxismo... Depois há maneiras completamente distintas de abordar cada um destes aspectos... Mas se nós nem a esse plano chegamos nesta discussão, nem vale a pena aprofundar mais...
Só uma nota final. Apesar do imenso fosso que nos separa, queria registar que a esmagadora maioria da troca de opiniões tem sido educada e séria, o que só por si, já vale a pena. Que cada um ache que o outro tem equívocos, essa já é outra história.
Repito, agora em forma mais curta, um comentário que já tinha mandado:
M. Serras Pereira:
Faça favor de respeitar os seus leitores e lhes exibir onde é que eu escrevi algo que o autorize a dizer que «Pelos vistos, para Tiago Mota Saraiva e para Vítor Dias (citado por TMS), ser-se estalinista nas ideias e nos métodos, não sendo louvável, é um pecado venial, um simples "tique", compatível com a militância comunista e com a participação na vida e nas responsabilidades do PCP».
O seu silêncio ou o reconhecimento de que de facto não escrevi nada do que me atribui só poderá ser legitimamente interpretado como uma confissão de que trafulhou e inventou.
Passar bem.
Vítor Dias,
o comentário a que se refere ou não chegou a ser enviado ou não chegou ao blogue.Se quiser dar-se ao trabalho de o reenviar, faça favor. Sabe perfeitamente que o publicarei, como estou a publicar este.
Quanto ao resto, o que eu faço não é uma citação - o que faço é extrair uma conclusão do post que V. escreveu e assinou, ao mesmo tempo que o torno acessível aos leitores do meu, para que eles possam confrontar o facto que as suas afirmações são com o juízo ou interpretação que sobre esse facto formulo.
Devo dizer-lhe que gostaria mais de o ver a querer discutir o fundo da questão que levanto: se o estalinismo do JVA o incomodava tanto no PCP, não se percebe porque guardou essa preocupação no seu foro íntimo, como uma angústia privada, , para só passar a acusar de estalinismo passado o JVA depois de este romper, e tornar pública a ruptura, com o PCP:
msp
Miguel Serras Pereira:
Não fuja com o dito à seringa. Dado o vazio ou contorcionismo da sua resposta, dou-lhe uma segunda oportunidade para citar qualquer coisa que eu tenha escrito que fundamente a opinião que, a meu ver abusivamente, me atribuiu.
Ainda agora escreve que «se o estalinismo do JVA o incomodava tanto no PCP, não se percebe porque guardou essa preocupação no seu foro íntimo, como uma angústia privada, , para só passar a acusar de estalinismo passado o JVA depois de este romper, e tornar pública a ruptura, com o PCP».
Ora no que eu escrevi aobre as posições antigas de JVA não há qualquer classificação de JVA como estalinista.
Não deturpar o que claramente outros escrevem ( e se quisessem escrever de outra maneira te-lo-iam feito) é um ponto básico da seriedade intelectual.
Passar ainda melhor.
Vítor Dias,
o contorcionismo parece-se ser seu. Mas, se o problema é o termo "estalinista" qualificando o que entendia não merecer trela no JVA das Vinhas da Ira, substitua-o por outro que caracteriza melhor o desvio que então detectava nele em silêncio e agora proclama um tanto ostensivamente.
EV. acha que eu distorço as suas posições; mas deixe que os leitores julguem com conhecimento de causa: eu remeto a minha leitura ou interpretação para o seu post - cito-o e digo o que me parece do que cito. Uma vez que o cito fiel e literalmente, assumo o direito e o risco da minha interpretação. Não vejo onde haja desonestidade, contorcionismo ou fuga da minha parte. Em contrapartida, V. prefere só dizer as coisas até meio ou pela rama, e parece-me que é por isso que se enreda, raia o humor quezilento, ao mesmo tempo que se engasga, apesar do seu inegável domínio do idioma e da gramática.
Cumprimentos
msp
MSP:
Só para fechar : que fez link, fez, mas como pode dizer que me «cita». Mostre lá a citação que fez do meu post.
Ou fazer links passou a ser citar ?
Vítor Dias,
a sua agilidade verbal é notável e consta que lhe valeu a admiração de opiniões bem mais preciosas para si do que a minha. Mas, vamos lá, não force a nota, por favor. Imagine que lê um artigo sobre Álvaro Cunhal, cujas notas de rodapé ou finais comportam excertos significativos de escritos do próprio Cunhal, devidamente referenciados, embora no corpo do texto não surjam transcrições directas dos mesmos, mas apenaa comentários ou interpretações. V. diria que o artigo em causa não cita Cunhal? E, atendo-me ao adágio que quer que para bom entendedor meia palavra basta, por aqui me fico - com sua licença.
Cumprimentos
msp
MSP, e pronto, fica registada a sua superior contribuição para a semântica blogosférica, ou seja, fazer um link é igual a uma nota de rodapé num livro.
Bem desarrincado. Continue assim que
o reconhecimento há-de chegar.
Vítor Dias, diga o que quiser. Você entende que, se eu faço link para o original que critico, não o cito. Eu, como vê, acho o contrário. Agora que as posições do JVA não o incomodavam a ponto de o fazer intervir no seu blogue contra elas, mas que as que hoje ele tem o fazem perder as estribeiras (sendo que V. nem é muito dado a isso), eis o que me parece um facto difícil de negar. É só.
Cumprimentos
msp
MSP, mostra lá a dita "citação"!
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