28/08/10

Um Censor (Auto)Censurado?

Estava eu a ponderar se valeria a pena ou não ocupar-me da leitura por escrita própria de mais um post de Carlos Vidal prometedoramente intitulado Sobre a criação de um Índex de comentadores (e uma curiosidade que tal pode legitimar) quando este desapareceu do 5dias. Se clicarem aqui, poderão ver ainda o título do post, mas pouco mais: a data, a hora e as palavras que enquadram o título:


cinco dias » Sobre a criação de um Índex de comentadores (e uma ...


28 ago. 2010 ... Sobre a criação de um Índex de comentadores (e uma curiosidade que tal pode legitimar). 28 de Agosto de 2010 por Carlos Vidal ...
5dias.net/.../sobre-a-criacao-de-um-index-de-comentadores-e-uma- curiosidade-que-tal-pode-legitimar/


O post em causa documentava bem a deriva fascista do seu autor, bem como as afinidades electivas entre o registo político totalitário e o registo psíquico paranóico e megalomaníaco. Mas nada trazia de novo, quando muito explicitava a fúria censória e o ódio à democracia habituais no ideólogo. Apesar de tudo, sendo pouco usual o desaparecimento de um post sem mais nem porquê, dificilmente cada um de nós se deixará de interrogar sobre o sucedido. Acidente informático, puro e simples? Intervenção do sionismo global, disfarçada de acidente informático? Ou, hipótese mais verosímil: acto de auto-censura do censor Vidal, querendo demonstrar que o seu inegociável ódio à liberdade de expressão não recua perante as suas próprias produções geniais? Se foi esse o caso, talvez haja para aí quem se disponha a fazer notar ao  pobre fascista de combate que o excesso de zelo comprometeu o efeito pretendido e que teria sido preferível adoptar o bom velho método — que nada tem de comunista, ao contrário do que muitos ainda julgam - da auto-incriminação dos processos de Moscovo na segunda metade dos anos 30 a recorrer a uma censura que, só porque não ousa dizer o seu nome e sacrifica a preconceitos democráticos residuais,  faz desaparecer as provas e, com elas, o excelso exemplo do seu próprio exercício.

14 comentários:

Sérgio Lavos disse...

Eu vou pela segunda: intervenção do sionismo global. Mas com uma nuance: ele apagou post porque foi controlado telepaticamente por um espião da Mossad que o obriga, de vez em quando, a fazer figuras muito tristes. É bem capaz de ter sido isto

Pascoal disse...

Encontrei esse post nos feeds quando já não estava no blog.
Achei-o pidesco e comentei-o no post seguinte.
O Vidal cortou o meu comentário mas respondeu-lhe dizendo que eu fazia parte do "Índex"

C Vidal disse...

É você o V. Calisto?
Ora bem.
Não tem vergonha?

(E só faltava aqui o islamofascista.)

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Sérgio Lavos,
num outro comentário, o Pascoal confirma, de entre as três que apresentei, a minha última hipótese. Mas, claro, a sua leitura introduz novas perspectivas. Talvez tenhamos de voltar ao caso.
Abraço

msp

Caro Pascoal,
muito obrigado por corroborar o meu post. Claro que a coisa era pidesca: propunha uma lista negra de nomes de comentadores a fichar, e prometia que quanto aos bloggers ainda não se pronunciava, mas lá se ocuparia deles a seu tempo.
Valia a pena, apesar de tudo, publicar o post na íntegra, mas eu não consigo aceder senão ao fragmento que o post transcreve.

Saudações democráticas

msp

Sérgio Lavos disse...

Caro MSP,

a última hipótese, claro, eu estava a brincar. Mas aqui o "islamofascista" não põe de parte a ideia de que, de tempos a tempos, o Vidal seja tomado por assomos místico-paranóicos. As leituras de Bataille, Deleuze e das encíclicas de Ratzinger devem ajudar ao extâse.

C Vidal disse...

Era um post fraquito, muito fraquito, mas se lhe alimenta os "sonhos molhados" e as "sedes nocturnas", cá vai (e não se esqueça de agradecer no final):
«Ora bem, depois de duas ou três recentes polémicas em que recentemente me envolvi (sem nexo), surgiu-me a ideia da criação de um índex de nomes e comentadores em relação aos quais terei de ter (teremos, diria mais, e explico porquê) uma atenção distraída, uma vez que ao 5dias vêm não propriamente para ler e discutir o que quer que seja, ou participar num ou noutro fórum, mas apenas para "seguir" postagens de fulano tal.
Os nomes destes "comentadores" (por agora não me refiro a bloggers) poderiam facilmente ser alinhados e enumerados, uns verdadeiros, outros anónimos/pseudónimos, quiçá o mesmo comentador, etc., etc. Não vale a pena mexer nisto com detalhe, até porque um "nome" é coisa pouco útil e indefinida. Mas uma primeira leva seria fácil de aqui alinhar, fico-me agora, entretanto, por um tal "XY" (não era anónimo). Lembrei-me disto, de um índex, pelo seguinte: recebi um comentário deste "XY" no meu post, «Sr. Pereira, Pacheco Pereira de nome completo (assim consta no “Passeio da Fama” do Castelo do Queijo), então o sr. não sabe, com a sua idade, que não basta espetar um garfinho num bolo de chocolate ou às vezes tomar um cafezinho na Casa de Chá do jardim de Serralves para poder opinar sobre arte, pensamento e cultura contemporâneas??», um comentário normalíssimo (e lá, nessa caixa, mantive discussões interessantes, apesar de mais interessante ter sido a minha longa e muito proveitosa conversa com João Gonçalves).
Mas acontece que deste mesmo "comentador" recebi também uma mensagem desta feita para o endereço "Docentes de X". O e-mail veio "vazio", mas sei que pelo menos algumas pessoas receberam uma "mensagem" de "XY". Pergunto-me:
- O que quereria este indivíduo lá colocar? Porque não se limitou a escrever qualquer coisa numa caixa do 5dias?
- Quis lá colocar algo, enganou-se, apagou e fez click em "Enviar" e a coisa veio vazia?
Tudo isto para dizer que um índex, por vezes, é coisa adequada. E que, os do costume, não se admirem de ter "prosa" futura rasurada. Há sempre mais posts para ler e comentar, aqui ou noutro lugar.» The END.

