Acabei de lançar âncora. Depois de muitos anos a navegar por caixas de comentários, sob o pseudónimo de viana, recebi um convite para assentar nesta ilha. E aqui estou. Pronto para ajudar a construir vias que de facto nos levem até onde queremos chegar. Não será fácil. Os mapas dos caminhos já tentados, muitos bloqueados por escolhos inamovíveis, necessitam de constante actualização. Os percursos, mesmo quando laboriosamente planeados, necessitam de ter em conta a factual realidade, sempre supreendente. De outro modo, estamos sujeitos a acidentes de percurso, que nos deixem em pior estado do que quando começamos. Mas, agora, aqui, deitado a olhar para um céu azul, consigo acreditar que tudo é possível, mesmo porcos com asas. Mãos à obra!
08/03/10
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9 comentários:
Entretanto, vencido o cerco do Porto pelas forças da religião do capital, o Pedro já desembarcou e circula connosco, sem ter de transpor clandestinamente as fronteiras da Invicta. Uma estreia em glória, esta do Pedro, o VIANA - sim, esse mesmo! - cujos comentários eram por vezes lidos por muitos com muito mais interesse do que os posts comentados.
E subida honra é decerto para todos os demais autores do Vias que este primeiro post do Pedro Viana tenha sido postado na companhia da malta, para maior satisfação da expectativa já impaciente dos seus leitores e interlocutores noutras paragens.
Democrático & Grande Abraço
miguel serras pereira
Pois o grande "viana" de que como caixeiro sou leitor, também chegou a vias de facto.
Pois que é bom.
Pois que areja a blogaria.
Pois que força nisso.
Pedro Viana: Coragem e bons textos em prol da Re....! Salut! Niet
Caro Pedro Viana,
Seja então muito bem vindo, e a banda toda. Permita-me apenas uma pequena observação totalmente desinteressante: não se "lança uma âncora".
Devo dizer-lhe que este queixume já vem dos tempos de Conrad, que, ele também, implorava a um jornalista do seu tempo utilizasse a expressão correcta: uma âncora [não vou ao excesso de lhe pedir para dizer "ferro" em vez de "âncora"] larga-se, não se lança. Os ferros (ou, se preferir, as âncoras) são demasiado pesados, espera-se, para serem lançados; e mesmo assumindo que uma catapulta gigante os pudesse lançar, a sua embarcação não ficaria, decerto, no sítio que V., avisado comandante, escolhera para ela ficar - já agora - "fundeada".
[E eu estar a ler "O Mar a Bordo do Último Navio" é uma feliz e inesperada coincidência, sem dúvida.]
Bem vindo à blogosfera "do outro lado", Pedro. Eu que há tantos anos leio os teus comentários, é com prazer que agora te leio como autor. Felicidades para este blogue.
Caro Luís Serpa,
apesar de tudo, creio que a questão do "largar" versus "lançar", em português, não comporta uma solução tão unívoca. Em italiano, encontro "gettare l'ancora"; em francês, "jeter l'ancre"; em castelhano, "echar las anclas": todos estes verbos exprimem a ideia de lançamento ou de impulso (no caso do francês e do italiano, até mesmo de "jacto"; em castelhano, o verbo é mais plurívoco, pois tanto pode significar, na conjugação reflexa, "tumbarse", como "tirarse", etc.). Enfim, resta-nos o critério do uso corrente, mas este não é obrigatório, a não ser quando o contexto o torna mais verosímil. Suponho, por isso, que tanto "lançar" como "largar" funcionam bem - e o mesmo diria de "deitar" ("deitar ferro", "levantar ferro") e de outros ainda.
Mas o Pedro talvez entenda isto de outra maneira.
Espero que a leitura das minhas anotações de embarcado não seja para si uma perda de tempo…
Cordialmente
msp
Caro Miguel Serras Pereira,
Antes de mais: obrigado pela sua resposta.
O "problema" (ente aspas) é, como lhe disse, transversal e velho. Já no princípio do séc. XX Conrad escreveu um magnífico texto sobre o tema, provocado por um jornalista que escrevera qualquer coisa como "Joseph Conrad threw the anchor".
E se Pedro Viana tivesse escrito "jeter l'ancre" eu teria feito a mesma observação, mas assim fomulada: «on ne jette pas une ancre, on la mouille" (é de resto daí que vem a expressão francesa para "fundeadouro": "mouillage" - o termo é bonito e poético, mas não muito exacto: de tudo o que está acima da linha de água num navio não há nada mais molhado do que um ferro). Quanto ao espanhol e ao italiano não sei, mas suponho que terão a mesma clivagem.
Já quanto ao "Mar...": é tudo menos uma perda de tempo. É um prazer. Só tenho pena que não haja mais poemas e textos em português sobre o Mar.
Cordialmente,
Luís Serpa
Caro Luís Serpa,
de acordo, mas só até certo ponto. Você não pode negligenciar, em nome da lógica e da etimologia, o uso corrente. E, depois, não sabemos se o barco do Pedro é grande ou pequeno. E se a âncora dele for uma "fateixa", c'est bel et bien la jeter qu'il faut pour mouiller. É lançada borda fora. Mas, enfim, questões que teríamos de discutir com mais tempo e, talvez, noutro contexto.
Cordialmente e até breve, espero
msp
Caro Miguel Serras Pereira,
Touché. Escrevi o meu comentário anterior a pensar na fateixa - e decidi que seria melhor outro contexto para aprofundar a questão.
Ao prazer de o ler, ou encontrar na esquina de um fundeadouro.
Luís Serpa
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