16/09/13

Mistificações pouco ecológicas: a propósito dos textos "contra a ecologia" de João Bernardo

A “ecologia” tem sido o objecto central de alguns textos de João Bernardo (JB) no Passa Palavra (só para linkar os mais importantes: 1, 2, 3, 4, 5, 6 - estes últimos três duma série ainda incompleta de 8 artigos). Muitas das suas críticas contribuem para uma reflexão necessária. Desde logo, ao apontar ideias e crenças associadas a certas expressões do pensamento ecológico que não só encerram potenciais consequências políticas perigosas, como são resultado de um pensamento acrítico, confortável no seu facciosismo, que recorre a generalizações, mistificações e deturpações de forma muitas vezes negligente. A importância do exercício de JB deve-se, também, à popularidade do tema. Preocupações ecológicas encontram lugar em praticamente todas as agendas e programas políticos, independentemente das diferenças políticas que os separam e indiferentes a clivagens sociais e identitárias. Essa popularidade ajuda a que muitos dos seus usos públicos sejam no mínimo superficiais, adoptando e reproduzindo chavões e ideias que sem qualquer tipo de problematização ou sustentação encontram a sua legitimação nessa popularidade. O exercício de JB é, além disto, importante porque procura deslocar o foco da análise da natureza e da depredação dos recursos naturais per se para o contexto e para as estruturas de produção e exploração que estão a montante dessas questões.

Mas há vários problemas no exercício de JB que deitam por terra praticamente todo o seu esforço. Para além da caricatura distorcida e pobre que apresenta da ecologia (daí ter colocado ecologia entre aspas na primeira linha do texto), incorre nos mesmos erros, deturpações e exageros em que incorrem muitos dos ecologistas a quem aponta o dedo. Toda a crítica de JB seria muito mais profícua se em vez de se dirigir ao que entende por “ecologia” visasse antes os tipos de argumentação e as formas de pensamento em que se sustentam algumas das ideias ecologistas, até porque estão longe de ser exclusivas de um só tema. O problema não é a ecologia em si. O acriticismo, a condescendência, o essencialismo, o autoritarismo e, em alguns casos, o obscurantismo e a mistificação podem ser encontrados com frequência nos debates que acontecem entre a esquerda. Lamentavelmente, pelo respeito que tenha pela obra de JB, estes textos, ao revelarem algumas dessas tendências, são um exemplo disso mesmo.



O problema começa logo na ausência de um esclarecimento – já nem digo definição ou conceptualização – do que JB entende por “ecologia”. Apesar de constituir o objecto central da sua crítica (afinal, para JB, é “a fraude do nosso tempo”, aqui), em lugar algum nos é dito com clareza o que o autor entende por um termo tão abrangente como esse. Sabemos, porém, que não se opõe somente a uma parte do que pode ser associado à ecologia, pois esclarece-nos, no mesmo texto, que a sua “oposição ao movimento ecológico (…) não é parcial mas total”. Talvez nada disto fosse grave, não fosse essa indeterminação do conceito ser o que permite a JB construir a sua argumentação através de enormes generalizações e deturpações derivadas duma selectividade em que o único critério parece ser a comprovação da sua própria tese. É também isso que sustenta o exercício viciado de tentar provar o carácter intrinsecamente obscurantista, retrógrado e autoritário da ecologia explorando apenas as suas manifestações históricas em figuras (e.g. Henry Ford), regimes e ideologias autoritárias, como os fascismos, o estalinismo ou Khmer Rouge (a excepção é o MST, tomado como exemplo da “agro-ecologia”, mais uma categoria bastante abrangente – e com um significado próprio na América Latina e, em particular, no Brasil – para a qual não é apresentada qualquer definição; tal não impede que JB considere que ocupe “um lugar central (…) nas correntes ecologistas actuais” [aqui], o que nós, humildemente, somos obrigados a aceitar). Atrevo-me a dizer que nada disto acontece por desconhecimento de outras correntes que se definem por relação à ecologia: JB apoia-se frequentemente no livro Eco-facism: Lessons of the German Experience, escrito por Janet Biehl e Peter Staudenmaier, duas grandes figuras da ecologia social, sem que no entanto alguma vez pareça considerar oportuno levar em consideração essa corrente. O que é compreensível, pois uma grande parte dos seus argumentos cairiam por terra.

