22/04/10

Ilusões


A novela do pagamento das viagens de Inês de Medeiros a Paris chegou ao fim, toda a gente a conhece, até o taxista mais distraído sabe do que se trata e não vou perder tempo a resumi-la. O Correio da Manhã diz que nos custam 6.000 euros por mês (quem sou eu para acreditar naquele jornal), mas nem é isso que está em causa neste momento.

Devo ser orgulhosa, populista ou outros cem adjectivos que queiram atribuir-me mas, nem que tivesse de lavar vidros ao Sábado na pirâmide do Louvre para tratar dos filhos ao Domingo, eu aceitaria beneficiar de uma lacuna regulamentar em meu proveito, se tivesse sido eleita para o que quer que fosse. Mas adiante porque é outro o ponto a que quero chegar.

A votação acabou desempatada pelo voto de qualidade do inefável José Lello e o PCP não esteve presente, aparentemente por razões circunstanciais, mas tem uma posição sobre o assunto, explicada por António Filipe (à qual cheguei através de jpt). Pura ingenuidade da minha parte porque (ainda!) esperaria deste partido uma posição política e ética, perante o problema e o país, e não uma justificação puramente burocrática e administrativamente correcta.

27 comentários:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Segundo o Correio da Manhã, segundo Inês Medeiros, "A minha satisfação é isto estar resolvido e acabar com esta campanha de enxovalhos e de informação pouco rigorosa."
A mim não me parece que a campanha de enxovalhos acabe, nem que o rigor da informação aumente, por causa desta decisão, pelo que a satisfação deve ser por outro motivo.
Mas não é este o tema directo do "post", mas sim a posição talvez hipócrita do PCP (já agora, o CDS absteve-se, o que não é muito diferente de faltar), de modo que fico por aqui.

Joana Lopes disse...

As posições do CDS são-me indiferentes, Manel, como sabes...

Manuel Vilarinho Pires disse...

Na verdade, as posições de todos os deputados devem-nos ser igualmente indiferentes.
Não sendo os deputados à AR eleitos em círculos uninominais, nenhum eleitor sabe qual foi o deputado que elegeu e a quem pedir contas da sua actividade parlamentar.

Miguel Madeira disse...

Eu sei que deputado elegi.

Miguel Madeira disse...

Já a respeito do caso Inês de Medeiros, a minha opinião:

A partir do momento em que todos os deputados têm direito ao pagamento das deslocações até á sua zona de residência (independentemente do circulo porque foram eleitos),não vejo problema nenhum na solução que foi adoptada (pagar as deslocações da Inês de Medeiros desde que o custo seja inferior ao custo máximo de uma deslocação dentro de Portugal).

Uma analogia – imagine-se que eu era deputado e vivia em Brangança (sendo-me paga as viagens a casa); a dada altura mudava-me para Badajoz, Espanha (suponho que uma deslocação Lisboa-Badajoz seja mais barata que uma deslocação Lisboa-Bragança) – porque me haveriam deixar de pagar a deslocação, que até ficava mais barata?

Joana Lopes disse...

Miguel, Eu, elegi um destes...
Quanto ao caso Inês de Medeiros: é diferente do exemplo que dás de mudança para Badajoz: ela já vivia em Paris quando foi eleita por Lisboa. E, se fosse assim tão simples, não tinham levado meses a resolver.

Manuel Vilarinho Pires disse...

O Miguel sabe que deputado elegeu porque só foi eleito um deputado nesse círculo pelo partido em que votou.
A Joana não sabe quem elegeu.
O Miguel, que diz que concorda com a solução proposta para o problema da deputada Inês Medeiros, tem então a possibilidade de protestar junto da sua deputada, uma vez que o BE votou contra, em conjunto com o PSD.
Já a Joana não tem a possibilidade nem de apoiar nem de protestar porque não tem um deputado na AR.

Anónimo disse...

Joana Lopes e todos em geral: Tem toda a razão no articulado da sua posição- a estrela Inês de Medeiros vivia em Paris e veio " trabalhar" para Lisboa. O resto são desculpas de mau pagador. E o mister Lello- como não lhe custa um cêntimo a prosaica atitude - exerceu o direito(!) de presidente do conselho de administração da AR -decretou o pagamento. A contingência, o arbitrário e a mediocridade totais fizeram valer os seus direitos num fait-divers absurdo próprio de uma " república das bananas " em saldo...Niet

Joana Lopes disse...

Engano o teu, Manel, eu «elegi» uma % de cada uma dos 4 deputados eleitos pelo BE em Lisboa e eles votaram todos contra.

Glória Goulart disse...

