As duas vias imediatas da UE

As autoridades chinesas acusam os trabalhadores europeus de ociosidade e indolência e responsabilizam o modelo social europeu, que permite demasiada "praia" e não impõe um regime laboral suficiente duro, pela crise do euro e da própria UE. Jin Liqun, presidente do conselho de supervisão da China Investment Corporation, condiciona qualquer auxílio à Europa à reforma das leis do trabalho e do conjunto dos direitos sociais em vigor na UE.

Perante este ultimato, que não podia ser mais claro, da oligarquia governamental da RPC, é sugestivo, mas não basta falar da urgência de uma "grande marcha" sem outras precisões de rumo. Porque não basta dizer que não às condições ditadas pela "governação económica" da UE - é preciso e, desde já, adiantar o que se quer, e democraticamente não vejo o que se possa querer senão federação e democratização, articuladas e conjuntas, reivindicadas em uníssono. Tal é a batalha a travar quer tendo em vista as condições de um projecto global de mundialização da democracia, quer, no plano imediato, de defesa, no conjunto da UE e em cada um dos países que a integram, das liberdades políticas e direitos sociais ameaçados.

Como não ver, com efeito,  que a alternativa imediata na Europa é a da escolha entre a via da democratização e da federação e a da transformação progressiva da região europeia desagregada no sentido de um regime de "capitalismo com valores asiáticos", "emancipado", em benefício deste ou daquele bloco oligárquico global, dos direitos e liberdades conquistados por séculos de lutas laborais e populares de inspiração democrática?