Toda esta selectividade dá-nos, claro, uma ideia do entendimento limitado e fechado que tem de “ecologia”. Lendo todos os textos que dedicou ao assunto no Passa Palavra, podemos compor um retrato da ecologia em que esta se caracteriza como um movimento ou ideologia assente num mito do “equilíbrio natural”, intrinsecamente retrógrado, tradicionalista, organicista e “rousseaunista”, ferozmente anti-urbanista e ruralista, que “demoniza a indústria” e se opõe à ciência e à tecnologia, defende o regresso a técnicas de produção arcaicas, assim como defende o crescimento zero, uma economia de escassez e a agricultura familiar. Para JB, numa frase bastante reveladora do exagero do seu raciocínio, “entre o culto da natureza, enquanto apologia da autoridade e da tradição, e a invocação das raízes, enquanto legitimação do massacre rácico, a ecologia e a agro-ecologia contemporânea encontram o seu quadro inspirador”.

Não se surpreendam se aquilo que sempre pensaram ser a ecologia não corresponda em nada àquilo que JB diz que é, algo mais próximo do que poderíamos eventualmente entender por primitivismo (que nem é necessariamente ecologista). A generalização que nos é oferecida, construída através dum selectivo amontoado de ideias escolhidas sem outro critério que não seja o de provar o seu próprio argumento, assenta num raciocínio essencialista e determinista que nos deixa sem saída. Para JB, a ecologia é um todo, algo com uma essência própria, o que lhe permite, aliás, afirmar uma “oposição total”, e não parcial, à ecologia (aqui) ou, ainda, considerar que esta se “converteu numa verdade incontroversa” (aqui; bold meu) (ou, para o mesmo efeito, dizer sem hesitações que os “ecologistas são isto”, “os ecologistas pensam aquilo”, “os ecologistas defendem assado”). Somos, assim, levados a desconsiderar todos aqueles que se dizem ecologistas mas se distanciam da ideia de “ecologia” que JB constrói, vendo-os como um sintoma típico duma ideologia de massas, necessariamente flexível, enraizada ao ponto de constituir o lugar-comum de uma época (aqui). Como nos diz JB, ensaiando uma fuga pela porta dos fundos para escapar a quem o possa acusar de privilegiar apenas uns exemplos associados à ecologia e descartar todos os outros, “a ecologia é hoje uma corrente tão vasta e os seus defensores são tão numerosos que qualquer um pode escapar-se das críticas dizendo que elas não o incluem”. Assim, como a ecologia é, na sua essência, aquilo que JB nos vai dizendo que é, quando nos atrevemos a dizer que a nossa ecologia é diferente da que nos está a ser apresentada, contribuímos para reforçar essa ideologia tenebrosa que paira sobre nós. Como nos diz JB, “em qualquer ideologia de massas, a diversidade de opiniões, longe de a enfraquecer, assegura-lhe plasticidade”. Não temos como fugir a jogo. Em última instância, toda a ecologia resvala no mesmo e, como tal, acabamos sempre a reforçar o que JB entende serem os seus princípios. Quando dizemos que somos ecologistas, se levarmos as nossas convicções demasiado longe descobrimos que afinal não passamos duns primitivistas e obscurantistas, obcecados com as “raízes” e com a supremacia da natureza sobre a sociedade. Eu, que tal como JB tenho um grande fascínio pela cidade, não posso ser ecologista precisamente por esse fascínio, por desejar que as cidades possam continuar a existir em toda a sua dimensão reduzindo ao máximo o seu impacto quer na vida humana quer na natureza. No fundo, o que eu desejo é a destruição da cidade, são hortinhas por todo o lado e a recuperação do qualquer equilíbrio natural primordial que a civilização perturbou. Não há sequer a possibilidade de pensar em várias formas de equilíbrio, pois, afinal, o impulso telúrico e organicista que supostamente me domina levar-me-à sempre à procura desse equilíbrio natural originário. Como qualquer ecologista, tenho, como JB alerta, o “ascetismo como meta” (aqui), "oponho-me à sociedade industrial como um todo" e proponho "uma ruralização generalizada" (aqui).

