29/04/10

A saída do euro

A opinião dominante entre os economistas é de que é quase impossível um país abandonar o euro - a ideia é que, se um país anunciar que vai sair do euro, toda a gente (antes dos euros serem trocados por "novos escudos" ou "novos dracmas") vai transferir correr ao banco transferir o seu dinheiro para contas noutro país (e hoje em dia isso é relativamente simples) provocando o colapso do sistema bancário.

No entanto, Paul Krugman hoje levanta uma questão - e se a crise bancária acontecer antes?

But now I’m reconsidering, for a simple reason: the (...) argument is a reason not to plan on leaving the euro — but what if the bank runs and financial crisis happen anyway? In that case the marginal cost of leaving falls dramatically, and in fact the decision may effectively be taken out of policymakers’ hands.

Actually, Argentina’s departure from the convertibility law had some of that aspect. A deliberate decision to change the law would have triggered a banking crisis; but by 2001 a banking crisis was already in full swing, as were emergency restrictions on bank withdrawals. So the infeasible became feasible.

Think of it this way: the Greek government cannot announce a policy of leaving the euro — and I’m sure it has no intention of doing that. But at this point it’s all too easy to imagine a default on debt, triggering a crisis of confidence, which forces the government to impose a banking holiday — and at that point the logic of hanging on to the common currency come hell or high water becomes a lot less compelling.
Agora, uma autocrítica - eu fui um adepto entusiasta da adesão ao euro, e estava convencido que era o primeiro passo para a criação dos "Estados Unidos Socialistas de Europa" (eu era um trotskista entusiasta na altura). Hoje em dia, continuo a achar que uma confederação socialista europeia ou, pelo menos, uma união económica com um orçamento comum significativo seria a melhor solução; mas estou cada vez mais convencido que tal é politicamente impossível, logo a segundo melhor opção talvez seja mesmo o regresso às moedas nacionais (repare-se que a economia portuguesa paraticamente parou de crescer desde a adesão ao euro). Se for assim, talvez a crise orçamente e bancária que está à porta seja uma benção disfarçada.

3 comentários:

Anónimo disse...

M. Madeira, Bom Dia: As hipóteses do Krugman são académicas,por enquanto. E a U.Europeia é a terceira " potência " económica mundial em contraponto com a Argentina...Uma boa análise dos " maus sentimentos " dominantes hoje em Bruxelas/Paris/Berlim- o eixo político essencial -é retratado na entrevista que Daniel Cohn-Bendit dá hoje ao Libération. O que é que ele diz de essencial- quando nós já sabemos que a UE é anã do ponto de vista da solidariedade política e advoga a concorrência económica frontal entre os estados-membros no exterior? 1) A élite mediática e política alemã não compreende a necessidade da solidariedade e pensa que o seu país pode viver só". E diz mais: uma espécie de "nacionalismo/soberanismo " económico está a renascer das cinzas porque, frisa D.C-Bendit, " a crise parece incontrolável "...Isto é, em bom português, cada um que se safe pelos seus próprios meios...
Do meu ponto de vista, a Alemanha está cansada de " pagar " para o resto da Europa.E o retorno parece não lhe ser mais aliciante nem valer para combater as suas próprias falhas estratégicas... E sobretudo não realiza/aceita as fracas perspectivas de crescimento dos 27, porque existem outros mercados- o Russo e o Asiático- que lhe podem ser(já são...)muito favoráveis.E portadores de aliciantes partenariados - sobretudo com a Rússia, mais perto e históricamente tão ligada à Alemanha - em muitos sectores económicos fundamentais. Niet

Filipe disse...

Efectivamente, os Estados Unidos Socialistas da Europa são uma ideia que deveria reaparecer em tempos de crise tão profunda. Não deve haver medo de a Esquerda assumir esta posição. (Ainda que só imagine certas franjas do BE e o POUS(!) a defender coisa semelhante)

Procedendo a uma análise rápida, a História volta a repetir-se, pois dentro da Federação Europeia, o colapso dá-se no elo mais fraco: a periferia. E o colapso não vai levar certamente a contestações enormes: as da Grécia são insuficientes, pois o cão ladra e a caravana passa, as medidas vão sendo tomadas. Em Portugal a ver vamos. Mas e os países mais fortes? A França e a Alemanha não se estão nem se vão ressentir (além de serem os primeiros a sair da crise quando o fim desta chegar de vez) e, além de a ideia de socialismo estar mais que ultrapassada para a grande parte das populações, a maneira mais óbvia de o cidadão médio ver a vida é "Aqui as coisas estão mal, mas nas periferias ainda estão pior", pelo que a "solidariedade" é algo que não passa pelas cabeças dos mais pobres dos países mais ricos.

Ainda em relação aos Estados Unidos Socialistas da Europa: em Portugal o PCP (que ainda é a maior força de Esquerda) nunca lutaria por semelhante coisa.

Contudo, vamos lá ver como se desenrola o futuro próximo, sinto qualquer coisa no ar.

Anónimo disse...

M.Madeira: A U. Europeia é a segunda potência económica mundial. Até ver. Fica a emenda. E bom vento! Niet