05/11/11

Ao Paulo Granjo

Caro Paulo Granjo,

creio que boa parte dos comentários, que – passe o eufemismo – te hostilizam a propósito do post que bem sabes, o que demonstra é que, acautelando o seu próprio interesse, o PCP deveria preocupar-se com certas correntes que, reclamando-se do partido ou da sua área, podem a prazo dar origem a, ou vir a reforçar, movimentos de tipo fascista – conforme aconteceu noutros momentos históricos, quando elementos particularmente “violentistas”, “intransigentes” e (pseudo-)radicais dos partidos comunistas e socialistas, se integraram ou animaram a formação de organizações fascistas e pró-nazis.
Não meto todos os que discordaram do teu post – que pessoalmente aprovo no essencial, apesar de todas as divergências que possamos ter sobre outras questões – no mesmo saco. Mas, entre os que se mostraram mais ferozes, acompanhados pelos que fazem coro na caixa do post com que um aspirante a ideólogo de uma versão lusa do PPF de Jacques Doriot pretendeu responder-te, há evidentes sintomas do mal a que me refiro: do culto fetichista da infalibilidade dos chefes ou do partido à teorização (do já referido ideólogo) da "revolução" como ruptura com a democracia, passando pela interiorização exacerbada do princípio hierárquico, para já não falarmos do anti-semitismo e da adesão supersticiosa às teorias da conspiração – estão presentes todos os traços e elementos fundamentais de uma visão militantemente antidemocrática, cujos inimigos principais são as ideias de igualdade e liberdade.

Pois bem, gostaria de dizer aqui, onde toda a gente nos pode ouvir, que são essas ideias de igualdade e liberdade, bem como a vontade de democracia, mais profunda e lúcida do que todos os simples anti-isto ou aquilo que se queira, que lhes é consubstancial, a razão de ser do abraço solidário que deste post te envio.


12 comentários:

Anónimo disse...

O que acho espantoso é que um certa «esquerda», ou seja lá o que se queira chamar hoje em dia,esteja cada vez mais solidaária com o ESTADO de Israel, e com os seus dirigentes sionistas. Nada tenho contra o povo e a cultura judaica, pelo contrário, e óbviamente as perseguições que sofreram ao longo da história foram infames. O mesmo vale para outros povos como os amerindios, negros, ciganos, e mais recentemente grupos ideológicos como os anarquistas e comunistas, que foram vítimas dos grupos e classes dominantes.
Outra coisa é que um ESTADO, criado por decisão burocrática e política, onde predominam grupos fanáticos decida, em nome da sua sobrevivência, impor uma prática terrorista e fascista há décadas não só na região, como um pouco por todo lado, andando até a matar «inimigos» na Europa, como todos sabemos.
Se querem se vingar das injustiças do passado que bombardeiem o Vaticano, Moscovo, a Moncloa e São Bento...
Por isso é que é infame uso do holocausto para justificar a política actual do ESTADO de Israel. Prevendo tudo isso um judeu de afinidade socialista libertária como Martin Buber criticava a ideia do Estado de Israel e defendia a comunidade dos palestianos e judeus. Isso sim uma perspectiva digna de um libertário, e não esses discursos ideológicos confusos de defesa do ESTADO de Israel.

Anónimo disse...

Absolutamente bizarro! Critica-se o anti-semitismo exprimido no Avante e nas caixas de comentários de blogs que se lhe referem e aparece logo um cão de pavlov estalinista a denunciar a "esquerda" sionista e a malhar em Israel.

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Anónimo (14 e 38):
deve haver um equívoco aqui: com efeito, também eu penso que uma república independente das "nacionalidades" e das confissões religiosas, laica, seria a solução mais democrática. Martin Buber, Hannah Arendt e muitos outros, alguns dos quais injustamente esquecidos, sempre consideraram catastrófcos os termos, e as consequências, dos termos que presidiram à fundação do Estado de Israel. E podemos hoje ver que, no essencial, a sua posição foi tristemente confirmada pela história da região.
Do mesmo modo, a minha posição é que a invocação do Holocausto como justificação usada pelos nacionalsitas de Israel é monstruosamente abusiva.
O que me parece também é que as organizações como o Hamas e OLP - ainda que de modos diferentes - também capitalizam obscenamente a invocação do sofrimento imposto aos palestinianos, falando em nome deles e visando o monopólio da sua representação e de um poder político não controlado sobre os cidadãos de cujos interesses se reclamam. Grosso modo, digamos que, destre ponto de vista, adopto uma perspectiva próxima da de Edward Said - e outros.

