27/08/10

Os calimeros vermelhos

Afinal, quem esperava um candidato do PCP que justificasse um voto de protesto e de cansaço com o carrossel que teima em impingir-nos sempre as mesmas cavalgaduras é «imbecil». E apontar a falta de pedalada do candidato que não soube mencionar um só livro lido recentemente ou a sua evidente inabilidade para estas andanças é sacar da «cassete». São todos maus ou ancorados a interesses inconfessáveis. A redenção, a pureza e a transparência só moram nas caves da Soeiro.
O Rafael é apenas mais um dos que lentamente vai corroendo o PCP por dentro, julgando prestar-lhe perseverantes serviços: importa é falar para quem já lá está e virar costas com orgulho a quem nos questiona. Urge é cair no ridículo de falar na «(irritante) insistência em não acreditar em Homens providenciais» do partido, como se alguém pudesse ler isto sem desatar a rir. Toca a invocar "argumentos" como a salvífica natureza operária do candidato ou o facto de não ser «dê-erre» – quando Francisco Lopes é tão licenciado quanto Alegre, sendo político profissional há 36 anos, desde que abandonou o ensino superior.
Claro que os fiéis acorrem em barda a celebrar alucinações como a «juventude» do candidato e o «futuro» que traz na mochila. Se calhar, basta mesmo arrebanhar os militantes.
Eu, como votante ocasional no PCP, repito: fiquem lá com o vosso candidato tão firme e confiante no futuro, que eu fico com o meu voto. Ainda não sei onde irei com ele; mas sei que por aí não vou.

5 comentários:

rafael disse...

o amigo Rainha parece ter um ego demasiado inchado, nao sei. Sabe, meu caro amigo, reafirmo que é uma imbecilidade de todo o tamanho dizer q qualquer funcionário do PCP é carreirista, pq tenho muitos dos meus proximos nessa condiçao. A grande maioria trocou carreiras muito mais lucrativas em troca de uma vida dedicada a uma causa. Eu admiro-os, voce nao?

O amigo Rainha parece-me conhecer bem, visto que serei uma das causas da corrosao do PCP. Ao contrário do que pensa (ou tem a certeza?) nao viro costas à critica em interna nem externa. Mas dou-lhe o valor merecido pela sua capacidade argumentativa. O amigo Rainha na sua argumentaçao tem usado de uma demagogia algo bacoca na minha opiniao, mostrando (tb na minha opiniao) um sectarismo primário que consiste em colar uns rotulos nas pessoas para matar qualquer tipo de discussao.

As minhas criticas a Alegre, a Louça (pelo apoio expresso) e a Cavaco prendem-se com atitudes claras, com actos concretos que acham repudiaveis do ponto de vista ético, nao porque Alegre seja um social-democrata (e mesmo esse argumento já me parece ser superior às suas objecçoes ao Xico) nem porque Louça é um esquerdalho inconsequente, ou seja, nao me deixo ir pelos rotulos... Quer fazer uma critica ao Xico, entao faça como deve ser: acuse o homem de se mostrar pouco aberto, de ser autoritário, de na reuniao A ou B ter tido um comportamento digno de censura, por favor, Rainha, critique, mas com sentido.

Um abraço
Rafael

Luis Rainha disse...

O amigo Rafael tem um problema cognitivo, pelo menos quanto a estes assuntos. Já expliquei como é que se é carreirista no PCP (ou nos bombeiros voluntários, por exemplo): ter um projecto pessoal de poder dentro das estruturas, andar sempre encostado a quem manda mais, ter mais em vista o seu avanço no partido do que o avanço do partido. Não parece difícil de perceber.
Não precisa de me explicar como é ser funcionário do PCP. Pergunte aos seus colegas do 5Dias porquê, se tiver curiosidade.
Serei bacoco, sectário e o que quiser. Mas não vou votar no vosso candidato nem que a vaca tussa.
Que tem isto a ver com "ego", ó Rafael das certezas inoxidáveis?
Mais: trabalhei durante anos, mesmo de borla, em campanhas do seu partido. Fui mantendo a esperança de que um dia is ter razões para me orgulhar disso. Mas não.
As críticas estruturadas guardam-se para quem as merece. Com este ruim defunto, nem a cera mais manhosa é bem empregue.
Fiquem lá com os votos dos militantes e desistam do resto. A bem da verdade, tenho pena; mas é convosco.

rafael disse...

ò amigo Rainha, esclareço só apenas um pontos consigo, visto que já vi que nao lhe consigo arranjar uma critica mais tenaz e estruturada à candidatura do Xico (parece que nao merece, nao é?):

1) o inchaço do ego que eu supos prende-se meramente com o facto de a unica alusao a uma opiniao sua seria o classificar de imbecil o hipotetico carreirismo do Xico, coisa alias que ainda nem sequer se deu ao trabalho de explicar. Diz que é carreirista e já está. Fala de atitudes genéricas para classificá-lo de carreirista, mas nao explica como é que o Xico Lopes encarna estas atitudes genéricas. O resto dos improperios foram retirados de várias fontes que fui ouvindo. Acho que o Zé Neves explica bem num post da vossa casa o porquê de serem uma cassete...

Nao se preocupe que nao estava a tentar convence-lo a votar no Xico, apenas a tentar sacar-lhe uma argumentaçao mais seria.

Nao consegui e tenho pena.

Um abraço
Rafael

Abominável Zé das Neves disse...

Rafalito, vocemessê é um bom camaradita mas é um pocochito ingénuo em relaçao a esses ranhas etc. sempre a trata-los por tu e sempre com abracinhos para aqui e para acola. mais firmeza homem,
assinado um ex-operário comunista da lisnave

Luis Rainha disse...

Rafael,

De onde saquei o meu diagnóstico do "Xico", lamento mas não lho vou dizer. Saiba, no entanto, que já tive ocasião de conhecer o partido de bem perto, como "amigo" útil.
Quanto a uma crítica à candidatura em si, já a tem no que escrevi: escolher um elemento do colectivo para uma eleição personalizada só porque ele lá está com a posição de domínio que conhecemos, é uma fraqueza.
É esquecer que esta eleição podia servir para reafirmar vitalidade eleitoral, para disseminar mensagens, para exprimir um grito de vida de um PCP ainda aberto e atento ao mundo.
Exibir como candidato alguém que não sabe bem o que anda a ler e tem como autores de referência Saramago e Cunhal é apenas dar razão ao estereotipo e jogar o jogo ds vossos adversários.
MAS claro que a tal carreira do "Xico" (a tal que nem existiria) já há muito apontava para este feio momento.