23/03/10

Der Tod des Vaters

Morreu, no passado domingo, Wolfgang Wagnerneto do compositor d’O anel do nibelungo, director do festival de Bayreuth desde 1951. Só em 1966 (aquando da morte do irmão, Wieland Wagner), Wolfgang assumiu efectivamente o controlo do festival (até 2008). O seu famigerado autoritarismo, a par dos conflitos institucionais / pessoais / artísticos com o irmão, com os sobrinhos, com o filho, com meio mundo, têm dado que falar...

De resto, as querelas familiares nos bastidores do festival de Bayreuth (desde a sua reabertura após a segunda guerra mundial) têm dado a sua graça ao dito festival (e contribuído para as vendas) e foram denunciadas, em tom caricatural, num documentário recente de Tony Palmer, The Wagner Family.
Para os que prezam a obra de Wagner e se estão nas tintas para o festival (como para a boina, para o vegetarianismo, para as micoses, e para a sua malfadada família), o desaparecimento de Wolfgang – uma mistura, a julgar pela retrato de Palmer, de Hunding e Siegfred, de ensimesmamento brutal e voluntarismo autoritário – é antes pretexto para recordar outras palavras e outras imagens. Nestas, de Chaplin, é todo um discurso que se metamorfoseia, que ganha um tom emancipatório - por fim, ao som da abertura de Lohengrin.
Sim, o mínimo que se pode dizer é que a política da obra de Wagner dá pano para mangas... Interessa-nos porém os interstícios, a ambivalência, o carácter enigmático das suas óperas.
Foi o neto que morreu. Que morra também o pai... Esta podia ser a divisa de uma micropolítica de Wagner.

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