Na edição de hoje (12-11-2011) de El País, podem ler-se estas palavras de Rafael Argullol:
"el hundimiento del proyecto europeo sería lo peor que le podría pasar al mundo, al menos desde el punto de vista de la libertad (…) el único camino posible por parte de Europa es desplazar la centralidad del omnipresente mercado -protagonista espectral, pero absoluto- para devolver el eje de gravedad a la democracia (…) Por contra, la definitiva disolución del proyecto europeo dejaría vía libre a opciones totalitarias que gozan de un prestigio, históricamente inesperado, como eficaces antídotos frente a la crisis. Para Putin, para el Partido Comunista Chino o para los jeques árabes la libertad es un estorbo para la buena salud del mercado".
Suponho que nenhum democrata, cujos sentidos se mantenham sóbrios, poderá deixar de concordar com o juízo do ensaísta, ainda que, desde o primeiro momento, se sinta obrigado a introduzir uma reserva ou condição na sua aquiescência. É que, com efeito, também no interior da Europa e nomeadamente para os que ocupam os postos de comando do seu governo efectivo, "a liberdade é um estorvo para a boa saúde do mercado". E é cada vez mais explícita a vontade por parte da oligarquia da UE de consagrar constitucionalmente este "princípio", estabilizando assim o seu regime e as relações de poder que o definem. É o que cabalmente demonstram as declarações "leninistas" de Van Rompuy, que já citei num post anterior, identificando a vontade e as esperanças dos mercados como expressão e interpretação superiores dos "verdadeiros interesses" da "Europa real", e a prioridade dos mercados sobre as "representações" imediatas e ilusórias que os cidadãos comuns possam fazer desses mesmos interesses.
Assim, se são as perspectiva de mundialização da liberdade e da igualdade democráticas de que é portador que legitimam o "projecto europeu" de que fala Argullol, esse projecto, apesar das aparências imediatas, seria tão mal servido pelo soberanismo de um novo Reich alemão, que procurasse impedir a desagregação da região impondo-lhe o seu governo, como pelo catastrófico cenário da reactivação, contra a democracia, das soberanias nacionais e das prerrogativas dos Estados-nação rivais da zona euro e da UE.
É por isso que, para podermos aprovar Rafael Argullol, quando este escreve:
Y esta precisamente no debe ser la apuesta de Europa, si quiere ser fiel a lo mejor de sí misma. Como patria histórica de la democracia, su vitalidad depende de su predisposición a proponer la libertad como la medida que siempre debe prevalecer sobre las demás reglas del juego, en especial las leyes que quiere imponer el gran Moloch de la especulación a todos los ciudadanos del mundo, incluidos, por supuesto, los adormilados, pusilánimes y egoístas europeos
teremos de identificar — embora plenamente conscientes de que uno de los aspectos más deprimentes de los últimos desastres europeos es la indiferencia con que los ciudadanos contemplan los acontecimientos — a aposta da e na Europa como a aposta na "insurgência democrática". Ou seja: na abertura de um caminho que passaria, por exemplo, pela "integração" política, orçamental e fiscal, por meio da eleição no mais breve prazo possível de uma assembleia constituinte da UE, e por um governo federal provisório - processo acompanhado por referendos e revisões dos tratados (…) [e] que exigiria sobretudo — do lado das chamadas "condições subjectivas" - uma reanimação, que não parece fácil de promover, da vontade política democrática por parte dos cidadãos e movimentos de cidadãos europeus, de modo a vincular o avanço da federação à extensão do exercício da sua cidadania activa e à reivindicação explícita da "democratização da economia" e do conjunto das instâncias políticas de decisão.
12/11/11
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4 comentários:
A ideia de que estas coisas acontecem «pelas leis do mercado» é um enorme equívoco. Não há nada de imprevisível no funcionamento dos mercados, antes pelo contrário, o que acontece é sempre a consequência necessária das regras estabelecidas.
Portanto, quem comanda estas coisas é quem define as regras.
No caso da actual crise europeia, ela existe simplesmente porque o BCE não compra directamente divida soberana, como acontece em todo o lado, nomeadamente como faz o Fed.
por exemplo, este artigo de uma pessoa mais credenciada do que eu explica isso:
http://www.theregister.co.uk/2011/11/10/were_all_doomed/
Isto não acontece por acaso, é de propósito; é por isso que eu digo que o que se está a passar é uma guerra de conquista da Europa por Alemães e Franceses, um projecot de união nunca existiu, sempre foi um projecto de conquista.
Ou então é toda a gente incrivelmente burra, porque este resultado é óbvio desde o princípio.
A insurgência começou,3 ou 10 mil militares na reserva territorial desde 1988 e com idades entre os 63 e os 69 anos (e viúvas e alguns reformados dos 70 aos 90 anos (e o de 90 era um fascista saneado, mas aparentemente foi reeducado) invadiram o cais do Sodré
A Avenida da liberdade foi ocupada por 50 ou 180 mil funcionários na reforma ou a caminho disso (entre os 55 e os 85 anos) e meia dúzia de barbudos um de T-Shirt que está lá desde os indignados (e ainda não saiu porque está à espera de colocação e o pessoal do Quadro do grupo de Filosofia já deita pessoal por fora
Resumindo Camarada a insurgência gramou frio que se fartou
acho camarada que a insurgência está a chocar uma gripe
A próxima insurgência deve ser do meio-dia às 16 h que ódespois arrefece
Caro sr. Alf: Não parece existir " complot" ou " intriga " da parte das oligarquias superiores franco-alemãs para criar o " bordel " no espaço económico do Euro. A neo-burocracia de Estado franco-tedesca permitiu que a sua rede bancária investisse desmedidamente no crédito e no financiamento aos países mais fracos da Eurozona.Em troca, estes teleguiaram um crescente e incontrolável endividamento para facilitar a compra de goodyes- carros,máquinas e gadgets electrónics topo de gama -aos dois países credores na mais expressiva das generalidades. Essa " troca " gerou uma desigualdade que se traduziu numa severa recessão( para os países devedores)e no pânico financeiro que se vive há cerca de dois anos. O problema é, essencialmente, político e tem a ver com a organização/estrutura capitalisto-burocrática do sistema global E.U..
Não há fantasmas de " gabinete ",portanto. A desregulação dos mercados financeiros e a panóplia das " receitas " surrealistas do sistema bancário-hipotecário geraram o caos,onde só os mais fortes conseguem vencer,claro! Niet
A desregulação dos mercados financeiros e a panóplia das " receitas " surrealistas do sistema bancário-hipotecário geraram o caos,onde a desconfiança campeia e onde se perdem centos de milliards na economia birtual
basta ver o valor das bolsas em 2011
e em 2007
nieto só na rússia s'alevantam
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