Saudações democráticas

msp

A.Silva disse...

Porra!… um tipo jura para si próprio nunca mais comentar os posts do reaccionário MSP, mas depois, volta não volta, ele escreve uns posts tão fofinhos que uma pessoa não resiste.

Então não é bonito ouvir, “acautelando o seu próprio interesse, o PCP deveria…”, é quase de ir às lágrimas, fica-te bem esses sentimentos MSP.

Mas haverá alguém mais anti-semita que os sionistas do estado de Israel, que instigam a violência entre judeus e árabes, que chacinam milhares e milhares de palestinianos, colocam-nos em autênticos campos de concentração num comportamento que só tem paralelo na acção dos nazis.

É claro que na verdade, quem é anti-semita, é o nosso MSP e o anónimo das 16:03 com a sua defesa dos dirigentes sionistas/nazis do estado de Israel.

(Paulo Granjo) disse...

Caro Miguel Serras Pereira:

Devido a afazeres mais urgentes, andei um par de dias afastado da blogosfera, pelo que só agora lhe agradeço o post e o seu conteúdo.
Fi-lo há pouco, de forma mais substantiva, na caixa de comentários que tantos insultos congregou.

Anónimo disse...

o anti-semitismo nada tem a ver com hostilidade a árabes. a situação dos palestinianos nada tem a ver com uma vontade de exterminação total por serem considerados os culpados de todos os males do mundo, mas decorre de uma situação banal em casos de ocupação. e... isso não justifica que se publiquem textos anti-semitas. a falta de vergonha desta esquerdalhada põe-nos abaixo da crítica. ser chamado de reaccionário por gente para quem ser não reaccionário significa ser apoiante de um estaline, de um amenidejah ou lá como se escreve ou dum chavez, é um elogio. que tal falar dos campos de concentração, dos verdadeiros e não de metáforas, da união "soviética"? que tal falar da perseguição a sindicalistas por parte do hamas? e do chavez? falar em parelelos entre a palestina e a alemanha nazi é já por si sinal evidente de delírio anti-semita e banalização do holocausto. qualquer estadinho português fez muito pior que israel. mas isso não impede os nossos estalinistas de serem muito nacionalistas. são uma corja. um lixo que tem que ser removido sem democracia nenhuma, à metralha.

A.Silva disse...

"são uma corja. um lixo que tem que ser removido sem democracia nenhuma, à metralha."

Afinal este tipo é mesmo FASCISTA e parece que anda raivoso.

Miguel Serras Pereira disse...

A. Silva e Anónimo das 4 e 23:

os vossos comentários conseguem corroborar-se e convergir num mesmo ódio ao livre-exame racional, que é condição da democracia.

Só não percebo or que razão escolheram a caixa de comentários de um post que mais não quer ser do que uma refutação do vosso denominador comum para se encontrarem.

msp

Anónimo disse...

Não deixa de ser curioso ver hoje em dia reacionários e fascistóides a defender os judeus. No passado foram os seus parentes cristãos e ortodoxos que os andaram a queimar e a perseguir e no século XX foram os nazis - seus parentes ideológicos - que fizeram a apologia do anti-semitismo e levaram a cabo o holocausto...

Anónimo disse...

os parentes ideológicos do nazismo escrevem no Avante.
e quem és tu para chamar fascistóide e reaccionário a alguém que protesta contra expressões de anti-semitismo?
reaccionário és tu na defesa do fascismo islâmico e do estalinismo.

Anónimo disse...

Como nada tenho a ver com islamismo, nem com estalinismo, de quem há muito fiz a crítica, esse comentário não deve ser para mim.
E continuo a achar piada ao ver o cinismo dos fascistóides que defendem o Estado de Israel e muito preocupados com os «judeus»...

Anónimo das 11.47h

Anónimo disse...

No Brasil ainda foi pior. O texto publicado pelo PCB ainda era mais explicitamente anti-semita, escrito por um autor que não faz outra coisa. Depois de uma organização judaica ter processado essa cloaca esquerdosa, uma boa parte da extrema-esquerda brasileira mais os plaestinistas profissionais, solidarizou-se com os vermelho-castanhos, pretendendo que o texto não seria anti-semita.

PCB - OS DONOS DO SISTEMA http://bit.ly/vc28aY

SOMOS TODOS PALESTINOS: SIONISTAS QUEREM CRIMINALIZAR O PCB E TENTAM NO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL A CASSAÇÃO DO REGISTRO DO PARTIDO http://bit.ly/vbdYja

António Oliveira