21/03/10

Situacionismo

O João Galamba respondeu a este meu post e disse: “Somos seres situados - situados numa determinada realidade histórica, social e económica. Daí a situação ser...uma fatalidade. Até aqui não há ideologia, só ontologia: limitei-me a dizer que os direitos não são independentes das condições históricas que os tornam possíveis”. Deixo de parte o que se entenda por fatalidade, ideologia, ontologia. E convém talvez recordar o pano de fundo desta discussão: o João Galamba entende que o PCP, o BE, e já agora o Miguel Serras Pereira, fazem propostas que não são “realistas”, independentemente da bondade dessas propostas. E eu volto a lembrar que o argumento do realismo é uma questão de ponto de vista. Sim, todos vivemos numa dada situação, mas não nos entendemos acerca de que situação seja essa e este desentendimento é condição do debate político. Para alguns é irrealista que quem não tem emprego recuse um emprego mal pago e sem direitos; para quem recusa esse emprego é a proposta que é feita que é irrealista. O que é importante sabermos é se o João Galamba entende que existem processos de definição de uma situação e de uma determinada realidade histórica em que a subjectividade de quem define não se implica na objectificação/definição de uma situação. Se o João Galamba acha que essa subjectividade em todo o caso se implica, então não deve utilizar o realismo enquanto argumento no debate político. Postular direitos, sugere o João Galamba, é um gesto idealista… Mas nenhum idealismo é menos material do que aquilo que se idealiza como sendo a matéria…

1 comentários:

Ana Cristina Leonardo disse...

se fossemos todos realistas ainda estávamos na idade da pedra, é só o que me apetece dizer, ontologia à parte...