O debate está fechado. Apenas podemos rebater as teses de JB se usarmos os seus próprios argumentos e exemplos. E o quadro que temos pela frente é negro, como já se percebeu. A ecologia “tornou-se hegemónica no que ainda se chama esquerda” (aqui; não parece ser importante que essa presença hegemónica não se tenha traduzido na defesa parcial (quanto mais hegemónica), entre a esquerda, das ideias que JB vê como fundamentais da ecologia). Em Portugal, “a ecologia e o crescimento zero obtiveram um novo, e estrondoso, sucesso”. Aliás, JB vê a “audiência crescente [da ecologia]” como “uma das manifestações da derrota sofrida pela classe trabalhadora na segunda metade de 1975” em Portugal (aqui). O problema não é de agora, portanto. E começamos a chegar ao domínio da teoria da conspiração. O enraizamento desta ideologia de massas, a sua consolidação como “verdade incontroversa”, teve como consequência a substituição do antigo espírito cívico: “se outrora havia uma moral a presidir ao trato entre seres humanos, hoje há uma moral que pretende gerir as relações entre a humanidade e o que se considera a natureza” (aqui; esta afirmação leva-me a perguntar quem é que está mais próximo do conservadorismo e quem é que mitifica mais o “antigamente”, se os “ecologistas” se o JB?). Como é que se deu a inculcação desta ideologia de massas que levou a tal transformação na moral? São vários os mecanismos, mas “a mentalização começa cedo e nas escolas, até nas creches, onde antes se ensinava o comportamento cívico, ensina-se hoje obrigatoriamente o comportamento ecológico”. Parte do sucesso da difusão das teses ecológicas, neste caminho para se tornar “a grande ideologia dos nossos dias”, deveu-se, também ao “Clube de Roma (…),fundado em 1968 e reunindo em diversos países empresários, altos gestores, figuras da tecnocracia científica e políticos”. Segue-se, depois, para enriquecer o complot, uma interessante equação entre a presença da “seita” dos ecologistas nos meios académicos e o papel do jornalistas (tudo aqui). A narrativa é de tal modo fechada que não há grande volta a dar; e o que poderia ser uma análise útil, perde-se completamente neste cenário totalitário. Para mim, o interesse pela discussão morre, pois está condenado à partida. Não consigo chegar sequer à partida em que se poderia começar a discutir a ecologia.

Em suma, uma análise que pretende ser uma crítica mas que não considera nem dialoga com aqueles que não encaixam na ideia pré-concebida do objecto visado pela crítica (ainda que se classifiquem por relação a ele), ignorando-os sistematicamente, não é uma crítica. É propaganda e aproxima-se da farsa.
Mais. A forma de pensar e argumentar são tão reveladoras de tendências autoritárias e obscurantistas quanto os objectos que escolhemos para a nossa acção política. Este é um desses casos. Denunciar o obscurantismo, a mistificação, a deturpação e o autoritarismo recorrendo também às mesmas práticas, ou seja, obscurecendo, mistificando, deturpando ou argumentando autoritariamente, não é algo muito compreensível a não ser que quem o faz considere ser dono duma verdade única e superior. E é dessa gente que eu tenho mais medo. JB parece ignorar que o autoritarismo deve muito mais a uma forma de pensar e debater do que ao conteúdo de certas ideias ou às opiniões em si. Ao recorrer a tais truques para construir a sua argumentação JB está a pôr em prática tudo aquilo que uma ideia só tem em potência. Nada disto me parece legítimo, por muitas erradas que possam estar as ideias do nosso interlocutor.

