09/11/11

As ambições do IV Reich e a ameaça de um eixo sino-teutónico em perspectiva?

Se, como se torna cada vez mais patente, os oligarcas de Pequim se mostram dispostos a apoiar a política anti-laboral e antidemocrática que os governantes da Alemanha querem impor à Europa, visando a construção de um IV Reich sobre a vassalagem imposta — evidentemente à custa da cidadania europeia — no conjunto do território continental, e se os governantes alemães não querem outra coisa que não seja mostrar aos dirigentes chineses que acabarão por ser tão capazes de repor no mundo do trabalho e da direcção da economia uma disciplina e uma harmonia comparáveis às do "capitalismo com valores asiáticos" - então, talvez não seja exagero falarmos de um eixo sino-teutónico em perspectiva, candidato ao comando da economia capitalista global e à liderança do combate preventivo dessa nova ordem a quaisquer veleidades ou prenúncios de mundialização da democracia.

Não se trata de subestimar as contradições internas e dificuldades com que esse eixo em perspectiva deparará, caso venha a ser tentada a sua definição efectiva - nem de esquecer os problemas que a existência da potência russa, com as aspirações hegemónicas da sua própria oligarquia "nacional", põe tanto aos oligarcas chineses como aos alemães. Mas trata-se de compreender como é absurdo pretender confiar na reactivação do soberanismo e das independências nacionais na Europa como via de combate à ofensiva da economia política globalmente hegemónica contra as liberdades e direitos sociais que entravam os seus propósitos. O que implica compreender também o facto, para ele alertando o conjunto dos cidadãos alemães, de que a sinização do regime político e social da Europa, que é o projecto da oligarquia governamental alemã, por mais nacionalista que se afirme, não deixará de impor no próprio Reich a mesma ordem servil que visa impor no exterior.

11 comentários:

Niet disse...

A direita alemã no poder- CDU+CSU+FDP - tem sondagens muito más, se bem que os indicadores económicos lhe sejam psicologicamente muito favoráveis, meu caro MSP.As eleições legislativas- e escolha do Chanceler- terão lugar no Outono de 2012.
Portanto, o Centro/esquerda alemão surfa nas sondagens e os Verdes - uma heteroclita coligação libertária e cool- quase se tornou no segundo partido parlamentar. Nada de alarmismos, portanto.
O grande capitalismo alemão joga com todos os interlocutores de média e alta dimensão, sobretudo tenta ganhar cada vez mais quota no fabuloso mercado russo. A India, a China e os " tigres " asiáticos são outros dos alvos da sua acção económica prioritária. Ainda hoje, a biblia de Wall Street e Regent Street, o Financial Times, trazia inúmeros takes sobre o " desinteresse " real da China na " salvação " da Euroland.Um intelectual tão multifacetado como tu, com uma experiência e uma cultura politica monumentais tem que saber conter os impetos. Mas, claro está, que a situação lusitana num cenário como este- de grandes incógnitas e muitas divergências estratégicas- mete medo ao mais voluntarioso dos livres pensadores. Salut! Niet

Miguel Serras Pereira disse...

Bom, o que eu digo é que há uma convergência e uma cumplicidade óbvias entre a posição chinesa - "disciplinar" os "malandros" - e a posição "austeritária" e "imperial" dos governantes alemães. E que devemos tê-lo presente, pois mais vale prevenir do que remediar ou não ter remédio para o que, se as coisas continuarem o seu curso normal, nos cairá em cima, sob uma forma ou outra de agravamento da exploração e da opressão oligárquicas.

Não deves discordar muito, creio - bem vistas as coisas - deste ponto de vista.

Salut

msp

Anónimo disse...

Vai ser o cabo dos trabalhos para que a Merkel faça o tri para ser reeleita como " chancelerina ".A sua reeleição tem os pés e as mãos ligadas ao desfecho da crise do " Euro ", que lhe complica todos os " cenários " por causa da forte corrente anti-Grécia( Club Méd.)que grassa nos pólos mais nacionalistas do eleitorado, o seu, de centro-direita. Num país altamente industrializado, de alta competitividade, com a intocável co-gestão- tecnica e social- estimulada na direcção dos seus mais importantes pólos industriais,com um poder sindical muito extenso e dinâmico por acréscimo, dificilmente haverá espaço político para tentações autoritárias...à chinesa. Isso está, a meu ver, completamente fora de questão por razões históricas e políticas maiores. Acresce o facto,importante entre outros, das perfomances da estratégia industrial chinesa se situarem ainda a um nivel muito rudimentar, no que se refere à sua própria produção autónoma.Salut! Niet

