13/03/10

Bloco de Esquerda

No meio de uma guerra não se realizam plenários? E se a guerra nunca tiver fim? Será que o plenário alguma vez terá início? Enfim, temo sinceramente que o Bloco de Esquerda esteja à beira de ficar de vez atado aos desenlaces e mecanismos deste tipo de geringonça a que se chama máquina partidária. Se a política é uma guerra então é uma guerra sem princípio nem fim e a democracia não pode ser simplesmente a origem moral ou o fim ideal de um conjunto de batalhas que se vão acumulando. E não me venham com a conversa de que é o Ruptura que faz isto e que quer mais aquilo. Já conto numa mão cheia os militantes que não são do Ruptura, que até ponderam votar Alegre, mas que insistem em levar a sério os problemas da forma e não se pretendem meros soldados dos conteúdos determinados pelas instâncias superiores. Ou é a comunicação social que está a inventar isto tudo e eu é que sou tótó?

11 comentários:

Anónimo disse...

Tens toda a razão, existe muita gente que não milita no Ruptura FER e está em desacordo com o apoio incondicional a Alegre, que nem ficou explícito quando a moção de Louçã e quejandos ganhou, no último congresso.

Temo bem que a Esquerda Grande de que Louçã fala venha acabar com o que o Bloco de Esquerda construiu. A julgar pelas vozes que mais se elevam dentro do Bloco (e fora, na imprensa), este partido está mais que tomado pela social-democracia.

Anónimo disse...

ZNeves- Como dizia o Lénine, a cisão vale mais do que a confusão! Niet

xatoo disse...

até que enfin que alguém com peso especifico dentro da área do partido toma poiçã0 contra o óbvio.
Regra geral enche-se a boca com "democracia" mas quando são precisas posições concretas para o seu exercicio, nicles

Miguel Serras Pereira disse...

Bem esgalhado, camarada Zé Neves.
O que dizes põe bem em evidência aquilo a que eu gostaria de chamar a prioridade da democracia: sem ela, não há conteúdos, por mais radicais que sejam, que não possam transformar-se em mitos de legitimação da dominação hierárquica, da reprodução da pirâmide, da divisão política do trabalho e da divisão hierárquica do trabalho político.
O que se passa é que os partidos de esquerda como se lhes costuma chamar capturam a insatisfação e a revolta engendradas pelas condições quotidianas da existência em aparelhos que impõem a aceitação da subordinação à mesma lógica que declaram combater. Propõem outros conteúdos para o governo em vez de uma outra forma em que o governo fosse exercido pela participação daqueles que vincula - outra forma de governo que se legitimasse não através de propósitos e promessas aos governados, mas da participação destes no seu exercício. O que exigiria outras formas de organização e de luta.
Não é possível construir uma força política alternativa sem esta organização democrática alternativa. E a menos que se transformem nessa direcção, os actuais partidos de esquerda acabam por adaptar à ordem estabelecida a contestação que se propõem animar contra ela. Tornam-se pretendentes ao trono, prometendo ao povo ouvi-lo e fazer vingar as suas aspirações, dar-lhe liberdade e direitos, no caso de o povo lhes dar o voto e o poder de governar (quanto mais poder tiverem, dizem, melhor farão). E assim reproduzem e propagam a ideia de que a alternativa é a do do bom pastor ou príncipe, e não a da autonomia democrática dos cidadãos que se auto-governam dando-se as suas próprias leis e as metas que entendam por caminhos que nunca poderão seguir livremente senão forem eles próprios a abri-los.
Abç

miguel (sp)




Caro Xatoo
subscrevo com muito agrado o seu comentário ao post do camarada Zé Neves (só não estou tão certo daquilo a que você chama o seu "peso específico" na área do BE - ignorância minha, de franco-atirador basista).
Pelos vistos, o combate político, contra a opressão dos oligarcas do aparelho de Estado e dos aparelhos económicos, não implica, para ser radical, o abandono da democracia. Antes se conclui do que você diz que a implica.
Saudações republicanas
msp

Zé Neves disse...

pois, xatoo. eu não sou militante do bloco. sou apenas um eleitor. abç

Jorge Conceição disse...

Eu, com os meus botões: se o óbvio, é óbvio (e só o poderá ser se o for na verdade), porque é que tão poucos o descirnem? E o povo... é uma entidade colectiva de igual pensamento, de igual opção, de igual querer? E se o óbvio não for óbvio para um grande conjunto de gente, não será que falta alguma coisa ao óbvio para poder tornar-se óbvio?

Ricardo Noronha disse...

"Alguém com peso especifico dentro da área do partido"? Acho que o peso específico do Zé Neves anda à volta dos 90kg. Mas posso estar enganado.

Isabel Faria disse...

Para clarificar números, já que a CP do Bloco faz questão de os manipular: dos 53 militantes do Bloco de Esquerda que subscreviam o documento inicial a solicitar uma Convenção extraordinária, 11 pertencem ao Ruptura.
Dos 30 militantes que até ontem à noite tinham enviado o seu nome para pedir a realização de uma Convenção extraordinária, 2 pertencem ao Ruptura/FER.

A CP do Bloco teima em ver fantasmas onde deveria ver alertas.È uma opção política.

xatoo disse...

Zé Neves
eu não tinha a certeza se era militante ou não por isso escrevi "da área do BE"
Sendo "apenas um eleitor" explique-me lá então o que é que fazia na inauguração das Musicas do Mundo em Sines o ano passado com o Francisco Louçã e outros militantes quando o presidente da CMS ex-PCP Manuel Coelho revolveu efectivar a dissidência?
Para mero "eleitor" milita demais, ou foi como eu só à pala do jantarinho?

no hard feeling

Ricardo Noronha disse...

Começo a achar que sou a única pessoa que nunca jantou à pala das músicas do mundo. Et tu xatoo?

zé neves disse...

xatoo,
ena, ena, espírito observador... sempre vigilante...
por acaso não costumo ir a festivais de música com o francisco louçã. o que não quer dizer que deixe de ir por ele lá estar. e vou ao festival de sines há já vários anos. veja lá que até já trabalhei de borla para o festival em duas das suas edições... ainda acha que não tenho direito ao croquete? não me diga que agora é a favor da exploração...