24/10/10

"Cumprir horário"

A respeito deste artigo sobre os funcionários públicos, é interessante a conotações negativa que tem "cumprir o horário" ou "trabalhar das nove às cinco".

Vamos lá ver - se eu for a uma livraria e comprar, digamos, "Os melhor contos de H. P. Lovecraft", o que recebo é... "Os melhores contos de H. P. Lovecraft", não os "Os melhores contos de H. P. Lovecraft" mais um livrinho qualquer que a loja me decide oferecer (a menos que seja uma promoção previamente anunciada).

Quando vou comprar uma calças, o que recebo são as calças - não as calças mais um par de peúgos.

Quando compro um saco com 1 Kg de batatas, é suposto o saco ter lá dentro... 1 Kg de batatas, não 1Kg e 300 gramas.

Se no talho pedir 600 gramas de bife, provavelmente até receberei mais do que as 600 gramas, mas pagarei o preços das 632 gramas (ou lá o que for que o talhante tenha cortado), não o das 600 gramas.

Quando comprei a minha casa, e depois de assinar o contrato, o vendedor não me disse "Ah, além do apartamento, pode ficar também com aquela garagem que tenho noutro prédio".

Ou seja, em quase todas as relações comprador/vendedor, é suposto o comprador pagar o preço combinado (nem mais nem menos) e o vendedor entregar o produto combinado (nem mais nem menos). A excepção é a relação patrão/empregado, em que, por qualquer razão, se considera que o vendedor (o empregado) deve dar sempre mais um bocadinho ao comprador (o patrão) do que o produto contratualizado (ficar sempre mais um tempo após a hora da saída; fazer algumas tarefas que não estão na descrição de funções, etc.).

2 comentários:

Anónimo disse...

Os "servidores" públicos ouvidos pela Fernanda Câncio são todos exceleentes funcionários que até compreendem todas as medidas tomadas por este governo e não se zangam. Estão um pouquinho tristes mas extremamente orgulhosos.
Nem um queixume, protesto ou ânimo mais exaltado contra o "patrão": o governo.
Ela não vive mesmo neste mundo!...

Filipe Abrantes disse...

Pelo amor de Deus.. o problema é obviamente a sinecura que é ser funcionário público face ao privado. Por isso metade (ou mais) dos portugueses o que mais queriam era ter um emprego no estado.