Paulo Azevedo diz que se os hipermercados pudessem abrir nos Domingos à tarde poderiam contratar mais 2000 pessoas.
Mas, se as pessoas vão ao Continente fazer compras no domingo à tarde gastam dinheiro aí; a menos que isso se traduza numa redução da poupança (pouco provável, a meu ver), isso quer dizer que vão deixar de gastar dinheiro noutro sitio e/ou dia. Uma hipótese era que, simplesmente, gastassem ao domingo o dinheiro que gastariam, também no Continente, à segunda-feira; se assim fosse, o resultado seria que as grandes superfícies manteriam a mesma receita, mas com despesas operacionais aumentadas. Ora, goste-se ou não dos empresários do ramo, eles não são parvos, e se querem abrir as lojas no domingo à tarde, é porque chegaram à conclusão que grande parte do dinheiro que iria ser gasto nessa tarde é dinheiro que, de outro modo, seria gasto na concorrência, nomeadamente no pequeno e médio comércio (suspeito que mais no médio do que no pequeno).
Assim, se o público passa a gastar mais dinheiro no Continente e menos no pequeno e médio comércio, não se pode dizer que se irão criar postos de trabalho - irão-se criar postos de trabalho num sector e perder-se noutro, com um resultado liquido incerto. Até é bastante provável que o saldo final seja negativo: não tenho nenhuma estatística, mas suspeito que o rácio [volume de negócios]/[trabalhadores] seja mais elevado nas grandes superfícies que nas pequenas e médias (ou seja, num dia de trabalho, passará uma maior facturação por um empregado do Continente do que por um da Alisuper). Ora, se assim for, isso quer dizer que 100.000 euros que deixem de ser gastos em pequenas e médias superfícies para passarem a ser gastos em grandes representarão mais perda de postos de trabalho nas primeiras do que criação nas segundas.
17/03/10
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5 comentários:
Não acho que seja claro que o facto de as grandes superfícies quererem abrir aos domingos prova que as pessoas estão a gastar dinheiro no pequeno comércio. Até porque muitos deles estão fechados nesse dia.
Pode mostrar que as pessoas estão dispostas a comprar nas grandes superfícies nesse dia - o que representaria um acréscimo de consumo de cerca de 7%, assumindo que o consumo é uniforme ao longo da semana (que não deve ser).
Creio que o fecho das grandes superfícies ao domingo é mais paliativo e demagógico do que verdadeiramente útil ao pequeno comércio.
"o que representaria um acréscimo de consumo de cerca de 7%, assumindo que o consumo é uniforme ao longo da semana (que não deve ser)."
Ou uma redução do consumo nos outros dias, o que me parece o mais provável - não acho que é por as grandes superfícies estarem mais meio dia abertas que a taxa de poupança vai diminuir, logo é de esperar que o maior consumo ao fim-de semana seja compensado por menor consumo nos outros dias.
Agora pode-se é argumentar que quem ganha com a proibição não é o pequeno comércio, mas sim o Pingo Doce e redes similares , que estão abertas no domingo à tarde.
Pois, o que interessa é criar postos de trabalho. Os consumidores que se lixem.
Os hipermercados deveriam ser forçados, por decreto, a encerrar todos. Todos. Assim criar-se-iam muitos milhares de postos de trabalho em mercearias e afins. Seria uma felicidade. O país voltaria a estar cheio de mercearias. Que bom.
O condicionamento industrial de Salazar, esse horrendo ditador, deve ser substituído pelo condicionamento comercial democrático. Não se pode abrir hipermercados, a bem da defesa dos postos de trabalho dos merceeiros. Os quais, diga-se, estão a ser maciçamente substituídos por imigrantes - na minha rua já só dois merceeiros portugueses resistem, os outros dois são um chinês e o outro indiano.
Foi para isto que se fez o 25 de Abril, para que o condicionamento industrial fosse substituído pelo condicionamento comercial, a bem dos sacrossantos postos de trabalho. E os consumidores que se lixem.
Luís Lavoura
"irão-se"???!!!!.Pensava que se deveria escrever: ir-se-ão
Tudo isso seria verdade, se o comércio mais pequeno abrisse ao domingo...como isso não acontece...e a lei até se aplica apenas aos Hipermercados, são as grandes superfícies que continuam a ganhar...mas pelo menos são essas que têm a iniciativa.
Prova disso é o Chiado. As lojas das grandes multinacionais abrem ao domingo e com sucesso.
Enquanto as associações de comerciantes não colocaram as mãos ao trabalho e queixarem menos da crise, provavelmente terão resultados dessa mesma iniciativa.
Vejam o exemplo da Rua do Souto em Braga. Lojas abertas ao sábado todo o dia, resulta numa rua completamente cheia...e atenção, tem como corrente, do Braga Parque, por exemplo!
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