17/03/10

Os "chumbos" por faltas

É curioso que os defensores da "liberdade na educação" sejam por norma também os maiores defensores do conceito do "chumbo por faltas".

Não deveriam defender que, desde que o aluno aprenda a matéria, o Estado não tem nada a ver com quantas aulas ele vai e a quantas falta por ano (noutros contextos, seriam os primeiros ou segundos a protestar contra o "nanny state"...)? Ou que, no máximo, essa preocupação devia ser da competência dos pais, não? Ainda mais que os tais defensores da "liberdade na educação" também costumam ser grandes defensores da "família".

A minha visão (de alguém que já não é aluno há 15 anos, e que em tempos distantes foi professor do ensino nocturno): se o aluno, faltando, não conseguir aprender, chumba de qualquer maneira; se, mesmo faltando às aulas, ele conseguiu aprender a matéria, óptimo – toda a gente ganhou com isso: ele, que consegui à mesma aprender sem apanhar com os malefícios da arregimentação forçada; o professor, que teve que distribuir atenção por menos alunos; e os colegas, que tiveram menos gente na sala de aula e provavelmente aprenderam melhor assim.

4 comentários:

Filipe Moura disse...

Eu não defendo de forma nenhuma a liberdade na educação, mas acho que esta comparação não tem cabimento.
Quem defende a liberdade na educação defende a liberdade de os pais poderem educar os filhos como quiserem. Ou seja, é uma liberdade os pais, não dos filhos.
O que o Miguel Madeira aqui defende é uma liberdade dos filhos não irem às aulas, algo que não faz sentido. (Um menor não é responsabilizável, e portanto não faz sentido ter essa liberdade. Liberdade tem de vir sempre associada a responsabilidade.)
A não ser que o Miguel defenda que sejam os pais a não quererem que os filhos vão às aulas. Aí, sim, poderá ter descoberto alguma contradição da parte de quem defende a "liberdade da educação". Não é o meu caso.

Miguel Madeira disse...

"Quem defende a liberdade na educação defende a liberdade de os pais poderem educar os filhos como quiserem. Ou seja, é uma liberdade os pais, não dos filhos."

O que em principio implicaria o direito de os pais,se assim o entendesse, autorizarem os filhos a faltarem Às aulas, não? E (repito, para quem aceite essa perspectiva), mesmo que os país achassem que os filhos não devem faltar às aulas, deveriam ser estes a castigar, em casa, os filhos faltosos, não a escola.

CF disse...

A mim parece-me que o controlo presencial faz algum sentido, em algumas faixas estárias. Mas na educação de adultos, por exemplo, não me faz. Tive grandes notas em cadeiras onde não pús os pés, e algumas das presenciais perseguiram-me até ao último ano...

joão viegas disse...

Post completamente errado.

Então você agora pretende introduzir racionalidade na educação ? Não sabe que as duas noções são radicalmente incompativeis ?

Fique sabendo que a palavra "educação", em bom português, não remete para nenhum conteudo positivo. Apenas circumscreve o espaço lexical que deduzimos dever existir quando dizemos frases como "que falta de educação !".

Por exemplo, as crianças que frequentam a escola (ninguém sabe ao certo porquê) caracterizam-se por uma desarmante "falta de educação", de que os professores se estão sempre a queixar - e que os pais também criticam.

Agora quanto a saber o que é propriamente "educação", acho que ninguém sabe. E nunca vi ninguém que fizesse por saber.

Pelo menos em Portugal...