18/09/13

Uma nota dissonante

Como nem só de ecologia e etc, deixo-vos o convite para o debate que vai decorrer pelas 18h de hoje e que inclui o Viriato Soromenho Marques, o Daniel Oliveira, o João Rodrigues e este que vos escreve, a propósito do livro recentemente lançado pelo Le Monde diplomatique e pelas Edições 70.
Deixo-vos um excerto do meu texto nesse livro, que retoma muitas das questões já abordadas noutro texto que escrevi para o Passa Palavra. Apareçam. 
 A osmose através da qual se confundem os interesses dos trabalhadores com os dos seus patrões é uma figura cheia de estilo mas com muito pouca substância, bastando constatar as mil e uma formas de controlo e coacção que se multiplicam no interior dos locais de trabalho para saber que a «nossa economia» é nossa apenas na medida em que não reivindiquemos mais do que o direito a nela sermos explorados. Trata-se certamente de um dispositivo engenhoso para banalizar a exploração e fazer do capitalismo a ordem natural das coisas, aspergindo-o de patriotismo para lhe poder chamar «nacional» e dessa forma esconjurar o antagonismo que o faz funcionar. Parece por isso oportuno introduzir uma nota dissonante na partitura e sugerir a hipótese de existir mais política do que a que cabe no Estado-nação, recorrendo a termos tão antiquados e irrazoáveis como «internacionalismo» e «classe» para responder noutros termos à questão que o Le Monde diplomatique oportunamente avança. A operação que aqui se propõe passa por deslocar a perspectiva, do plano nacional e institucional em que se vêm declinando as «alternativas» à austeridade, para o plano conflitual e saturado de contradições em que a economia política efectivamente opera e os interesses se dividem, segundo as linhas traçadas pela propriedade privada e pela acumulação do capital.


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