Embora isso não esteja claro neste post de Joana Lopes, pode ser que esteja em anteriores,presumo que se a senhora fosse deputada e estivesse investida da responsabilidade formal de membro do Conselho de Administração da AR, teria votado no sentido de nada ser pago de viagens a Inês de Medeiros e assumiria o ónus ético e legal de praticar com esta deputada uma gritante discriminação em relação a um deputado ou deputada que viva em Bragança.
E presumo também que Joana Lopes sustentaria, repito nessa sua qualidade de membro do CA da AR, que, apesar de nenhuma lei a isso obrigar, a actriz Inês Medeiros quando foi eleita devia era ter mudado de residência para Lisboa.
Acrescento só que esta minha última presunção revelaria da sua parte um absoluto desprezo por circunstâncias da vida particular ou afectiva de alguns cidadãos.

Joana Lopes disse...

Glória Goulart,
Se tudo é tão límpido e evidente como parece querer insinuar, por que razão se terá arrastado esta questão tantos meses e terá sido aprovada apenas com os votos do PS? E já agora: porque não foi IdeM candidata pelo círculo da Europa em vez de Lisboa?

Manuel Vilarinho Pires disse...

Joana, à última pergunta sei eu a boa resposta!
Porque se o PS quis colocar a IdeM em "lugar de eleição garantida" nas listas de candidatos, o círculo de Lisboa é o grande balde dos "lugares de eleição garantida".
É onde se fazem eleger muitos dos deputados que são eleitos pelo seu partido e não pelos eleitores.
Se a candidatasse no círculo da Europa, o PS corria o risco de os emigrantes que votam nesse círculo não acharem muita piada à menina que gosta de passar todos os fins de semana em Paris, porque eles provavelmente também gostariam de passar todos os fins de semana com a família em Portugal e ninguém lhes paga as viagens.

Glória Goulart disse...

A Joana Lopes podia ter dito o que agora disse em resposta ao meu comentário, mas, para as coisas serem mais transparentes,custava-lhe assim tanto acrescentar: «sim, Glória Goulart, presume bem» ?.
É que, no meio de tanta conversa, fico sem saber o que a Joana Lope entende que devia ser decidido. Please , diga-o com todas as letras e, se preciso, pontos de exclamação.

Miguel Madeira disse...

Se qualquer algarvio pode ser candidato pelo circulo de Lisboa e vice-versa, porque é que uma parisiense não poderá ser candidata por Lisboa?

Miguel Madeira disse...

Ou outro caso - se um açoriano for eleito deputado pelo circulo de Lisboa, tem à mesma direito ao pagamento das viagens aos Açores; porque razão uma parisense não terá direito ao pagamento das viagens a Paris, que (pelo que ouvi) até são mais baratas?

Joana Lopes disse...

Glória Goulart,
Sinceramente, como não sei de todo quem é, não percebo de onde lhe vem a autoridade para me «mandar» dizer o que quer que seja. Mas não tenho qualquer problema: com a informação de que disponho, teria votado contra o que foi decidido.

Glória Goulart disse...

Arre, que é preciso arrancar tudo a ferros à srª Joana Lopes.
Teria votado «contra o que foi decidido». Muito bem. E teria votado a favor de quê? Que a Inês Medeiros não recebesse nem um cêntimo por deslocações para casa ?
E, tal como há pouco, não desconverse: eu também não a conheço de lado nenhum e não a mandei fazer nada. Até usei o inglês please para lhe pedir que
dissesse O QUE DEVIA TER SIDO DECIDIDO.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Como não sou jurista posso dizer uma asneira sem passar por asno!
Quando se legisla não se podem antever todas as situações que no futuro eventualmente poderão vir a alienar a intenção do legislador.
Poe isso, não acho mal que os legisladores de quando em quando tentem perceber o que resulta da aplicação da sua lei e se há vantagens em refrescá-la.
Neste caso, não me pareceria desajustado o regulamento especificar algo como "pagar deslocações entre a AR e o local mais próximo de entre:
a) o local de habitação permanente do Deputado;
b) o local mais distante da AR do círculo eleitoral onde o Deputado foi eleito.".
Neste caso, a AR pagaria à Deputada IdeM uma viagem semanal ao Cadaval ou à Lourinhã, o que não seria nada mal!

Miguel Madeira disse...

Mas o que a lei actual diz é que, para os deputados que residam em Portugal, têm direito ao pagamento da viagem de Lisboa a casa, e, para os que vivam num circulo que não o local de residência, têm ainda direito a pagamento de viagens entre a residência e o circulo (ou seja, um deputado de Vila Real eleito pelo circulo de setubal tem direito ao pagamento vila Real-Lisboa mais o pagamento da viagem Vila Real-Setúbal)

Podemos questionar essa lei, mas, a partir do momento em que existe, não me parece descabido a siolução adoptada para a Inês de Medeiros.

http://www.parlamento.pt/Legislacao/Documents/Legislacao_Anotada/DespesasTransporteAlojamentoAjudasCustoDeputados_Anotado.pdf

Anónimo disse...