(E assim me estreio no Vias de Facto. Um muito obrigado por me receberem nesta casa que acompanho desde que existe e onde muito tenho aprendido)

10 comentários:

João Valente Aguiar disse...

Diogo,

bem-vindo.

Entretanto, li o teu texto e não encontro qualquer referência a modos alternativos da ecologia que o João Bernardo critica. Enquanto ele sistematizou boa parte dos argumentos de agrupamentos ecologistas (e que eu já enumerei na caixa de comentários num post abaixo), tu pareces ter preferido uma dissertação hermenêutica e sem qualquer referência a casos concretos contrários.

Por outro lado, escreves o seguinte: «Apenas podemos rebater as teses de JB se usarmos os seus próprios argumentos e exemplos». Essa saiu-te mal. Então se eu abordar "O Capital" vou discutir os argumentos que o Marx utilizou e plasmou no texto ou vou discutir "A Cidade de Deus" do Santo Agostinho? Em abstracto é possível ler o Marx a partir do Santo Agostinho. Duvido é que se possa descrever os argumentos do Marx sem nos referirmos ao que ele, de facto, expressou.

Depois ainda acrescentas àquela frase a seguinte: «E o quadro que temos pela frente é negro, como já se percebeu». Como já se percebeu? Tanta crítica ao autoritarismo e afinal tu já podes perceber pelo leitor? Uma abordagem pretensamente tão aberta como a tua e já decidiste pela opinião do leitor? Creio que a tua abordagem estritamente hermenêutica te levou a encerrares o debate nesses pressupostos (e que me parecem ter-te levado a cometeres as gafes que atribuíste a outros) como forma a não discutires as questões fundamentais que animam a generalidade das teses ecologistas: o anti-industrialismo, a rejeição da utilização de técnicas modernas na agricultura, a defesa do fim das experiências clínicas em animais, as teses da finitude dos recursos naturais, o decrescimento económico, etc. Se formos a ver bem, estes são alguns dos assuntos principais que o João Bernardo (e outros) têm abordado. Serão assim tão fechados e autoritários para que todos os defensores do ecologismo não os abordem? Serão assim tão fechados para que se prefira debater hermenêutica em vez destes processos concretos?

Diogo Duarte disse...

João,

Eu preferi aquilo a que tu chamas uma “dissertação hermenêutica” (e que de hermenêutica não tem nada, é só o resultado duma leitura dos textos que o JB dedicou ao assunto) porque, honestamente, não sou muito versado na ecologia, nem esta faz parte dos meus interesses prioritários. No entanto, minha ignorância ecológica não me impede de ver que o que ali está só muito vagamente corresponde à ecologia. Seja como for, deixo a tarefa de discutir as questões concretas da ecologia para quem saiba mais do assunto do que eu. Tenho, no entanto, um grande interesse por essas formas insidiosas do autoritarismo, especialmente quando aparecem em textos que procuram denunciar autoritarismos. Junta-se a este interesse a enorme urticária que me causa ler textos que tratam o mundo inteiro como um conjunto de papalvos alienados e que procuram transformar as suas obsessões pessoais no “zeitgeist”.

