09/03/10

largas costas tem eusébio

Calha-me tropeçar em coisas destas: de como um cantor de ópera acabou em destacado apoiante da candidatura portuguesa à organização do Euro 2004. No início desta historieta era assim: havia um empresário que fabricava produtos de cultura erudita. Depois: no momento em que a dita da erudita começou a massificar-se, o dito empresário teve a excelente ideia de arranjar um estádio do tamanho da fama e do proveito do cantor, a fim de aí realizar-se um grande concerto. Dirigiu-se então ao ministério mais perto de si e propôs que lhe cedessem gratuitamente um estádio. Em troca – assim mesmo: pão, pão, queijo, queijo – garantiu aos proprietários do estádio, no caso o governo do país, que o famoso cantor viria a declarar, um dia mais tarde, o seu valoroso apoio à candidatura portuguesa. O negócio ficou feito. Depois? Depois chegou a hora da cobrança… Nesse dia três dignos representantes da missão portuguesa – Gilberto Madail, Carlos Cruz e José Sócrates – apanharam um avião em direcção a uma capital europeia, onde se encontrava o cantor italiano com o fito de apresentar às massas eruditas mais um dos seus concertos. E foi então que, após a hora do almoço, o bando dos quatro – o cantor e os três portugueses – se reuniu numa sala de hotel para uma conferência de imprensa em que foi revelada a boa nova: Luciano Pavarotti, ele mesmo, apoiava a candidatura portuguesa à organização do Euro 2004. Sucede… porém, que alguém se esquecera de passar o guião ao pobre Luciano. E ignorando que era sua obrigação contratual declarar o seu apoio à rapaziada, o cantor começou antes a falar dos tempos em que quem jogava era Eusébio e ainda de mais uma ou outra memória do futebol português... Sem perceber bem o que se estava a passar... E sem declarar o seu apoio fosse a que campanha fosse…

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