Joana Lopes:Boa tarde! O poder feminino sofreu ontem um ataque soez na Net. Pedro Arroja fechou a caixa de comentários no post- in Portugal Contemporâneo- a anunciar a despedida do blogue e a anunciar um novo. A Zazie, a fabulosa Zazie, " " obrigou " um dos títeres da nova direita portuguesa a mudar de agulha.Acho que isto é notícia...Niet

Anónimo disse...

Caríssima Joana Lopes: Preferi enviar o comentário para o seu post sobre o P.Arroja, umas colunas mais abaixo. Obrigado e desculpe o incómodo. Niet

Manuel Vilarinho Pires disse...

A Srª Dª Glória Goulart parece não entender quando uma pessoa, talvez por pudor, lhe chama a atenção para a sua falta de educação sem lho dizer explicitamemte.
Mas eu vou tentar explicar numa linguagem que talvez consiga entender.
Depois de ter respondido com cortesia à sua primeira pergunta, e de lhe ter chamado a atenção para a falta de legitimidade da sua insistência, a Joana está-se obviamente cagando (palavras minhas, obviamente, e não dela) para o facto de a senhora se sentir integralmemte satisfeita com a resposta dela ou não.
Perante esse facto, que lhe parece ter passado completamente ao lado, a sua insistência, ainda para mais no tom de carroceiro com que se lhe dirigiu, perece patética, e mesmo pateta.
O exercício do interrogatório parece agradar-lhe, mas deve ter em atenção que mesmo o mais estúpido dos torcionários escuta atentamente as respostas do interrogado, ou o interrogatório não serve para nada.
Percebeu agora?

Anónimo disse...

Como dizia o outro, não há nada como realmente.

Os leitores que tiverem acabado de ler o último comentário do sr. Vilarinho onde me acusa de «falta de educação» e de tom «carroceiro», façam o avor de descobrir no que escrevi os fundamentos desrtas acusações :

Eu dise:

«Arre, que é preciso arrancar tudo a ferros à srª Joana Lopes.
Teria votado «contra o que foi decidido». Muito bem. E teria votado a favor de quê? Que a Inês Medeiros não recebesse nem um cêntimo por deslocações para casa ?
E, tal como há pouco, não desconverse: eu também não a conheço de lado nenhum e não a mandei fazer nada. Até usei o inglês please para lhe pedir que
dissesse O QUE DEVIA TER SIDO DECIDIDO.»

E, depeço-me desta crucial polémica:

primeiro: voltando a perguntar apenas: o que acham V. Exas, preto no branco,clarinho como água tintim por tintim, O QUE DEVIA TER SIDO DECIDIDO.(possivelmente uma carta à actriz e deputada dizendo-lhe elegantemente « ora minha senhora,escolha entre a abstinência ou mandar vir o seu marido morar para Lisboa»)

segundo: se muitas de V. Exas, conhecem a diferença entre desabafos e gritos de alma de cidadãos e decisões responsáveis e responsabiilizantes de um órgão da AR que, pela sua própria mnatureza, tem de atender a questões de legalidade e não discriminação.

Anónimo disse...

Um amigo refere-me o «meu» comentário que aí está.Importa que os leitores saibam que o que tinha a escrever sobre o assunto escrevi em «o tempo das cerejas» e em mais nenhum sítio e que portanto esse comentário está falsamente assinado por mim.
Percebo suficientemente pouco de informática para saber como tal é possíve. Mas, desde que alguém há tempos se conseguiu apoderar e apropriar de uma conta de hotmail que eu tinha, já nada me admira.
Bom 25 de Abril para os autores deste blog e para os seus leitores.
Vítor (Manuel Caetano) Dias

Joana Lopes disse...

V. Dias,
Não sei se estou a interpretar bem o conjunto dos últimos comentários porque estou a lê-los todos juntos... na Índia.

Mas o que diz ter-se passado com o penúltimo texto que aqui publicou só pode ter acontecido se alguém conhece ao password com que está registado no blogger - para seu bem, aconselho-o a mudá-lo imdiatamente, não vá o diabo tecê-las e começar a espalhar comentários em seu nome por essa blogosfera fora.
Cumprimentos, neste caso indianos..

Ricardo Noronha disse...

Esta caixa de comentários é que começa a parecer um filme indiano.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Afinal, a "campanha de enxovalhos e de informação pouco rigorosa" ainda não tinha acabado.
Nem acaba hoje!
Infelizmente, e para grande alegria dos populismos, que são tão engordados pelos que os criticam...