Quanto ao resto, para além de não ter visto grandes referências a esses “modelos alternativos da ecologia” (mas… se são alternativos não são hegemónicos, não?), mesmo que eles lá estivessem em grande número e não se diluíssem em toda a narrativa que nos é apresentada, a selectividade arbitrária do JB tornava-os em grande medida obsoletos.É muito fácil ir buscar os extremos absurdos de um tema para o ridicularizar ou rebater e esse facilitismo tem um nome: desonestidade. Seja como for, o JB até podia estar certo acerca de tudo o que diz sobre a ecologia que tal não lhe permitiria cair no essencialismo em que cai; ou seja, mesmo que tudo o que considera ser dominante na ecologia o fosse de facto, isso não significaria que não se poderia pensar outra ecologia antagónica a esses mesmos princípios (precisamente porque não há nenhum determinismo nem essencialismo na definição abstracta de ecologia que a maior parte das pessoas conhece e que o Pedro Viana ofereceu nos comentários lá em baixo) . É, aliás, o que muita gente tenta fazer. E JB ignora tudo isso, selecionando os exemplos que usa para a sua argumentação em função da tese que está a tentar provar. Desde logo, questiono-me, tal como disse algures no texto, por que é que ele recorre tanto à Janet Biehl e ao Peter Staudenmaier, duas das principais figuras da ecologia social, sem nunca se dignar a considerar tal campo da ecologia. Uma das respostas possíveis é que se o fizesse o seu quadro impressionista iria todo abaixo.

Acho que tu percebeste o que é que eu queria dizer no segundo ponto… O JB fala duma coisa a que chama “ecologia” e é só nos próprios termos do que entende por “ecologia” que a sua tese pode ser refutada. O que torna a refutação obviamente impossível. Todos os exemplos de ecologia, diferentes daquela que ele nos apresenta, que eu procure introduzir na discussão estão condenados à partida pelo seu quadro explicativo absolutamente fechado. O último parágrafo deste teu comentário, demonstra-o, ao considerares que o entendimento distorcido (para não ir mais longe) que vocês têm da ecologia corresponde “às questões fundamentais que animam a generalidade das teses ecologistas” (curiosamente, algumas das coisas que referes nem se relacionam com ecologia).

Quanto ao “já se percebeu”, é uma expressão retórica inofensiva, parece-me. Como se fosse preciso dizê-lo, referia-me obviamente a mim mesmo, à minha percepção, e perdoe-me o leitor se achou que estava a obrigá-lo a perceber o que não percebeu. Na pior das hipóteses, usá-la não faz de mim autoritário; apenas mostra que estou enganado, caso quem leu o texto não tenha percebido nada, tal como eu me atrevo a supor. Além disso, desculpa considerar um “quadro negro”, mesmo para um ecologista, estar perante uma ideologia hegemónica (!) que deseja o fim das cidades, da indústria, da ciência e da tecnologia, etc. etc.

Um grande abraço

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Diogo,

bem-vindo a bordo desta nave blogosférica.

Creio que, no essencial, subscrevo a tua análise. A verdade é que não admiro menos do que tu o conjunto da obra do João Bernardo e que sinto por isso mesmo uma perplexidade desconfortável perante as suas teses sobre a "questão ecológica" (digamos assim, de momento, para simplificar), em que não consigo encontrar a mesma lucidez que, ainda quando possamos divergir aqui ou ali, me parece timbrar inconfundivelmente outros seus escritos.
O problema parece-me ser o seguinte: o João Bernardo descreve em termos penetrantes, com erudição e agilidade raras, o modo como a "questão ecológica" pode ser inflectida como argumento ou elemento da dominação hierárquica e da sua ressacralização ou naturalização ressacralizante. Lamentavelmente, no entanto, parece não querer conceber que é possível formular a questão noutros termos - em termos alternativos e solidários de uma perspectiva de democratização radical. É como se levantar a questão da "relação com a natureza", das condições ambientes ou, para citarmos Sophia, de uma política da paisagem como "invenção atenta do que foi dado", fosse aos seus olhos a mesma coisa que a apropriação da "questão ecológica" nos termos que justificadamente ele denuncia, mas injustificadamente tende a considerar os únicos possíveis.
Esta é a minha posição, que julgo muito próxima da tua. Claro que é possível que estejamos a deixar escapar alguma coisa na leitura que fazemos do JB. Mas, a ser assim, resta-nos esperar que ele nos chame a atenção para esse facto e nos esclareça melhor.

Abraço para ti

miguel(sp)

Pedro Viana disse...

