16/03/10

Bandidos


"Era meu amigo, uma pessoa criativa, inteligente, que tinha muitas ideias. Estou muito revoltado, até porque há quem diga que ele esteve envolvido num tiroteio no Kremlin, o que não é verdade. Porque dizem que ele tem chapéu. Mas há bandidos de chapéu, há bandidos de colarinho e se querem entrevistar pessoas que são criminosas, entrevistem o polícia que o matou."
Sam the Kid, a propósito da morte de Nuno Rodrigues provocada pelo disparo de um agente da PSP.


"Problemas mais graves temos na área de intervenção da GNR com perseguições policiais iniciadas por motivos que me parecem inadequados, como por exemplo, por passar um sinal vermelho ou desobedecer a uma ordem de paragem numa operação stop. As forças policiais devem ter consciência que as perseguições policiais criam uma adrenalina própria e geram muitas vezes asneira. 
Não podemos ter como resultado de uma infracção de trânsito a pena de morte. A passagem de um sinal vermelho não pode ser punida, sem intermediação de um tribunal e sem direito à defesa, com a pena de morte. Até porque a própria perseguição gera perigos. Num meio urbano há terceiros que podem ser atingidos. E isto é inadmissível. Uma coisa é perseguir um indivíduo que se sabe que acabou de cometer um homicídio, outra é perseguir alguém que cometeu uma infracção de trânsito ou uma desobediência. Acho, como disse na altura, que a autoridade não se defende a tiro."
Clemente Lima, Inspector-Geral da Administração Interna, numa entrevista concedida ao Expresso em que salientava as diferenças de comportamento entre a GNR e a PSP.
Ler também Ponto de situação e O segredo da justiça de classe. Falam das mentiras de sempre e do padrão do costume. Qualquer pretexto parece justificado para disparar sobre as classes perigosas.
E talvez seja uma boa altura para relembrar uma morte ocorrida em condições semelhantes e que permanece, até hoje, por explicar. A imprensa parece ter esquecido o caso, ao qual ofereceu a mais alarmista das coberturas, com destaque evidente para o Diário de Polícias. Como escreveu então a plataforma gueto, sem justiça não haverá paz.


5 comentários:

Anónimo disse...

Montam uma operação stop, fogem e querem o quê? que a policia encolha os ombros e os deixe fugir? sabe uma coisa? a policia é criticada por fazer ou por não fazer.

Pode-se criticar o uso dimensional da força, mas alguém que foge de Alcântara até Benfica é porque tem alguma coisa a esconder.

Anónimo disse...

E matá-lo é justificável, António Costa?

xatoo disse...

independentemente de culpado ou não culpado, se tinha ou não, por necessidade, algo a esconder, o slogan da Gueto é bom (sem justiça não haverá paz) mas é incompleto, uma vez que não realça a questão fulcral da luta de classes - a palavra de ordem certa será: enquanto não houver justiça para os pobres não haverá paz para os ricos!
O puto devia era ter dado um tiro no policia que era para a restante cáfila que se alista como cães de guarda da desordem estabelecida, pensarem duas vezes antes de vestirem a pele de vigilantes de uma sociedade indecorosamente injusta

Anónimo disse...

Anónimo

Desculpe mas não falo com gente anónima, mas como é um caso sensível abro uma excepção.

Não sou a favor do uso da força, não sou a favor que a policia anda ai aos tiros como nos filmes de cowboys, mas aqui o caso é este, a autoridade mandou-o parar ele não parou, além disso fugiu, segundo alguma imprensa ele estava indiciado por tráfico de droga, o tiro pode ter sido de aviso com consequências imprevisíveis, acontece, fica o aviso, quando a policia mandar parar é para parar.

Ricardo Noronha disse...

Talvez seja melhor não acreditar no que diz «alguma imprensa». Se ele tivesse alguma coisa a esconder neste momento não se falaria de outra coisa.