19/04/10

O último a saber


Não se tem dado suficiente importância aos efeitos sociais e políticos deste crescente desequilíbrio nas sociedades modernas. As quais tendem a estratificar-se, com os ricos a trabalharem e viverem em circuito fechado, sem contacto com os pobres.[...] 
No caso dos gestores, a presente disparidade salarial retira legitimidade ao capitalismo. O que parece não preocupar os gestores milionários, convencidos de que, depois do colapso do comunismo, tudo lhes é permitido. Daí escândalos como o da Enron e as loucuras financeiras que levaram à crise (o banco Goldman Sachs é agora acusado de fraude). Ou a chocante falta de sensibilidade social de alguns banqueiros salvos da falência com o dinheiro dos contribuintes americanos e britânicos, e que não tiveram vergonha de vir depois embolsar bónus astronómicos.
Em Portugal os desequilíbrios de rendimentos são maiores do que na maioria dos outros países europeus, o que é razão adicional para nos preocuparmos com a autêntica bomba-relógio que as economias de mercado estão a fabricar. E há, sobretudo, uma razão ética para não aceitar estas desigualdades. Mas parece que a ética caiu em desuso em largas faixas das nossas sociedades.
Francisco Sarsfield Cabral, A bomba relógio do capitalismo

2 comentários:

Carlos Ricardo Soares disse...

Em tempos,não muito distantes, era-se preso por actividades subversivas, do género contestar o governo. Actualmente, deparamo-nos com o facto consumado da subversão do mercado e do próprio sistema político e continuamos a confiar neles?

Anónimo disse...

Ajudem-me a perceber: em que área se inscreve o pensamento económico de Sarsfield Cabral ?

nelson anjos