19/09/13

Pavlos Fyssas não defendia a Nação



Quando, na Grécia, se multiplicam os ataques assassinos do movimento fascista Aurora Dourada a militantes de Esquerda, cuja assassinato de Pavlos Fyssas, com ligações ao Syriza, e a emboscada a membros do KKE, são os exemplos mais recentes, aqui há quem se afirme de Esquerda e escreva um texto de opinião a enaltecer o conceito de Nação, para o qual o Miguel Serras Pereira já chamou a atenção. Não sei se o Jorge Bateira o fez por lapso, porque acredita em  tal conceito, ou porque acha que a utilização deste tipo de linguagem torna mais apelativo o que defende perante a audiência a que pretende chegar. O que sei é que quando nos encontramos a defender uma mesma política concreta que quem connosco pouco tem em comum em termos de princípios políticos, é essencial utilizar conceitos que desde logo tornem claras essas diferenças para quem nos ouvir. O modo como pensamos depende de modo fundamental da estrutura e conteúdo (conceitos) da linguagem em que nos expressamos, que retiramos do caldo cultural em que estamos inseridos. Se não nos esforçarmos por incluir no noso discurso conceitos que encapsulam os princípios políticos da Esquerda, ou pior, utilizarmos deliberadamente, seja porque razão for, conceitos intimamente ligados a princípios políticos da Direita (como é o caso do conceito exclusivista e diferenciador de Nação), até podemos conseguir no curto prazo maior apoio para certas políticas concretas. Mas acabaremos por nos ver numa situação subalterna a médio-longo prazo em termos culturais. Os princípios políticos da Esquerda passarão a ser então incompreensíveis para a generalidade das pessoas a um nível tão fundamental, que muito dificilmente se tornará possível implementar políticas que com eles estejam de acordo.



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