16/03/10

Governo quer acabar com a CP

Sabiam que o governo quer esfrangalhar a CP, retirando-lhe a actividade que dá lucro, como a reparação de material ferroviário (EMEF), o transporte de carga (CP Carga) e, pelo menos, a ligação Lisboa-Porto? Está tudo no PEC, página 35, secção II.5.1: "(...)proceder-se-á à privatização do transporte de mercadorias e à reestruturação da exploração das actividades de transporte de passageiros suburbano, de longo curso, bem como de fabrico e manutenção de material circulante." O que ficará da empresa serão as ligações que dão prejuízo financeiro, mas cuja existência promove a coesão social e regional. O que ficará será uma empresa ainda mais dependente de transferências do orçamento de Estado, cada vez mais endividada, sob pressão crescente para encerrar as ligações que não são "rentáveis". Até acabar. Acabar a CP. E acabar o transporte ferroviário de passageiros no interior de Portugal.

É preciso sair deste estado de choque! Está na hora de gritar: Basta!

4 comentários:

Anónimo disse...

O texto citado fala de "reestruturação" do transporte suburbano e de longo-curso, não fala da sua privatização. Apenas fala de privatização do transporte de mercadorias. O transporte de passageiros bem precisa, de facto, de ser reestruturado, pois que tem recebido montes de críticas ao seu mau funcionamento.

Luís Lavoura

Pedro Viana disse...

Se o Luís Lavoura fôr ao Quadro II.2, página 15 do PEC, está lá escrito bem claramente, no âmbito da medida intitulada Privatizações: "(...)Privatizações nos sectores (...) ferroviário (CP Carga e EMEF) (...) e concessão de exploração de linhas da CP." Pode confirmar no Quadro II.3, página 36 que não foi "engano". Portanto, o governo para além de querer vender as empresas de carga (CP Carga) e manutenção ferroviária (EMEF) do universo CP, quer ainda entregar à exploração privada as linhas rentáveis da CP (obviamente, começando pela jóia da coroa, o trajecto Porto-Lisboa).

Não sei exactamente a que montes de críticas é que o Luís Lavoura se refere. Onde tem havido investimento, por exemplo na ligação Porto-Lisboa, ouço mais elogios do que críticas. Se quer mesmo saber o que são críticas, procure informar-se sobre o que aconteceu no Reino Unido após o desmantelamento da British Rail, e consequente privatização da exploração das ligações ferroviárias. Um enorme aumento do preço dos bilhetes, associado a um imenso caos, que acabou na re-nacionalização de vários operadores privados, pois a sua incompetência era tal que houve risco eminente de paralização do sistema ferroviário em algumas regiões na Inglaterra.

Filipe Moura disse...

Os "montes de críticas" que o Luís refere dizem respeito a serviços regionais, que não dão lucro, cada vez são menos (é verdade, infelizmente) e, se a CP fosse privatizada, acabariam em dois tempos.
Na CP-Longo Curso e CP-Urbanos (sou utente regular de ambas) não há queixas a fazer. Pelo contrário: só elogios. Nem quero pensar num cenário de privatização.

Anónimo disse...

Filipe Moura,

as críticas que tenho lido dizem respeito a horários desajustados e preçários independentes, que dificultam viagens que envolvam mais do que um combóio.

Quanto à CP-Longo Curso, da qual também sou utente regular, tenho a ela muitas mais críicas a fazer do que aos combóios regionais. Os combóios intercidades andam frequentemente atrasados, têm carruagens modelo francês nas quais as pessoas viajam como sardinha em lata, nem pensar em transportar crianças neles porque as pobrezinhas não conseguiriam suportar estar ali fechadas. Faço frequentemente viagens Lisboa-Coimbra à sexta-feira e acho aquilo pavoroso. Os combóios regionais Coimbra-Aveiro são muitíssimo mais confortáveis, além de que circulam pontualmente.

Luís Lavoura