O que aconteceu hoje às portas do Hotel Tivoli é um exemplo do que aí vem. Os e as trabalhadores/as da cadeia de hotéis exigiram aumentos salariais iguais para todos (mais 20€ ao mês), de maneira a unificar todas as categorias numa só luta. A administração respondeu com a contratação de trabalhadores a prazo para substituir os grevistas (que são efectivos) e parece que até lhes arranjou um sítio onde dormir nas suas instalações, para evitar contactos indesejáveis - sabe lá o que poderia acontecer se fossem forçados a confrontar-se com aqueles cuja greve estão a furar?
Depois aconteceu o costume. Seguranças musculados impediram o piquete de greve de bloquear os acessos ao edifício. Chamada pela entidade patronal, a polícia acorreu com a costumeira solicitude intimidando os grevistas e «repondo a normalidade». Ou seja, a decisão ilegal de substituir trabalhadores em greve por outros que em breve serão dispensados foi, na prática, assegurada por agentes da PSP. Parece que já estão na linha de montagem mais dois mil.
Como as coisas estão, não sei se os empresários do ramo da hotelaria não deveriam reivindicar mais uns quantos para seu uso exclusivo. Não faltarão oportunidades para lhes dar bom uso. Em tempos de crise, haverá sempre uma normalidade qualquer a repor algures - certamente não faltarão trabalhadores em greve decididos a não pagar o custo da crise, desempregados disponíveis para tudo e patrões conscientes da sua impunidade. Até poderão prestar esse serviço a outros sectores patronais, incapazes de assegurar tão sólida garantia para policiar os seus actos ilícitos, dissuadir os grevistas mais «irresponsáveis» e os ânimos mais «exaltados».
Sim, nos tempos que correm, o patronato precisa de toda a polícia disponível para pôr em prática esse crime organizado a que vimos chamando «precariedade». Ainda chegará o dia em que a PSP se verá forçada a prender inspectores do trabalho para «repor a normalidade».
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