Musicólogo, inventor nas horas vagas, poliglota e historiador — sábio que se definia a si próprio como um “vulgaríssimo João Semana” — guiava-se por um princípio: “Ir sempre ao fundo do fundo do contrafundo”. É um bom princípio.
Que estamos a ir ao fundo, ninguém o nega. Até o primeiro-ministro já veio dizer que empobreceremos. Inevitavelmente. De vitória após vitória, até à derrota final, slogan que tem até uma certa patine guevarista adequada na perfeição ao l’air du temps, um tempo em que os banqueiros citam Lenine.
Recordo: “O Lenine deve estar a rir-se à gargalhada no túmulo”, disse Fernando Ulrich, demonstrando que é um homem do mundo.
Eu, que estou como o Jesus Cristo do Pessoa (também nada sei de finanças…), gostaria, contudo, de deixar algumas perguntas (simples) — numa tentativa, porventura vã, de cumprir o preceito de Lopes.
Eu, que estou como o Jesus Cristo do Pessoa (também nada sei de finanças…), gostaria, contudo, de deixar algumas perguntas (simples) — numa tentativa, porventura vã, de cumprir o preceito de Lopes.
Quando o desemprego em Portugal, segundo dados do INE, se situa em 12,5%, como é que o aumento de meia hora de trabalho diário ajuda a combater o flagelo?
Andava eu a tentar perceber a quadratura do círculo, eis que chego a um estudo encomendado pelo Governo que garante que a medida aumentará em 4% a competitividade das empresas, o que logo me fez lembrar Garrett, perdão, Manuel Pinho, o ex-ministro da Economia que em tempos que já lá vão (?) foi à China pedir aos locais para investirem em Portugal porque a nossa mão-de-obra era barata.
Outra coisa que também não alcanço é isto.
Imaginemos que um qualquer leitor destas linhas aceita emprestar-me dinheiro. Agradeço, claro, "uma senhora é uma senhora", mas é-me imposta uma condição: não posso criar riqueza durante o período de tempo em que fico devedora.
Empobreça!, ordena-me o emprestador. E desculpem-me se pareço muito burra: mas como raio poderei pagar-lhe?
E foi então que Karl Kraus surgiu em meu auxílio: “Uma das causas mais comuns das doenças é o diagnóstico”.
9 comentários:
kamarada no tempo do soarismo a gente era aumentada 30% mas a inflação comia 50% do phoder de compra e ninguém dizia que empobrecemos
um estado com 3 milhões e tal de subsidiados
que não pode arranjar indústria a curto prazo nem vai iniciar migrações da velharia de volta às aldeias
vai arranjar $ adonde?
dos emigrantes acho que não
ainda não começaram as saídas de capital como nos gregos
no dia em que os certificados de aforro descerem dos 13 mil milhões para 6 ou 7 mil milhões
e os certificados são a poupança das classes mais baixas na sociedade portuguesa
enfim...
como é que os asiáticos pagaram as suas dívidas?
exportando mais, consumindo menos laranjas do chile papaias do brasil
ferraris da linha do estoril
e livros impressos em Barcelona
e poupando
empobrecendo tem-se menos gastos sumptuários
a China compete com a etiópia que tem salários muito mais baixos...
como o faz além da prática do dumping?
investe na indústria e na extração mineira e na aquacultura
aqui investir é fazer projectos que nunca saem do papel
e fazer queixinhas
eu quero ser rico ganhando o euromilhões ou nascendo no estoril
até o gajo da capela do rato era burguês
e o tio Jerónimo tal como Lula foi metalúrgico há dezenas de anos atrás
enquanto velhos de 60 anos ex-metalúrgicos há 20 emigram agora para retomarem antigas práticas
eles estão empobrecidos há mais de 20 anos logo o empobrecimento actual
não é para milhões que sempre viveram mal
não é para os 500 mil que quase nunca sairam das suas aldeias
não é para as velhotas de 80 anos que ainda cuidam da sua horta
e poupam 60 euros da sua pensão de 180....
esses mais pobres não ficam
é ir vê-los nessas serras onde a electricidade ou chegou em 95 ou ainda anda a pitroil
Tem razão ACL ao questionar estas respostas governamentais para a crise. A lógica é matéria que abandonou as pessoas em geral e os meninos do governo mais ainda - gente escorreita e eficiente no pragmatismo pós pós moderno mas que pouco conhece de história e de filosofia nem vê-la. A pobreza intelectual que reina, corrijo: o gosto da ignorância, entregou-nos a estas figuras assustadoramente cómicas que nos dirigem, e que violentamente nos criam uma sensação de pesadelo asfixiante. Quando tudo está podre não é possível erigir qualquer tipo de análise ou discurso explicativos com um mínimo de sentido.
Só o silêncio ou o terror.
F.Serra
É que, às tantas, até nos baralham..
-:)
Mmmmhh,
Essa do Lénine se rir no tumulo cheira-me a citação apocrifa.
Nada os detém, nada os demove, é o que é...
João, aqui, por ex.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentID=6BD75FCF-4E9A-4FB0-8DAD-B5D304D72733&channelID=00000011-0000-0000-0000-000000000011
Ola,
Heheheheh, não me fiz entender !
Citação apocrifa... do Lenine (como é obvio).
Abraço
Heheheheh, não me fiz entender !
joão, é que ainda não tinha tomado de café!
-:)
eu cá não tomo café...
é um hábito neocolonialista
que conduz à servidão e ao trabalho escravo
e aumenta as importações
e os lucros do Nabeiro
sua Neofascista Cafezeira
sua Coronela do cafezal
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