17/08/10

O porventura irreversível declínio da Europa

Ali em baixo, a respeito disto, o LR do Blasfémias comenta: "Miguel, faça lá as fusões e cisões que entender intra-blocos e crie todos os rankings possíveis e imaginários. Isso não tira que o bloco asiático - mesmo incluindo o Japão em contra-ciclo - está com uma dinâmica claramente superior ao bloco europeu".

Um gráfico comparando o crescimento económico de China+India+Coreia do Sul+Japão+Taiwan+Filipinas+Tailândia+Malásia+Indonésia (que poderemos considerar como representativa do bloco asiático) como a "Europa dos 12" (representativa do bloco europeu). Os valores representam o PIB em dólares a preços correntes (o ideal seria a preços constantes, mas acho que o FMI - a minha fonte - não tem esses dados; de qualquer forma, como a comparação é feita em dólares e não na moeda local penso que não há grande problema em usar preços correntes). "100" corresponde ao valor do PIB em 1994:

Ou seja, o crescimento económico da "Europa" e da "Ásia" nestes ultimos 15 anos foi essencialmente... idêntico! E são não fosse uma queda desde 2008, a "Europa" estaria a crescer mais do que a "Ásia".

Admito que poderia haver variáveis mais adequadas para comparar mas, de qualquer forma, isto parece indiciar que não há nenhum crescimento fenomenal da Ásia comparado com a Europa.

4 comentários:

Ricardo Noronha disse...

Não têm pedalada para ti Miguel. E o que fizeram os gigantes asiáticos - entre outras coisas, bien sure - para serem poupados à crise de 2008? Bom, talvez se possa dizer que terem evitado a desregulação do sistema financeiro poderá ter sido uma boa razão.

Luis Rainha disse...

QED. Belo e sucinto post.

Miguel Serras Pereira disse...

Bem metido, caro camarada Miguel M.
Adensam-se assim as suspeitas de que as intermináveis admoestações sobre a necessidade de enfrentar a concorrência chinesa ou dos modelos asiáticos em geral correspondem a desígnios de importar esses modelos e as suas concepções sobre a "sociedade harmoniosa" para disciplinar a mão de obra ocidental.

Abraço para ti

miguel sp

Anónimo disse...

O post do Miguel Madeira é excelente e é com pena que constato que não recebeu ainda qualquer reacção nas bandas blasfemas.

Mas não podemos perder o norte no que toca à questão económica: não duvidemos que a margem de progressão da China de hoje, tecnologicamente cada vez melhor, permitirá uma ultrapassagem ao Ocidente e veremos as bandas liberais ocidentais advogar que o mercado livre exerça pressão no sentido de aumentar o tempo de trabalho. Isto é, é completamente irrelevante se a China está assim ou assado no que toca ao PIB, na medida em que não quereremos seguir o seu modelo desumano.

Esta é a minha posição, já agora, face à potencial superioridade do socialismo face ao capitalismo. De que nos servirá ter uma economia a crescer 20% ao ano se no que toca a liberdades individuais haverá restrições absurdas, por exemplo a nível de mobilidade, em que a massa de cidadãos que pode migrar de uma região para outra, é tal que não estrague o "plano"?