Caro Diogo,

Concordo, claro, com tudo o que aqui escreves. Por vezes acho que as discussões deviam ser feitas no mais completo anonimato, que é aliás um dos aspectos que me atrai na blogosfera. Tenho a certeza que mais rapidamente se conseguiria chegar a um consenso sobre a qualidade argumentativa de textos propostos para discussão e reflexão. A deferência voluntária perante a autoridade é mais perigosa do que a sua imposição na ponta duma espingarda.

Um abraço,

Pedro

Diogo Duarte disse...

De acordo, Miguel, nada a acrescentar.

Pedro, seria algo a que não me oporia, e acho que essa hipótese até podia ser considerada para lá da internet. Por outro lado, também encontro coisas que me agradam neste lado autoral da escrita, e, acima de tudo, desejo que não tenhamos que chegar a esse ponto, pois quero crer que é possível debater sem qualquer tipo de deferência.

Um abraço aos dois

João Valente Aguiar disse...

A deferência a que o Pedro Viana se deve estar a referir é aquela que se limita a distribuir salamaleques e aplausos, como o seu último comentário demonstra. Aliás, quando o Pedro Viana se revela incapaz de discutir as teses ecologistas e passa à pessoalização e à comportamentalização da política só demonstra o quanto ele projecta nos outros o autoritarismo de que padece.

Felizmente esta gente não está no poder senão ainda acabávamos todos numa hortinha a cultivar mezinhas com as mãos e uma sachola, mirando ao longe as maravilhas das cidades desertas e do PIB reduzido a pó. Que felizes viveríamos sem vacinas, sem tecnologia e sem animais testados para criar novos medicamentos.

Bem-aventurados os que crêem no decrescimento económico e na mãe natureza, pois deles será o reino dos céus. Amen!

Miguel Madeira disse...

A respeito da referência do JVA aos produtos testados em animais:

eu tenho em casa vários livros sobre "ecologia", "poluição", "protecção às espécies ameaçadas", etc. e em nenhum vi qualquer critica aos testes em animais.

Parece-me que, neste ponto, o JVA está a confudir "ecologistas" como "defensores dos direitos dos animais" (duas correntes independetes, ainda que com algumas áreas comuns)

Miguel Serras Pereira disse...

Pedro (V) e João (VA),
já na caixa de comentários po post do João, que, ao retomar parte de um ensaio do João Bernardo em curso de publicação no Passa Palavra, serviu de ponto de partida a este debate, tive ocasião de protestar contra certos golpes polémicos ad hominem, cujos efeitos estão à vista e sobre cuja toxicidade para a troca de razões entre iguais me dispenso de insistir. Pensei que as coisas se recompusessem por si, mas enganei-me. Só tenho isto a dizer-vos: o último comentário do Pedro e a réplica do João são inaceitáveis, comportam juízos de intenções abusivos, viram-se contra os seus autores e distorcem fatalmente as razões e a expressão da faculdade de julgar de cada um deles. Vejam, por favor, se conseguem retomar "o fio de linho dapalavra", cuja tecelagem é a que mais convém entre iguais que lutam pela liberdade de uma sociedade de iguais. Desculpem o sermão… e aqui fica um forte abraço para ambos

miguel(sp)



João Valente Aguiar disse...

Miguel Madeira,

basta ir à PETA ou à Greenpeace, só para citar algumas das maiores transnacionais do ecologismo, e encontrar inúmeras referências contra os testes clínicos em animais. E nem sequer vou às organizações mais pequenas que pululam por todo o lado. Se o ecologismo só existisse nos livros...

Miguel Madeira disse...

A PETA não é uma organização ecologista, é uma organização de defesa dos direitos dos animais.

No caso da Greenpeace, sim, é uma organização ecologista, e confesso que não conhecia a sua posição (ainda que a posição - se ainda é esta - também não me parece muito radical: basicamente é "se houver alternativas, somos contra os testes em animais")