Aqui fica o link para um elucidativo artigo de Lidia Falcon, no Público.es intitulado En defensa de la República, citado pela Mariana num comentário ao post que aqui publiquei por ocasião do aniversário da proclamação da República em Espanha.
O suposto apego às liberdades de Juan Carlos e a suposta natureza pacífica da Transição pós-franquista são objecto de uma desmistificação exemplar. E são do mesmo modo denunciadas as circunstâncias do quadro de coacção e de "liberdade condicional" em que foi referendada a actual Constituição espanhola - "redigida", como lembra Lidia Falcón, "por uma maioria de representantes da direita e da extrema-direita y dois deputados do PSOE e do Partido Comunista que tinham abandonado as suas reivindicações republicanas".
16/04/10
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6 comentários:
Meu Caro: Não podemos ignorar- do meu ponto de vista modesto- o papel de Estaline via Internacional Comunista na " domesticação " da Revolução Espanhola, a partir de 19 de Julho de 1936. Da confluência de tácticas entre o PCF e o PCE para evitar o " contágio " revolucionário. Contexto onde se insere o assasinato de Buenaventura Durruti. Niet
Caro Niet,
sem dúvida, esse é um capítulo decisivo da história do século XX - a política estalinista, a capitulação da Frente Popular de Blum, a intervenção alemã e italiana, os serviços de Salazar à cruzada de Franco - mas aqui não era à Guerra Civil, à sua inscrição na história internacional ou aos combates que a redobraram no interior do campo republicano, que me referia.
A ocasião de o fazer não faltará.
Saudações vermelhas e negras
miguel
Caro Niet, dizer com toda a certeza que Durruti foi assassinado pelos comunistas espanhóis parece-me pouco sério. Os relatos da época sao imprecisos e sao conhecidas as divergências no interior da CNT à época, embora também veja como credivel a possibilidade do seu assassinato pelos comunistas, trotskistas ou fascistas...
Bem, mas dentro do contexto deste post, é uma questao marginal e gostava de deixar apenas o link para o seguinte artigo que fala das limitaçoes da democracia e liberdade de expressao em espanha:
http://www.pascualserrano.net/noticias/espana-la-201cilegalizacion201d-legal-de-la-izquierda.
PS: Miguel, relativamente às nossas supostas divergências mencionadas por si em post anterior suponho que se prendam com a dificuldade/ impossibilidade da auto-organizaçao como forma de conquista e gestao do poder por parte da populaçao...
Não sei se repararam que o Público de hoje (no Editorial e num artigo de Nuno Ribeiro) «aplaude» a Transição espanhola, de certo modo contra Garzón.
Miguel e Rafael, meus caros: Eu no meu afã de participar citei,tão-só, algumas pistas sinalizadas nos dois volumes do Júlio Carrapato sobre " O Povo em Armas-B. Durruti e o Anarquismo Espanhol ",onde o " assassinato " do valoroso anarquista é relacionada com o " férreo " controlo político e militar desencadeado pelos homens-de-mão de Moscovo nas principais frentes de batalha da Guerra Civil, de 36 a 38. Tudo está envolto no mais pesado dos silêncios, contudo. E as listas de " purgas " são enormes. Sobretudo no seio dos militantes das Brigadas Internacionais.O mesmo se passa com a utilização de " tesouros de guerra " espanhóis pelo P.C. francês. Niet
Caro Rafael,
escreve você: "relativamente às nossas supostas divergências mencionadas por si em post anterior suponho que se prendam com a dificuldade/ impossibilidade da auto-organizaçao como forma de conquista e gestao do poder por parte da populaçao..."
Não sei se compreendi bem ou se você não poderá explicar-se melhor. Porque, na realidade, se a auto-organização dos cidadãos, instituindo outros modos de exercício do poder e outra relação com a produção, a actividade económica e, também, as instituições em geral, for uma impossibilidade, então é a democracia efectiva - pode chamar-lhe "democracia socialista" ou "socialismo democrático", embora o uso tenha tornado equívocos ambos os termos - que consideramos impossível.
O que poderá ser o socialismo, entendido como condição necessária da autonomia democrática, se não for pelo menos a participação igualitária dos cidadãos no poder político e na definição das leis por que se governem, a democratização do mercado (segundo o princípio, transposto com as modulações necessárias, que atribui a cada cabeça um voto) e a sua circunscrição pelo quadro geral das instituições democráticas (isto é, que garantem o autogoverno colectivo e os direitos da autonomia na esfera da existência individual de cada cidadão)?
Acho que é uma discussão que vale a pena termos, e, pelo meu lado, gostaria de poder continuar a alimentá-la, a propósito deste ou daquele outro aspecto político que quotidianamente nos solicita a atenção e/ou a acção, como até aqui tenho procurado fazer. E claro que espero que este debate continue a interessá-lo.
Cordiais saudações republicanas
msp
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