Você, pelos vistos, pequeno cérebro mórbido, prefere isto ao velho cine Olímpia, eu prefiro o Olímpia. O Olímpia de sempre. Fique com Deus.
(Já agora, se quiser publicar e dissecar isto, publique todo o comentário. Senão, estamos mal...)

Miguel Serras Pereira disse...

Que eu saiba, nunca censurei um comentário do fascista que aqui urra. Ele, sim, já me censurou e escreveu que assim continuaria a fazer. Não mostrou arrependimento, mas faltou-lhe a coragem - ou o apoio de uma matilha suficientemente disciplinada para cumprir a ameaça. Até mais ver.

msp

Luis Rainha disse...

Eu vou pela teoria da zanga do CV com o CV. Aliás, já vi por aí um tipo que encerrou um blogue depois de auto-cisma similar: http://zonafantasma.blogs.sapo.pt/41794.html

Luis Rainha disse...

«Senão, estamos mal...»? Mas esta fraca figura tem o seu descaro, lá isso tem...

C Vidal disse...

LMR, a nossa conversa está mais do que terminada.

João José Cardoso disse...

Falta o vídeo, significativo mas fracote:

http://www.youtube.com/watch?v=7EyMIWrDHZw

Anónimo disse...

Desculpem lá mas isto não se faz: apanham o João Tunes de vilegiatura e vá de considerar um grande «caso» que alguém apague um «post».

Pois, quando o vosso companheiro de blog regressar, perguntem-lhe o que ele fez àquele «post» em que amesquinhava a participação no 1º de Maio por comparação com a visita do Papa e com a celebração da conquista do campeonato pelo Benfica no Marquês de Pombal.

Esclareço entretanto que estou completamente de fora dos galhardetes trocados entre C. Vidal e os titulares deste blog.

Miguel Serras Pereira disse...

Um nobre fascista é assim mesmo: tentou auto-censurar-se e a coisa saiu-lhe mal - mas da censura nunca se desiste: agora quer censurar aqui a tua conversa, Luis. Senão… senão o quê, já agora? Vamos deixá-lo pensar e compulsar a última crónica do Vasco Pulido Valente.

msp

Miguel Serras Pereira disse...

Ora, Vítor Dias -
1. não era um post qualquer: era um post que denunciava uma perseguição política obscura e propunha a construção de um ficheiro de comentadores suspeitos (e, na lógica familiar ao CV, se supsitos, logo culpados - pois que, se não fossem culpados, não seriam suspeitos, se é que me faço entender: eu sei que não é fácil, mas a gente acaba por conseguir apanhar o fio condutor).
2. A auto-censura era só uma hipótese perante o desaparecimento extemporâneo de um post. Hipótese confirmada por um comentador que viu o seu comentário cortado e a quem foi dito que fazia parte do "Índex".
3. O meu post não se pronuncia sobre a legitimidade ou ilegitimidade de retirar um post de circulação. Por mim, penso que é preferível não o fazer, introduzindo uma nota, ou, na alternativa, fazê-lo deixando discreta constância do acontecimento ("post apagado pelo autor" - "post apagado por um dos responsáveis do blogue"). Mas não faço disto uma questão de princípio. No caso presente, limitei-me a dizer que "sendo pouco usual o desaparecimento de um post sem mais nem porquê, dificilmente cada um de nós se deixará de interrogar sobre o sucedido". E depois falava da hipótese da auto-censura, apoiando-me no teor do post que lera e que, creio, tinha o direito de comentar - exactamente como você comenta um post que o meu camarada e amigo João Tunes terá apagado. Só seria menos correcto fazê-lo se o autor do post, ao apagar o post, tivesse explicado que cometera um lapso, que o post lhe saíra distorcido, etc., etc. Nesta mesma caixa de comentários, temos a intervenção do Sérgio Lavos que, tendo publicado um post que foi interpretado como dizendo o contrário do que ele pretendia dizer, assumiu - talvez com excessiva prontidão - que o problema se devia à redacção do post, pelo que, mantendo-o publicado (para não ter de apagar ou de reduzir ao absurdo vários comentários), o corrigiu por meio de uma adenda.
5. Passámos assim à discussão de uma deontologia da blogosfera. Não creio - mas estou pronto a discuti-lo - que devamos tentar formalizá-la demasiado. Mas isso já é outra questão.

Saudações republicanas

msp