26/10/10

Cavaco e o desígnio penoso

O anúncio da recandidatura de Cavaco foi um longo bocejo. Em redor, a câmara dava-nos imagens das figuras cimeiras do PSD e do cavaquismo, gente que o acompanhou nas suas diferentes reencarnações, todos com ar de quem espera que a próxima frase seja empolgante. O elenco de banalidades sem chama foi entrecortado pelo anúncio de que não seremos brindados com outdoors da sua figura porque "neste momento ninguém compreenderia esse gasto". Dias Loureiro, antigo conselheiro de Estado e velho protegido de Cavaco, não estava lá para aplaudir. Já mais para o final ainda houve tempo para revelar o providencialismo de que se acha imbuído. A situação é difícil, disse, mas seria pior "sem os alertas que fiz, sem os futuros que apontei". E informou que a sua recandidatura é movida pelo "apelo do dever", já que se olhasse para os seus "interesses particulares não se candidatava". Cá fora, esclareceu que não responderá a quaisquer críticas dos seus adversários. No fundo, Cavaco entrou numas eleições fazendo questão de mostrar que acha uma chatice a disputa eleitoral e o debate democrático. Manuela Ferreira Leite estava lá e aplaudiu. Pode ser que o país esteja sintonizado com os interesses particulares de Cavaco e o ilibe em Janeiro desse desígnio penoso.

1 comentários:

Grunho disse...

Quando apareceu aquela figura de cangalheiro fui dar uma volta.