07/04/10

Presidenciais - sussurros ensurdecedores

Passam-se as semanas e os meses, o Orçamento já foi aprovado e nem Manuel Alegre anuncia formalmente a candidatura a Belém, nem o PS diz que o apoiará quando isso acontecer - uma corda esticada que romperá ou não, é o que se verá mais dia menos noite.

Só quem não ler nas linhas e entrelinhas do que alguns pesos pesados do PS vão dizendo é que não entende que há um rolo compressor dentro do PS para que Sócrates ceda e apoie Alegre, algum tempo passado sobre o discurso deste em Bragança, certamente muito difícil de digerir.

Mas, ainda ontem, Silva Pereira, certamente o clone mais perfeito do primeiro-ministro, disse à TVI24, no fim de uma entrevista sobre as casinhas da Guarda, que os portugueses não podem ter dúvidas sobre a prioridade do PS - que é a governação -, e que «não há calendário» para a decisão sobre as presidenciais.

Pelo meio, João Soares vai aconselhando Manuel Alegre a «não fazer muitas asneiras» e este responde que não tem de «fazer o discurso do governo nem o discurso da oposição».

Se o PS não tem calendário, tem-no Alegre e algo me diz que não esperará muito mais tempo.

Prognósticos só no fim da novela, ou pelo menos do folhetim em curso, mas temo que isto acabe bem para Sócrates, ou seja que Cavaco fique em Belém por mais cinco anos. Se levar o PS a apoiar Alegre, fá-lo-á frouxamente, diminuindo assim as já não muito grandes hipóteses de vitória. Caso contrário, é mais complicado: ou o maior partido português prima pela originalidade de não escolher nenhum dos candidatos, ou consegue inventar uma outra vítima para a primeira volta ou… escolhe o médico e tenta trazer Olivença de volta.

Quem «ganharia» em qualquer destas últimas três hipóteses? O Bloco, sem dúvida, a parte do PS que não seguiria o chefe (não esquecer que o voto é secreto...) e, para uma certa esquerda, certamente a campanha e talvez o futuro. Digo eu...
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