Já passa das duas da manhã. Marcelo explica que os candidatos glosaram a sua intervenção e analisa o aplausómetro. Um futuro Passos Coelho com ar de golfista fala de forma inflamada do desemprego e da precariedade. Um autarca das Caldas das Rainha faz o discurso desassombrado da noite. Os candidatos teorizam em redor do seus verbos preferidos: mudar-unir-romper. Não há propriamente ideias, tirando as propostas impopulares que se escondem por detrás das palavras fáceis. Mas isso não é problema: «pensar Portugal», a epígrafe colada atrás do palco, resolve o assunto a priori. Jardim, Cavaco e Sá Carneiro são as vacas sagradas. Se este é o «partido mais português de Portugal», eu sou o Ribau Esteves e o leitor é o Castanheira Barros. É sorrir e acenar.
ADENDA: Escrevi este texto antes do final da Convenção e de se ter conhecimento da verdadeira novidade que ela trouxe, a aprovação de sanções para os militantes que discordem publicamente da linha do partido nos 60 dias anteriores às eleições. É bom saber que o centralismo democrático aterra nos lugares mais insuspeitos.
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2 comentários:
Fazia-lhe um certo geito suspender a democracia, no país, por seis meses. Não conseguiu. Mas conceguiu suspende-la por dois meses~no partido. Grão a grão...
Para quem desejava suspender a democracia por seis meses, não termina mal o mandato.
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