16/08/10

China - a segunda economia do mundo?

No Blasfémias, escreve-se que a "China já é a segunda maior economia do mundo (..) estão a tornar-se nítidos os efeitos de longo prazo de 2 diferentes modelos económicos: um focalizado a produzir e que potencia o crescimento, outro [Europa] preocupado em (re)distribuir e que gera a estagnação".

O blasfemo LR parece é esquecer-se que, a maior economia do mundo é mesmo a União Europeia, com cerca do triplo do PIB chinês e muito menos população (e que a segunda maior economia do mundo não é a China, mas os EUA).

Pode-se argumentar que a UE não é um país, mas é exactamente aí que eu quero chegar - a China é um país miserável, comparável ao Turcmenistão; apenas parece ser "uma das maiores economias do mundo" porque é grande (se juntássemos todos os paises africanos se unificassem, seria também uma grande economia).

Ou seja, não estamos a ver as diferenças entre dois modelos de crescimento económico mas apenas a diferença entre dois padrões históricos ocorridos há milhares de anos - os germanos eram várias tribos dispersas e quando conquistaram Roma partiram-na aos pedacinhos; pelo contrário, Gengis Khan unificou primeiro as vários tribos mongóis e turcas das redondezas antes de conquistarem a China, de forma que o Império menteve-se inteiro, apenas com outros imperadores. Se a coisa tivesse corrido de forma diferente, aquilo a que chamamos "China" poderia ser um conjunto de países dos quais ouviriamos falar de vez em quando, a próposito de alguma tragédia ocasional.

4 comentários:

Luis Rainha disse...

E a reverência daquela tribo do "Blasfémias" pelo modelo chinês? Ah, grandes liberais de proveta!

LR disse...

Miguel, faça lá as fusões e cisões que entender intra-blocos e crie todos os rankings possíveis e imaginários. Isso não tira que o bloco asiático - mesmo incluindo o Japão em contra-ciclo - está com uma dinâmica claramente superior ao bloco europeu. Isto significa que a vida dos asiáticos, partindo do zero, numa quase escravatura, etc, etc, será cada vez melhor e a dos europeus entrará num porventura irreversível declíneo.

Fernando disse...

"Isto significa que a vida dos asiáticos, partindo do zero, numa quase escravatura, etc, etc, será cada vez melhor e a dos europeus entrará num porventura irreversível declíneo."

Uma análise marxista dirá, contudo, o contrário. O estudo dedicado à taxa de lucro nos países economicamente avançados aponta para a estagnação da mesma - o que é discutível, mas "grosso modo" verificado desde o final dos 25 anos de boom no pós-guerra.

Por outro lado, a China tem assistido a mobilizações sociais no sentido dos trabalhadores ganharem direitos - incluindo o de um salário menos miserável, o que joga contra a acumulação por parte quero do Capital, quer do erário público. O que nos leva, simplesmente, a concluir que vão sair da escravatura e provavelmente trabalhar menos ou ganhar mais. Não há grande margem para milagres.

Sergio disse...

A análise do LR está ao nível dos folhetos informativos distribuídos pelo gabinete de imprensa da embaixada chinesa. Portanto, para os nossos liberais, "a vida" estar "cada vez melhor" na China, é haver mais malta em Xangai a poder comer hamburgueres. Como não se fala de boca cheia, fica também o governo chinês satisfeito. Basicamente, é isto. Para liberais, não está mal.