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

Bom, o que um tipo cego e surdo pode achar é que há uma convergência e uma cumplicidade óbvias entre a posição chinesa - "disciplinar" os "malandros" - e a posição "austeritária" e "imperial" dos governantes

Nem a Alemanha de leste era imperialista apesar dos seus colonatos somalis e moçambicanos

nem a federação alemã quer um império
quer é safar os seus velhadas para que eles possam fazer cruzeiros de luxo e votar na listagem adequada

é o problema das democracias estão reféns dos eleitorados que querem sempre mais direitos e menos deveres

eu gosto mais da solução do Otelo
quando chegar a altura outro 26 de Maio no século passado até 1974
houve uma dúzia e outras tantas tentativas

na Costa Rica a última há 63 anos

En 1917, Federico Tinoco Granados gobernó como dictador dos años, después de un golpe de estado. En 1948 José Figueres Ferrer lideró un levantamiento armado conocido como la guerra del 48, a raíz de una elección presidencial acusada por la oposición de nulidad y fraude. Después de la guerra, se creó la Junta Fundadora de la Segunda República. El año siguiente, el mismo Figueres abolió el ejército, y desde entonces, Costa Rica ha sido uno de los pocos países en operar bajo el sistema democrático sin la ayuda de un ejército armado.

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

Um intelectual tão multifacetado como tu, com uma experiência e uma cultura politica monumentais tem que saber ....fazer uma análise duma realidade social cada vez mais anárquica e de uma clique cheia de medo de perder os previlégios

(uma clique numerosa, mas mesmo assim uma minoria porque 60 a 80% dos europeus não partilham dos direitos

é ir às camas de hospital da Hospor cheias de ADSE´s e ADME's e CP's e outros com seguros de saúde pagos pelo estado

e ir ao Garcia da Horta ou ao hospital de Faro ou...etc

e no resto da europa continua a haver europeus de 2ª e 3ª

o que é preocupante é que a dita esquerda se esteja lixando para esses

são abstencionistas aparentemente

quem não tem nada a defender vai votar para quê

como dizia o Coelhonhe estamos incomparavelmente melhor que há 30 anos
infelizmente nem todos

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

O euro foi a única moeda que era também um projecto político

além disso durante 10 anos uma moeda estável

obviamente o novo iene asiático o do império do meio não necessita de uma europa unida (vai perder alguma coisa com a queda do euro) mas a longo prazo é a hegemonia europeia que se esvai...o qué bom

excepto para os velhos europeus

Anónimo disse...

S.R.Schewenninger, um dos mais " radicais " economistas dos EUA,assinala que a Europa-com grandes diferenças de crescimento e produtividade no seu conjunto-só se pode " salvar " em conjunto." A crise despoletou por causa da débil governance, excessiva especulação e regulação laxista. A opção austeridade só fará piorar tudo ainda mais ". Niet

Libertário disse...

O que está cada vez mais claro é que existe uma Internacional Capitalista, apesar das naturais divergências e contradições entre os estados e empresas associadas, a grande questão é que não existe desde o século XIX uma Associação Internacional dos Trabalhadores...Quando os trabalhadores europeus criaram uma associação internacional anteciparam as necessidades de uma futuro previsível.
Hoje, mais que nunca, só a associação internacional das classes subalternas (trabalhadores assalariados, precários, desempregados, excluídos, em resumo, todos os fodidos (as) do mundo)pode opor-se ao grande projecto de dominação que está a ser desenhado no século XXI.

Anónimo disse...

O intrépido Libertário tem razão: o austeritarismo vai criar um novo terrível e infernal processo de dominação politica e social de incalculáveis consequências para o futuro da liderdade e segurança dos assalariados.Como escreveu M. Bakounine, sabemos que a Cooperação económica e política, " só conseguirá prosperar, se desenvolver,plenamente,livremente e abranger toda a capacidade humana,única e acima de tudo baseada na Igualdade; quando todos os capitais, todos os instrumentos de trabalho, o solo incluso, forem atribuidos, a titulo de propriedade colectiva, aos trabalhadores ".

NB: Sherle R. Schwenninger ombreia com Dean Baker no lado contestatário aos economistas "clintonianos" de todos os horizontes, liderados pela dupla infernal pró-austeritária Rubin/Summers. D.Baker tem artigos deliciosos no Counterpunch. Liberté et Égalité. Niet

Diogo disse...

Está-se a dar demasiada importância a Merkel e aos oligarcas chineses. Mas quem manda é o Dinheiro, não é? Que está por detrás dele? Meio dúzia de fantoches, como é sugerido aqui?

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

meia dúzia de milhões de fantoches grandes

e umas dúzias de milhões de fantoches mai pequeninos

é muito fanto