06/10/10

American Dystopia


Retrato duma sociedade em desagregação. Infelizmente, já vimos o processo ocorrer antes. E acaba no fascismo. Não estou optimista.

10 comentários:

José Luiz Sarmento disse...

Pelo que pude ler na imprensa americana sobre o incidente relatado, e sobretudo nos comentários dos leitores, notei uma profunda e quase unânime revolta contra a ideologia do "cada um por si".

É claro que só uma minoria dos americanos lê jornais de circulação nacional, e uma minoria ainda mais pequena comenta em blogues. Mas o que há talvez chegue para barrar o passo ao fascismo.

Anónimo disse...

A américa tem 50 estados, centenas de milhões de pessoas, uma diversidade cultural interna enormemente mais complexa que a realidade plurinacional europeia e no entanto há sempre uns intelectuais de pacotilha que vêm do pais mais homogéneo da europa prontos a vaticinar as trevas que se abatem sobre a América. Caro Pedro Viana, a ocorrer um novo estado autoritário garanto-lhe que acontece mil vezes mais depressa em Portugal que nos Estados Unidos.

Pedro Viana disse...

O incidente em causa, a indiferença dos bombeiros perante o fogo que queimou a casa do sujeito que não tinha subscrito a "protecção contra fogos", é apenas um dos vários relatados no artigo referenciado no post. Infelizmente, faz parte dum proceso mais global nos EUA que muito dificilmente será revertido tendo em conta a escassez crescente e a imensa polarização social. Espero sinceramente estar errado.

Pedro disse...

"uma diversidade cultural interna enormemente mais complexa que a realidade plurinacional europeia"

Está longe de ser verdade. Obviamente, não conhece os Estados Unidos. A main street de uma cidadezinha do oeste é igualzinha a uma main street do leste, as mesmas lojas, o mesmo consumo, os mesmos gostos. É um nivelamento cultural quase perfeito.

Anónimo disse...

o facto das cidades medias americanas serem todas parecidas nao eclipsa o facto de ser um pais extremamente variado. E mesmo em qualquer dessas cidades basta ir para la da superficialidade para perceber o quanto sao diferentes. Do sul predominantemente negro, ao oeste latino, as costas culturalmente mais sofisticadas, ao bible belt, ao sudoeste muito mais ateu, as 200 linguas faladas em Nova Iorque, as comunidades mexicanas de LA que nem sequer espanhol falam, a incrivel quantidade de publicacoes e jornalismo local, etc. Alias o que o pedro diz a partir de um pais que e 90% catolico e outros 90% branco e ridiculo. Conheco melhor os estados unidos do que possa pensar, afinal vivo ca e tudo.

Anónimo disse...

sugiro alias que, haja a oportunidade, ponham estas mesmas questoes ao Michael Hardt

hf disse...

nao terá o citado individuo da casa ardida tido a atitude individualista ao nao querer contribuir para o funcionamento dos bombeiros. Faz lembrar aqueles ricos que nao querem pagar impostos porque acham que poderao suprir-se a si proprios toda a vida e é o que interessa

José Luiz Sarmento disse...

Pedro Viana, mas precisamente o que me impressionou na reacção dos americanos que comentaram a notícia foi a contextualização que fizeram desse incidente no processo mais global que você menciona. Não li nenhum comentário que considerasse isto um caso isolado. Li alguns, muito poucos, que defendiam a ideologia subjacente ao que aconteceu; e li outros, a esmagadora maioria, escritos por gente que percebeu exactamente aquilo que você percebeu.

O que eu já teria feito, se fosse o Presidente Obama, era uma visita ao cidadão cuja casa ardeu. Seria bom para ele, seria bom para o Partido Democrata, daria força à vítima numa eventual litigação, e forçaria o Partido Republicano a pronunciar-se sobre o assunto, o que não poderia fazer sem meter os pés pelas mãos.

hf disse...

http://publico.pt/Sociedade/policia-vai-diminuir-despesas-com-cortes-no-telefone-agua-luz-e-deslocacoes_1459815

Pedro disse...

Eu não disse que as cidades americanas são parecidas, embora isso já seja um sinal de nivelamento. Falei em hábitos culturais, mesmo. Um chicano consome mais ou menos o mesmo do que um novaiorquino wasp. A lingua é um aspecto perfeitamente superficial. E é claro que existem muitos jornais, assim como canais de tv e estações de rádio, porque o país é grande. Não digo que haja diversidade cultural. Mas dizer que é imensamente mais variada do que na Europa, não é correto. Há incomparável mais diferença entre um sueco de Estocolo e um habitante de uma ilha do mar Egeu, (não estou a falar sequer na lingua e na cor dos olhos) do que entre um habitante do bible belt e um habitante de Boston. Falo de cidadãos americanos, mesmo. Não falo das comunidades imigrantes, legais ou ilegais, que mantém os seus hábitos culturais arreigados, mas isso acontece em qualquer país do Mundo e é outra história.
Conhecerei pior os Estados Unidos do que você, afinal só vivi três anos em San Diego e vi-me embora, mas sei alguma coisita.